Não há muito a dizer.
Encosto a porta, deixo-a aguardar que me apróxime de si no centro do seu quarto.
Aproveitamos o silêncio da sua casa onde estamos sozinhos os dois.
Não sei o que a prendeu em mim durante todo este tempo.
Não a faço esperar mais. Tiro os sapatos e vejo-a descontrair os ombros, ela sorri.
Abraço-a, desço para a sua cintura. Sinto-a totalmente imóvel e quieta.
- O que foi?
- Não sei se sei como fazer isto...
- Como fizemos em todas as outras vezes...
Ela responde-me que é diferente e aninha o rosto no meu peito, abraça-me puxando-me para si.
Eu com cuidado, devagar para não estragar... deixo-me deslizar pelas suas costas com as mãos.
Apanho o ritmo à música embalando-nos.
- Não gosto de dormir sozinha, devias mudar-te cá para casa...
Eu riu-me e dou-lhe um beijo no cabelo. Inspiro-a profundamente aproveitando a situação.
- Às vezes sinto falta de abrir os olhos e ver os teus pés na ponta da minha cama. Era bom quando depois do almoço me aninhava contigo e ficava meia a dormir meia acordada enroscada no teu corpo...Ficava quieta, tentando não me mexer com medo que te fosses embora se o fizesse... e cada vez que respiravas eu tentava respirar contigo... ao mesmo tempo... mas não podia dizer nada, dizer-te o quanto estava a gostar e o quanto eram para mim momentos tão perfeitos...
- Eu...
- Sshhhiuu! estou a falar!
- Pensei que estávamos a dançar...
- Também estamos... - encaixou-se outra vez no meu corpo, suspirou
Apertou-me com força.
- Houve uma vez que tu adormeceste ferrado, eu fiquei coisa de uma hora à rasca para ir dar uma mija... mas estavas-me a saber tão bem...
- Romântico...
- E depois acordaste, todo cheio de vontade de me tirares a roupa, de meteres a minha boca na tua boca e eu a pensar que já não era sem tempo... e fui a correr à casa de banho, voltei e estavas sentado na beira da cama. Fiquei meio assustada com receio que estivesses para te ir embora...
- Quando é que foi isso?
- Não me interrompas! onde ia? já sei,estavas sentado na cama... oh meteste a música a repetir? eu gosto do álbum todo pá!... ah... ok, tens razão, esta música é awesome... dizia... dizia que não te foste embora e foi bom, pronto, era isso.
- Mas que raio... tanta coisa a fazeres um crescendo, a desenvolveres o enredo e depois ... assim?
Ela não responde, eu não insisto - mas fico a exasperar por dentro.
Subitamente afasta-me.
- Porra, pera, como é que não me lembrei disto antes!!
Vejo-a correr para a aparelhagem. Fico abandonado e desconcertado. Ganho medo - ela está a sorrir.
- Isto não é propriamente uma ideia inteligente, principalmente para mim que sou uma gaja sensível e...
Deslizou os dedos pelos lábios, fechando-se em silêncio. Voltou para mim com o comando da aparelhagem nas mãos. Tentou abraçar-me.
Recusei e insisti em que terminasse a frase.
- E... tu és tu. Uma besta portanto.
- Ah... e tu?
- Eu? eu simplesmente... Eu amo-te.
Carregou no play, atirou o comando para a cama e abraçou-me com força.
Afastou-se e fitou-me nos olhos, Sorriu e beijou-me à esquimó.
Repetiu baixinho - Eu simplesmente...
"...If I Keep holding out..."
Nota - E três anos depois... o fim.
6 comentários:
E...sentes saudades?
hum... não. Sinto uma certa ternura e a sensação que as coisas tinham que chegar ao fim.
Como te compreendo! :)
Foi como senti quando a minha relação acabou. ERa o caminho a seguir.
E sinto ternura pelo que cresci, vivi e partilhei. A ternura estende-se ao ex, com boas recordações :)
Gostei do teu post.
Da maneira como contaste a história e a naturalidade com que partilhas.
Ohh :)
Gostei....Queria que tivesse sido assim comigo também...
Postar um comentário