Quarenta e oito horas depois regressou ao local do crime. Entrou na cozinha onde tudo começara e deslizou os dedos sobre a bancada de pedra. sorriu no pensamento -aglomerado, não pedra pura ou um bloco como na mesa da antiga casa da sua avo.
ficou nessa paragem, nesse pensamento. ao centro da cozinha da avó uma mesa enorme, um bloco de marmore ja gasto com o uso e o tempo de quem muito nela trabalhou. tinha saudades dessa casa, dessa cozinha. de acordar para um café com leite que bebia ainda em piloto automático antes de encarar o frio da rua sempre a subir até à graça.
encostou-se na bancada e olhou em seu redor. O passaro saltitava curioso fitando-o, o sol entrava pela janela de batente e basculante e visualizou-a diante de si, no espaço vazio, recordou-a de casaco preto comprido, mãos nos bolsos e olhar de desafio, cabelo solto sobre os ombros, esvoaçante, adorava o cabelo dela.
Era angustiante a sua ausência, o recordar de algo tão bom e mágnifico...principalmente porque era uma emoção normal no afastamento, na ruptura, não quando tudo estava bem.
Estava-lhe tão entranhado o ser dela que rejeitava a separação fosse por que tempo fosse.
Controlava-se em não sufocar, em não se angustiar nessa distância, pois em breve, pouco mais de uma hora estariam de novo juntos, e seria presenteado com aquele sorriso triunfante que o domava e enfeitiçava.
como no dia do crime, da cozinha saiu para a sala, comprimentou o cacto que se concentrava na sua fotosintese diaria e sentou-se no sofá.
mais uma vez foi invadido de recordações.
o Calor do corpo dela na sua mão entre as roupas dela, a sofreguidão com que as tirava, as afastava para... sentiu-se a ficar com a taquicárdia que ela lhe dava e afastou a imagem da sua mente, levantou-se e procurou o telémovel.
Encontrou-o no quarto, o terceiro mas não ultimo cenário do crime, involuntáriamente repetia a sequência, cozinha-sala-quarto.
Tinha duas mensagens. Sorriu ao ler a primeira - "não percebi nada da tua mensagem, mandas-me citações de séries que não vi e tás à espera que perceba...se tas com saudades minhas diz logo..."- e riu-se da segunda - "AH! já percebi, és um tarado..."
Estranhou o silêncio na casa, não pelas cadelas que como sempre se comportavam como "gremlins at a pool party", mas pela ausência de música.
Era uma escolha fácil tendo em consideraçãos os seus ultimos pensamentos, Bryan Adams - thought I'd Died and gone to heaven.
Saiu do quarto e parou diante da porta da casa de banho, olhou para a banheira, cenário final onde se desfizeram das provas num longo banho de imersão.
Quando se termina uma relação da-se ou uma angustia porque se vai romper um ritmo, uma ligação até então segura que em principio nos sabia bem, nos aconchegava. por outro lado também se pode sentir o alivio de finalmente não perdermos horas com dialogos idiotas sobre séries lamechas de médicos ou a amiga disse que a outra disse que a outra fez qualquer coisa sobre a amiga que disse que a outra fez aquela coisa que a outra contou.
Em qualquer dos casos com o passar dos dias, dos meses, é chegado um dia em que surgirá o escolhido que irá trazer o equilibrio à força... chegará o dia em que independentemente de ser bom ou mau o terminar da relação sentimos o peso do vazio entre esse dia e o ultimo em que tudo se perdeu, sentimos o peso do tempo, o peso de haver todo um mundo que podia ter sido em comum e não foi, o peso de a gaja ter apanhado uma dst com um badalhoco qualquer e acharmos bem feita ou o ciume de a ver-mos em pequenas coisas que já não partilha connosco ou nós com ela. Acima de tudo há ausência da pessoa e era isso que sentia nesse instante, ausência com o peso de uma longa viagem, e isso preocupava-o e muito.
Afinal se lhe custava tanto assim em tão pouco tempo como seria se terminassem um dia?
caraças, tinha mesmo que mudar de pustura, esta pessimista era uma camisa que começava a picar-lhe no pescoço. Olhou para o rambo "o Cacto", imaginou-o de oculos e camisa florida sentado ao curtir o sol... e era esse o espirito, o rambo tinha razão! chill out and relax...CHILLAX!
Ligou a playstation, entrou na master league, preparou o timão que montara com o porto e deu um tratamento à-lá-marlon-brando no ultimo tango em paris a todos os que lhe apareceram pela frente " e sem manteiga!".
Chegou a casa dele e estranhou ser o irmão a abrir a porta. preparou-se para refilar mas notou a presença dos phones brancos que o ajudavam a entrar na "zona" quando jogava. não a recebeu porque não a ouviu.
Tirou o casaco, lentamente sem fazer barulho aproximou-se e sentou-se sobre ele sem aviso, frente a frente na cadeira.
ouviu o comando despenhar-se no chão enquando ele a puxava e envadia por onde quer que a sua roupa o permitisse, antes de poder falar já este a procurava em beijos atrapalhando-lhe as palavras
- Calma! não me... xiça, deixa-me falar, calma, não me vais receber à porta e agora tás a fingirque gostas muito de mim...
beijou-o, avisou-o que a porta do quarto estava aberta quando o sentiu a tentar desapertar o seu cinto. puxou-o pelo cabelo para trás, sorriu.
- calma, temos tempo e eu não vou a lado nenhum... e vais-me explicar primeiro as tuas mensagens...
lenvantou-se e tirou do casaco o telemovel.
virou-se mas sem que pudesse estrabuchar foi agarrada e levada pelo ar para a cama.
-o que escrevi na mensagem pode-se traduzir por um " Tu Gália, Eu César", agora cala-te e deixa-me fazer o meu trabalho.
Esforçou-se contra a sua vontade para não cair no cliché feminino e deu-lhe uns trinta minutos de descanso antes de lhe dizer que queria falar.
- já podes falar a sério comigo agora? - deitou-se em cima de dele.
- sobre o quê?
- sobre não conseguires falar sobre certos assuntos sem dizeres uma coisa idiota ou a gozar... como a da rainha Egypcia...
- ao pé de ti o cerebro para... eu esforço-me mas ele vai abaixo...
- então não és capaz de ter uma conversa a sério comigo é isso? mais vale desistir de ti? - tentou deslizar o corpo para o lado sem que ele a deixasse
- o que me queres perguntar afinal?
- oh, sei lá... queria que falasses comigo de coisas tuas... fantasias tuas sei lá.
- fantasias?
- sim... fantasias tuas que não envolvam vestires-te de coelho ou a Bonnie tyler...
- bem... tenho uma... acho que nunca a contei a ninguém...
- e vais-me contar!
- ok... estou numa sala de aulas com os meus colegas, e tenho uma minigun, começo a disparar... mas há um gordo que consegue fugir e vou atrás dele com a minigun...
- eu tava a falar de fantasias... eróticas!
- mas eles tão nús na fantasia!!!!!!
2 comentários:
LOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL
sempre bom ler-te!!!!
what a fuckin great punchline. diria sobretudo what a great punch...tendo em conta que aquilo poderia ser um 'murro' na tentativa de conversa de uma gaja eheheheh
uns kilos de beijinhos bem arremessados nessas buxexas
ah e não esquecendo, a música do titulo é a que ainda hoje tenho como toque para a minha santa mãezona.
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