Corria há 2 km, veloz, sem dor, sem esforço.
Corria após uma semana sem correr.
No céu, o azul esmeralda escurecia em degradê para o escuro, lua já no alto, começo de noite.
Estava atento às pernas, ao pé, à espera do regresso da dor que não aparecia.
Estava metros do começo da subida para a alameda, debaixo da luz daquele candeeiro que não se acende e fica, indeciso, sempre indeciso.
Venço a inclinação, acelero, ladeado à direita pelo verde da relva da alameda, ladeado pela fila de árvores salgueiro chorão.
Estou a sorrir, vitorioso.
Respiro.
Respiro fundo.
Não estou a sorrir.
Tenho ranho, muito ranho, entupido com muco da garganta ao nariz.
Desespero, nariz levantado ao ar.
Viro o rosto para a direita.
Arrepanho a nhaca espessa, puxo-a das entranhas, vai ter que acontecer.
Infâmia, vergonha, abençoada relva ali ao pé.
Arco esverdeado, enorme, imenso que começa a sua curva final e descendente para o chão.
Foda-se André, foda-se.
Foda-se para o vento.
Foda-se o bocado que me apanhou a bochecha.
Era só isto por hoje, ide na paz do senhor.
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