Sorria à parva, corada, irrequieta na cadeira.
- às vezes surpreendes-me...
- Sou imprevisível... tipo Ninja
- Não sejas idiota.. tu sabes que és e consegues ser querido comigo... tentas disfarçar mas no fundo...
- No fundo quero apenas e somente a tua vagina, é um meio para atingir o objectivo de...
Cruzou os braços sem o sorriso e suspirou
- És tão parvo às vezes
- Às vezes? 20 com 4 horas por dia... 6 dias por semana... que ao domingo vou pá surfada
Levantou as mãos aos céus exasperando - André, depois de hoje, digas o que disseres, podes dizer ou fazer o que tu quiseres... espera... não podes, não é um desafio não te ponhas com ideias! - Suspirou- vá lá...
- Vá lá onde? tu tiveste tanto tempo ao telefone... até tive tempo de desenhar todas as 20 posiçoes que quero fazer contigo porra... até deu tempo para colorir a merda do desenho!
- Vá lá diz-me que sim!
- Sim ao quê?
- Ao que te perguntei...
- O que me perg... Hey! não me batas!! eu não te fiz nada! nem te toquei... nem sequer te olhei nos olhos!
- Juro que me tinhas convencido que até conseguias...
- Oiça lá Madame, eu ter ido consigo ao veterinário
- Na na na não... você não foi apenas... pera... oh no, HELL NO! eu não te vou tratar por você! nem sequer penses nisso, mas adiante... Tu não foste apenas ao veterinário, tu foste tudo aquilo que eu sempre soube que eras e tentavas não ser... foste carinhoso, compreensivo e estiveste sempre sempre lá... e senti que estavas lá para mim, para seres forte quando eu estava frágil e...
- Eu fui porque gosto do teu gato, fui porque tu é que ias a conduzir e comigo o Puskas comporta-se feito macho, fui porque...
- Porque és boa pessoa e gostas de animais, e porque gostas de mim e sabias que eu precisava de ti quando o Puskas tivesse a ser operado pára de tentar ser indiferente! deixas-me tão depressa super orgulhosa de ti e rapidamente consegues deixar-me com vontade de te arrancar os olhos com a colher do café
- Por falar em ficar orgulhoso, reparaste que estavam lá quatro casais com os gatinhos e os cãozinhos e as gajas tavam todas a chorar menos tu?
- É... eu gastei as lágrimas todas a chorar à noite a pensar como é que me envolvi contigo...
- Estavas alcoolizada...
- Não estava!!! para de dizer que nos conhecemos dessa maneira! foda-se que raiva - apontou-lhe a colher do café à vista - os meus pais acreditam que te vomitei os sapatos à conta dessas tuas histórias de merda!!! qual é o teu problema de contares que até foi... romântico
- Qual era a graça disso? diz-me, qual era a piada?
- Qual é a piada de dizeres que vomitei e te tentei dar um beijo depois de vomitar?? qual é a piada de... tás-me a segurar nas mãos porquê? tás-me a fazer olhinhos de bambi porquê? o quê que tu queres agora? eu conheço-te... tu não... ah... o decote...
- Hey! tá mesmo à minha frente, assim exposto... quase como se tivesse a pedir... a implorar...
Deixou cair o peso da cabeça sobre as mãos em desalento. Sentia-se cansada, frustrada e com tendências homicidas. Não lhe bastava ter dito ao seu Pai quando o tinha levado a jantar a casa que o plano era aos 35 anos mandar vir uma russa pela internet que são menos chatas e complicadas, não lhe bastava o Pai ter concordado com a ideia e dizer que se soubesse tinha feito o mesmo, não lhe bastava ter dito à sua melhor amiga - porquê que ele namora contigo?? porque és uma pega! - e ter piorado quando ela lhe respondeu- ele ama-me ok? ele já me disse que gostava de ter uma filha comigo que fosse metade de cada um de nós - ele ter desenhado aquele sorriso cabrão (que a punha quente e o filha da mãe sabia) e ter finalizado o dialogo com - ele quer uma filha metade pega???
Não lhe bastava ter respondido quando lhe disse que estava preocupada com a bolsa (de estudo) ele ter respondido- estás preocupada que não esteja a condizer com os sapatos??
Não lhe...
- Basta! já chega.
Devagar e tensa, apontou-lhe o indicador até o sorriso filha da mãe desaparecer do rosto dele.
Remexeu o cabelo violentamente até peneirar do corpo a vontade de lhe bater com o salto da bota na cara.
- Já tás mais calma? já podemos falar como pessoas civilizadas sem ...
- Ah pera, agora sou eu que não... Não! não vais inverter isto... eu fiz-te uma pergunta simples e directa e tu vais-me responder!
- Tu perguntaste-me se podias fazer uma pergunta, e eu respondi-te - acabaste de fazer!!
Suspirou - posso-te fazer outra pergunta?
- Acabaste de fazer outra vez!!!! heeeey, espera! não te vás embora... ainda não paguei... espera!
Levantou-se e não a deixou partir, segurou-a firme pelo braço e lançou-lhe um determinado- PÁRA!
Rodou-a até ficar de frente para si. Desviou-lhe o cabelo do rosto e forçou-a a olhar para si. Descruzou-lhe os braços e rodeou-lhe as ancas abraçando-a, puxando-a para perto de si.
- Deixa-me...
- Agora fizeste-me lembrar a primeira vez que te afinfei um beijo, ali perto da tua casa, debaixo daquele chorão... meio perdida na folhagem... rodei-te a orelha direita com o teu cabelo... aproximei-me assim de ti - aproximou-se - devagar... a medo... fiz-te isto assim... e depois assim - beijou-a três vezes - e depois... depois comecei a ganhar vontade e medo...
- Medo? já me estavas a beijar... medo do quê? vontade de?
- De deslizar as mãos pelas costas até à segunda parte favorita do teu corpo...
Arqueou a sobrancelha direita - segunda parte favorita? sempre pensei que era a tua parte de eleição... alias chega a ser obsessivo a tua paranóia com o meu rabo... qual é a parte favorita do meu corpo afinal??
- A tua pele...
- A minha pele?
- Óbvio! se não tivesses pele eras nojenta...
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