terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Soa tudo a pouco...


Não podes ficar ai.

Coloca o braço à volta do pescoço da madame, faz-lhe dois comentários baixinho ao ouvido, louva-lhe o vestido azul e lóbulo direito e não te deixes perder confuso com o recheio que saboreias ao deslizar a mão pela sua cintura.

Ela pára diante de ti a meio da rua - consegues ouvir a música?

Dá-lhe um sorriso de troco, sabes que ela dança...

Ignora que já é tarde e havia coisas para fazer, ignora se o passeio é inclinado e se ela se enganou na letra quando a levas a rodar devagar em teu redor.

Aproveita que ela notou que se enganou - se gozas comigo bato-te! - e finge que nem pensaste no assunto, distraído...

Não a deixes cair melancólica quando se lembrar que mais tarde te vais embora, lembra-lhe que tem tanto para fazer e é importante...

O tempo passa depressa mulher.

... e não tarda estamos os dois em setembro, ali ao pé do palácio, tu de vestido preto eu com a camisa cinza...

Deixa que seja ela que te diga que a música já acabou há tempos...

Diz-lhe um firme- eu sei...

...mas tu ainda estás à minha volta.