- Baseado em factos Reais -
Estava Saturado, a dar para o irritado.
Estava bem sentado entre um vento fresco e um não demasiado forte sol.
Estava farto de silêncios simbólicos, carregados de texto e mensagens que lhe competiam perceber.
Mas se não me gramas, se não me queres aturar, sentares-te ao meu colo e dizeres-me o que queres para o natal...
Ou então se me queres em galanteios, tu fazeres de Azteca e eu de conquistador espanhol... Se me queres em surpresas, gestos espaçados do meu interesse...
Romântico...
...
(carnal...)
Sobre os teus Glúte... sobre os teus afectos...
Dizias.
Sabia-lhe bem a vista...
Lisboa...
Disperso ignorava a franja acompanhada de um subtil mas presente decote -nada de exageros, ela não era uma rameira - que o fitava detrás de um par de óculos mosca - estilo italiano, duas mesas à sua direita, mantendo nele a atenção até talvez conseguir uma reacção, contacto...
interacção...
Convívio...
(Funkytime!)
Ou então era apenas um sorriso.
Um sorriso que sem querer ignorava, não tinha paciência, fora demais.
Tanto... fogo de vista, palavras cheias de palha que ele jumento deglutinou voraz...
Tentou voltar ao texto, concentrar-se ignorando que ela, a da franja (duas mesas à direita... atenção ao ler o texto pá!) mordia leve mas lasciva o lábio inferior, deliciando-se no pensamento:
Língua+Haagen Dazs de Chocolate belga+barba por fazer duas mesas à sua esquerda...
Era escusado teimar, teimar em perceber gajas a sul do Tejo e a norte de Torres Vedras ou continuar a ler um livro em que recomeçava o mesmo capitulo pela terceira vez tal a ausência de magnetismo literário.
Fechou o livro, retirou os Aviator (armação preta, graduados) , esfregou os olhos e varreu o olhar à sua volta reencontrando-se com o espaço que o rodeava, as duas alemãs inclinadas no parapeito do miradouro, o casal de namorados a afalfarem-se furiosamente num dos bancos de madeira, os três pombos a curtirem Prodigy (ou Norah Jones...) numa mini rave de ratos com asas...
(pombos a curtirem Norah Jones...)
deslizou os dedos pelo cabelo com a esquerda, arrebanhou os poucos objectos que tinha dispostos na mesa, susteve o gesto ao ser invadido pela suave fragrância de um perfume perfeito.
Primeiro um travo fresco... para cativar, despertar a atenção.
Depois ao saborear e deixar desenvolver o cheiro, um tom quente e sensual - quase orgásmicamente pornográfico- da mistura com a pele elevando a presença dela ao passar por si a meio metro de distância a vários patamares de divino.
(O facto de o rabo dela se encontrar à altura dos seus olhos quando se virou para descobrir como era possível tal perfume, tal impacto olfactivo sobre si não está relacionado com a observação anterior)
Levantou-se para pagar, colocou os óculos escuros novamente apressado e por necessidade, não... não se encontrava encadeado- o sol põe-se do outro lado porra!.
Tinha que olhar
Ca granda par de de calças!! foooood....
Fitou-a de pé, de costas para si diante do balcão enquanto ela pagava, felizmente o negro das lentes permitiam olhar sem ser visto para onde o fazia, era provavelmente o melhor corte de calças - e o tecido parecia ser agradável ao toque - que via em...
eh pa, estava tão feliz que lhe apetecia chorar...
Ligar à mãe e dizer que tinha saudades dela, aos amigos, partilhar a alegria do momento...
Ocorreu-lhe a ideia de esfregar as mãos para as aquecer- porque era um gajo atencioso - abrir as mesmas e colocar uma de palma virada para cima em cada lado da traseira das calças, ficar assim por lá uns longos minutos, sem apertar, sem pressionar, apenas consciencializando-se da forma, densidade, presença, energia e desenho estético do ...
Ela já se tinha embora.
Pagou, recolheu e guardou o troco.
Carteira no bolso esquerdo do blusão, telemóvel no direito.
Ajeitou-se e partiu.
Contornou a fonte, atravessou na direcção oposta à da igreja.
Viu-a entre os carros e a Villa Sousa.
Viu-a patinar primeiro, deslizar depois e por fim entalar o salto entre a pedras da calçada.
Ouviu-a gritar e encolher-se para o pé.
Correu, ajoelhou-se e perguntou
- hey, estás bem? aleijaste-te?
- parti a merda da bota... foda-se...
- e o teu pé?
- o quê que isso - tentou levantar-se - aaaaii
deixou-se cair novamente, desta vez susteve-a com os braços
- espera, senta-te aqui - puxou-a para o que era demasiado alto para ser a soleira de uma porta e demasiado baixo para ser um degrau
- mas sujo as calças todas...
- eh pá, a bota, as calças, não sei se reparaste mas acabaste de torcer o pé!!
Fitou-o ignorando a dor por instantes - tu tens noção da marca e preço destas botas??? TENS?
- Nope... ah... Sapatarias Teresinha?
Suspirou um - homens...
-olha, para mim é importante ok? aau... as botas eram novas... isto doi... merda...
- deixa-me tirar-te a bota e..
- NÃO! - empurrou-lhe os braços - nem te atrevas... não podes, isso não...
- mas ... está a aleijar-te o pé... deixa-me tirar-te a bota para te aliviar e...
- não! nunca! eu tenho vergonha...
- não cortaste as unhas? tens as meias rotas? - desviou-lhe do rosto o cabelo prendendo-o atrás da orelha dela.
- não... oh pá... tu vais gozar comigo...
- gozar? por teres-te aleijado no pé? eu não...
- as meias! vais gozar com as meias...
Colocou a mão debaixo da bota devagar, ergeu-a suavemente e pressionou devagar, com cuidado.
Sentiu a mão dela apertar-lhe o braço, sentiu a testa e a franja por arrasto encostarem-se ao seu ombro.
- Se te estiver a magoar... diz-me...
- eu quero é que a dor se foda! que vergonha!
- eu disse que não... AHHAHAHAHAHAHAHA Pikachu!!!!
- foda-se...
- desculpa, não estava à espera... ahah meias do Pikachu... hey! desculpa, a sério... nem tinha reparado se não tivesses feito um drama sobre o assunto... são super fofas as meias... a sério...
- eu... estou magoada, cheia de dores, parti o salto das minhas botas favoritas, tenho as calças cheias de pó de estar aqui sentada, estou em público com as meias à mostra...
e tu tens o descaramento de me estares a mentir?
- não estou... acho fofo, se te faz sentir melhor... boxers dos tranformers...
- tens umas boxers dos transformers? - levantou o rosto que mergulhara nas mãos em vergonha
-tinha... quando tinha 10 anos...
Desviou-se do estalo, ela segurou-o pela camisa- ajuda-me a levantar...
- Não, não podes, isso tá terrivelmente inchado.
- Mas eu tenho que ir para casa! e daqui ao metro...
-Daqui até onde??? metro? tu não vais descer isto tudo a pé, não vais mesmo com o pé nesse estado
- E qual é o teu plano? diz-me como é que vou para casa?
- Bem... Ou ligas a alguém para te vir aqui apanhar ou deixas que eu te dê boleia...
levantou o tronco, espetando sem perceber o peito na direcção dele, ajoelhado à sua frente. (foi tipo... awesome!)
- Não sei... os meus pais não podem agora... que merda... tá-me a dar uma raiva...
- Hey... não chores...
Calou-se quando ela o rodeou com os braços, abraçando-o, esmagando-o com aquele perfume ninja que o tinha atropelado uns minutos atrás.
O corpo dela encostado ao seu assim sem aviso, sem anestesia ou tempo para respirar fundo, sem tempo para compor o cabelo, ajeitar a camisa, para organizar onde lhe punha as mãos- apesar de já ter pensado no assunto uns minutos antes.
Ficou-se por lhe retribuir o abraço.
- A sério, não queres ligar a alguém? eu percebo que não te sintas à vontade para vires comigo...
Afastou-se e limpou-lhe o rosto molhado com o dedo.
- Não é isso... é que tu deves ter coisas para fazer e eu... e...
- Não tenho pressa... eu levo-te a casa se quiseres.
- E como sei que posso confiar em ti? tu disseste que não te rias das meias... e riste-te.
- Era impossível não me rir!
- Dá-me a tua carteira
- O quê?
- Quero ver o teu B.I., quero ver os teus cartões, vou mandar uma mensagem com os teus dados a uma amiga, se me fizeres alguma coisa já sabem como te encontrar...
Abriu o blusão, retirou a carteira e depositou-a nas mãos dela.
Mexeu e remexeu, tirou cartões, talões e desorganizou a arrumação dos mesmos ao coloca-los novamente dentro da carteira
- Hey tive uma ideia - levantou-lhe o rosto com o indicador no queixo, segurou-lhe os óculos pela haste e puxou-os para fora do rosto dele, tirou o telemóvel da mala - sorri!
- Mas... tu não me tiraste uma foto?!?!?
- Tirei, vai com os teus dados para a minha melhor amiga... ficaste de olhos fechados!! deixa tirar outra...
- Não tiras nada outra tás-te a...
...
... ficou boa esta ao menos?
- Ficou, ficaste bem, agora tira uma comigo, anda cá...
Abraçou-o e levantou o telemóvel, ela ficou a sorrir ele com cara de quem não está a perceber bem o que está a acontecer.
- Mas tu não és capaz de me fazer um sorriso para a fotografia??
- Mas porquê que tu queres uma foto comigo agora?
- Para mostrar, senão não acreditam...
- Não te chega o tornozelo inchado como prova?
- Na na na NÂO! e verem-me as meias tás parvo? vamos embora? ajuda-me a levantar... com cuidado! e apanha-me o salto primeiro... não... AI AI não consigo assim, doí...
- Queres que te leve ao colo? - perguntou primeiro e pensou depois, esqueceu-se acima de tudo de colocar o tom sarcástico na pergunta para esta soar como uma ironia e não como uma proposta a ...
- Quero... mas levas-me com cuidado... e onde é que tens o carro?
- Ao pé da infantil, na rua das carrinhas... ah... 80 metros se tanto...
- Onde?
- Aqui ao pé, na rua das carrinhas da Voz - gesticulou para a direita de onde estavam. Deslizou a mão esquerda para as pernas, o braço direito rodeou-lhe as costas, sorriu - vamos?
- Sim... se tiveres cuidado... e nem te atrevas a insinuar que não podes comigo... se tu me chamas... aaau... meu pé...
Levantou-a sem a deixar terminar a frase, deixou assentar os peso dela nos braços, deixou-a encaixar o corpo e aninhar-se dentro do possível e foi rapidamente invadido pelo pensamento - merda! merda! merda! merda! merda! merda! - mas nada disse, limitou-se a sorrir.
- Isto é giro! és confortável, bora, anda vamos... leva-me.
Apeteceu-lhe atira-la à fonte, ou então aproveitar o miradouro e largar-la sobre o caracol da graça - e vê-la saltitar de cabeça todos os degraus até lá abaixo...
- wweeeeee!, divertido!... olha, espera a minha amiga tá-me a responder
- espero? não posso ir andando? tenho que ficar parado à espera enquanto falas a carregar contigo ao colo...
- Veja lá! estás muito sensível, até parece que sou ... TU NEM TE ATREVAS A DIZER QUE ESTOU PESADA! - e é uma mensagem... não te enerves... e cuidado não me abanes que me doí o pé!
- Não não... nunca... nunca me passou tal coisa pela cabeça...
- Não sejas cínico comigo... e ela diz que és bueda giro, que se eu não ficar contigo ela fica...
... e que quer ser tua amiga no facebook...
... para lhe fertilizares a quinta...
Parou, fitou-a lá bem nos olhos meio em choque meio em desapontamento, apeteceu-lhe larga-la no chão e seguir o seu rumo, meter-se no carro e esquecer toda a situação, o que lhe daria acima de tudo um desejado alivio nos braços...
... mas encontrava-se preso ao seu cavalheirismo e ao poder sedutor do decot... do perfume.
Avançou um passo e parou novamente - agora está a tocar o meu telemóvel...
- Eu atendo! - enfiou a mão no blusão sem o deixar responder se tinha para tal autorização- não me abanes! tem cuidado pá!, é uma gaja... uh... é a namorada?
- é a minha irmã ...
- ah óptim... ok, pronto, irmã e tal... Estou? olá! olha, o teu irmão não pode atender agora... sou uma... amiga digamos, acho que sim, conhecemos-nos há pouco tempo... mas digo-te uma coisa o teu irmão às vezes é complicado... bolas... se vai jantar ? não... não vai, mas ele daqui a pouco pode-te ligar, agora não dá que... NÃO ME ABANES E TEM CUIDADO com o meu pé!! não vês o carro?... insensível... a sério, como é que tu o aturas, ele... ahaha a sério? ahahaha devias ver a cara dele agora! é melhor desligarmos antes que ele me atire para o chão... ah, é que torci o pé... tá a disfarçar o mau feitio com... olha espera um minuto... o que foi agora?
- tu tás a abanar o pé? estás a baloiçar o pé como se eu fosse um baloiço de alpendre??? como se tivesses a palrar ca 'miga ... e tens a ...
- Olha, desculpa, isto tá complicado para falar, tu sabes como é... vives com ele, gostei de falar contigo... pois... eu ponho-o na linha não te preocupes... vá... beijos.
Desligou, abriu o blusão e guardou o telemóvel.
- Adoro a tua irmã... foooda-se medo, isto é super inclinado!!! tu vais-me deixar cair! vamos escorregar e cair e eu vou-me sujar toda!! já não basta as calças que me fizeste sujar... qual é o teu carro? está muito longe?
- O cinza.
- O que foi? estás chateado?
- Eu?
- Não.. o... pera... deixa ver o que estavas a ler - levantou o livro que carregava sobre o estômago conjuntamente com a bota e o salto da mesma e uma mala estupidamente grande - Daniel Mason... - apertou o abraço em redor do pescoço puxando-se para a frente do rosto dele, invadindo-lhe violentamente o espaço privado na curta distancia que deixou da sua boca à dele- olha, eu sinto que é como nos conhecêssemos há anos sabes? como falamos, como me sinto à vontade contigo... não fiques chatea...
- Eu não estou chateado por coisa nenhuma, é difícil concentrar-me em não cair, não escorregar, aguentar o teu peso sem patinar por aqui abaixo...
Sentiu-se a ficar com taquicardia, o cabelo negro solto a encaixar-se e compor-se em redor do rosto dela ali tão perto, aquele perfume filha da puta que o mantinha embeiçado dificultando-lhe o raciocínio e capacidade de memória ao ponto de lhe criar a convicção que o seu primeiro nome em vez de Rui era Vanessa...
Apetecia-lhe enfiar-se língua adentro na boca dela até ela lhe implorar perdão pelos seus pecados, cravar as mãos entre os jeans e carne - não precisando de as aquecer, tinha o sangue a circular a bom ritmo pelo corpo, estava mais do que quente, snifar-lhe todos os poros no intervalo dos decotados seios ao intervalo dos dedos dos pés...
era isso e atira-la rua abaixo a rebolar tentando acertar em ricochete entre a parede e o muro da escola.
Era uma ideia...
- O quê que queres dizer com "aguentar o teu peso?", estás a dizer que estou gorda? que sou pesada?
- Quero dizer que fui ao ginásio de manhã e estou com os braços cansados, quero dizer que é uma posição que não estou habituado a fazer em esforço e... que vais ter que ir po chão agora apoiar-te na outra perna enquanto eu abro a porta do carro...
Fitou-o pouco convencida da resposta, deslizou a perna devagar e lamentou-se uma duas vezes , três antes de por o pé que estava bom no chão.
- Dava jeito largares-me o pescoço para abrir...
- NÂO! eu caio... eu... - encostou-a ao carro e abriu a porta - ah ok... não faças essa cara como se eu estivesse a complicar as coisas... doi-me o pé... tu não tens noção de quanto me doi o pé! Se fosses tu...
Pensou em responder-lhe que tinha feito uma torção parcial dos ligamentos durante um jogo na primeira parte do mesmo... e que acabou o jogo e no dia a seguir estava batido no treino como se nada fosse, limitou-se - se fosse ao contrário bem... não te estou a ver andares comigo ao colo.
- Provavelmente não... eu não costumo ser simpática, tu com o teu ar antipático na esplanada, a leres com os teus aviator armado em mauzão, achei-te super convencido e antipático... se te visse passava por ti e não ligava nenhuma.
- Os oculos são graduados... sol... ler... e explica-me lá o convencido e antipático??
- Não sejas sensível.. caramba... digo-te que olhei para ti e cheguei-te a sorrir, apenas porque.. enfim.. calhou e tu ...nada, nem te dignaste a olhar para... olha, ajuda-me a entrar mazé que estou a ficar com uma quebra de tensão de estar assim de pé
Rodeou-lhe o pescoço com os braços e deslizou o corpo para o banco, primeiro a perna esquerda e depois a direita que lhe doía, ele agachou-se e subiu-lhe perna segurando-a suave e com delicadeza do chão ao tapete do carro, sentiu-lhe a mão sobre o ombro, sentiu-se perto demais, como se acordasse e se encontrasse desconfortável, demasiado próximo de alguém que lhe era estranho, estranho como o desejo de subir pela perna para as coxas e fazer-lhe...
coisas...
Afastou-se e fechou a porta devagar, contornou o carro e viu-a para sua surpresa a sorrir, a sorrir para si, como se aguarda-se a sua presença ao seu lado e isso fosse o importante...
Em vez de se por a compor o penteado e a controlar o saldo e mensagens no telefone.
Entrou, sentou-se e girou a chave.
- Está tudo bem? podemos ir? não preferes que te leve ao hospital??
- Está tudo bem? qual foi a parte do doer-me o pé que não percebeste? e hospital? tás parvo? óbvio que não, preciso de mimos e descanso, não de ir apanhar doenças pas urgências, e... não gosto de médicos...
- Ok...
- O meu ex tava a tirar medicina...
- Ok...
- E agora anda enrolado com uma puta de uma colega que se fazia a ele quando namorávamos... mas eram "só" amigos...
- Ok...
- Olha não me faças essas perguntas agora, que não quero falar disso, leva-me a casa depressa e... melhor ligar o rádio e ouvirmos música...
Ligou o rádio
"...SHE BANGS!! SHE BANGS!!"
- AHAHAHAHAHAHAHA
- Isso é rádio! eu não estava a ouvir isso...
- AHAHAHAHAHAHA
- Se mudares o posto...
- AHAHAHA SHE BANGS!!!
Suspirou, deixou-a cantar, acompanhar a música vocal e fisicamente esbracejando, apontando-lhe à vez com os indicadores em riste na sua direcção.
Venceu a distancia até à morada que ela lhe dera, estacionou.
Contornou o carro e encontrou-a já à sua espera de braços no ar abrindo e fechando as mãos a pedir colinho
Elevou-a nos braços e sentiu-se diferente, sentiu que se reencontrava com ela, como se ambos chegassem a um espaço só deles, ela nos seus braços, e tudo estava bem.
Era-lhe confortável e saboroso, a presença e sensação do corpo
tão perto...
tão real...
tão dolorosamente à rasca dos braços, é bom ao toque e à vista mas tudo tem o seu peso...
Conseguiram gerir a inclinação do corpo com as dores no pé ao abrir a porta do prédio, encostou o corpo na mesma e balançou-se para a empurrar
- espera... é que...
- O que foi? aleijei-te?
- Não... é que tu... trazeres-me a casa, carregares comigo e...
Deu-lhe um beijo no rosto - não agradeças, a sério... - entrou no hall
- olha lá... moras em que andar?
- No quinto, olha eu tenho que te dizer é que...
é que...
... é que o prédio não tem elevador...
Nota - as meias não eram do Pikachu, o andar não era o quinto, e tinha a sua "graça" se dissesse que foi ela que andou comigo ao colo...
... mas é a mim que doem os braços.
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