Ando a escrever pouco eu sei.
Talvez por não querer repetir-me tantas vezes - todas elas demais, e dar por mim a escrever sempre o mesmo.
Talvez por não ter o tempo de antes...
ou então...
ou então eu reconheço que me falta a inspiração...
ou uma musa para quem escrever e ser tudo tão menos difícil.
É giro como uma musa se impõe, invade e arranca de mim seja um quadro ou uma frase, um gesto ou qualquer coisa que dou por mim a fazer/dizer/arrepender sem que tenha voto na matéria.
Gosto e desgosto de vazios.
Gosto do vazio quando me sento no alpendre na minha casa ao pé do mar com a Iris silenciosa aos meus pés, eu bebo qualquer coisa quente, ela suspira e fita o mar.
É um vazio de coisas para fazer, pessoas para aturar, de pressas e ... tudo, vazio de tudo.
(e é tão bom...)
Há aquele vazio divino entre notas a que chamam música.
Há aquele que antecede conquistarmos um sorriso, um toque suave de uns lábios quentes de mulher no meu rosto.
Um vazio de qualquer coisa boa que saboreamos quando reaparece depois.
E como isso me preenche...
Mas há também aquele lado vazio que não gosto.
Dentro de quem vejo diante de mim, que oiço e desespero ao encontrar um vazio tão grande de ideias, conteúdo... ou de decote- sempre distrai...
Enfim, vazio de muita coisa que não desenvolvo pois isto é sobre orgulho maternal...
Montámos orgulhosos um gigantesco aquário na sala da minha casa, não só o gozo de algo que fizemos todos juntos- tirando carregar a porra do dito aquário que isso fiz quase sozinho
(quatro gajos de um lado, e eu sozinho do outro...)
Acontece que um aquário precisa de renovar a água - ou uma percentagem desta de x em x tempo.
Para tal é necessário retirar através de uma bomba de sucção parte da água.
Para se iniciar essa renovação há um momento crucial em que é preciso puxar o ar para entrar a água, digamos que é preciso poder de sucção...
Dez cansativos e nada produtivos minutos depois de os meus irmãos e a sra dona minha mãe iniciarem tal operação sem sucesso, eu, que invés de ajudar estava ocupado a presentear-me com um cupccino cheio de espuma na cozinha, ao ver tal atrapalhação digo:
- olhem lá, se o problema é força de sucção... eu tenho o numero de umas amigas...
seguiu-se um vazio de palavras,
seguiu-se o olhar intenso de reprovação
seguiu-se eu sentado no sofá a rir-me deles invés de os ajudar.
continuaram a tentar, apreciei-lhes o esforço e todos os quinze tons de vermelho na cara do baby bro.
tentaram e tentaram.
tentaram outra vez e voltaram a tentar.
olharam entre si em silêncio até que a sra dona minha mãe diz:
- parece-me que afinal o número das amigas sempre é capaz de ser boa ideia...
senti-me tão orgulhoso...
(da piada da minha mãe, não das amigas)
Nota- é recorrente perguntarem-me que música me embalou enquanto escrevia, é recorrente eu não responder.
Hoje estou generoso.
( não fosse o texto tão idiota- quando é que não foi idiota André... - e eu dedicava-o à NI**, como tal agradeço-lhe e muito a música.)
2 comentários:
Epá! as minhas preces foram ouvidas após tantos meses.. FINALMENTE!!!!!!!!!!! :) Obrigada, e tenho a certeza que muitos mais te vão agradecer o apontamento final pois vão sentir a diferença.
E sim senhor, não perdendo o teu estilo tão pessoal, conseguiste ir para o registo pensativo, nostálgico,sem o mínimo perigo do ridículo e banal. Parabéns duas vezes! :)
Beijinho grande e obrigada por arriscares, ou te lembrares ;)
Obrigada pela dedicação. :)
e enquanto li isto fartei-me de rir!
baccio*
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