quinta-feira, 20 de maio de 2010
We Just don't care...
Fecho o livro e procuro-te pela areia até ao mar.
Uma onda rasteirinha percorre vários metros dos teus tornozelos até se arrepender e voltar para trás...
Vejo-te avançar, saltar e mergulhar.
Vejo-te desaparecer e reaparecer, deslizas ambas as mãos pelo cabelo molhado, sorris e dizes-me adeus.
Viras-te de novo para o mar e mergulhas outra vez.
Deito-me e espreguiço-me na toalha, viro-me de costas para o sol.
Vinco os dedos dos pés na areia, descarrego o peso do corpo na toalha.
Sinto os poros da pele absorverem o calor, deliciarem-se num- oooh yeeaaah baby - silencioso.
Ganho um embalo sonolento... podia desmaiar agora de prazer e preguiça.
Respiro devagar... demoro-me e o mundo à minha volta abranda...
O vento nas dunas...
O embalo ritmado do Mar,
O Silêncio aveludado a desligar-me gradualmente das vozes ao meu redor
E penso no teu cheiro...
E preparo-me para me deixar adormecer...
E grito como a princesa que sou quando te deitas molhada sem aviso sobre mim.
Refilo, esperneio, mas sinto as tuas curvas contra as minhas costas, o teu peito... o teu corpo, esse teu jeito de te colares densa a mim.
Ofereço-te pouca - ou nenhuma- resistência.
Viro-me para cima e ofereço-te a boca que tu beijas duas, seis... já não sei quantas vezes.
Deslizo pelas costas da tua excelentíssima pessoa com a mão, embalado para invadir o teu bikini chita.
Pressionas o ventre contra mim enquanto lanças o desafio - atreve-te a meter a mão...
Eu sei que se me arriscar ficarei impossibilitado de me levantar por uns minutos, sei que dás facilmente cabo de mim só com as orelhas...
Hesito...
Sorris vitoriosa...
Vou a jogo.
Aperto-te com a mão firme mas sem estragar...
Encaixas-me em ti com as pernas... e eu no meio... as tuas costas... arqueiam.
Oh merda...
Beijas-me no rosto, gemes, beijas-me lasciva - Parece que alguém acordou... queres ir passear à beira mar?
Respondo-te derrotado que não, digo-te que valeu a pena o sacrifício e que fazia tudo outra vez.
Deslizas o corpo para o lado do meu.
Encostas a cabeça entre o meu peito e o pescoço.
Rodopias o indicador na penugem do meu peito.
Suspiras-me o desejo por um gelado de chocolate... nem em cone, nem em copo... queres comer da minha boca.
Empolgas-te com a ideia...
- o chocolate assim pelo teu peito - dizes-me com a ponta do dedo mostrando-me por onde querias lamber.
Arrepio-me ao ouvir na tua voz a mudança do tom melódico, suave e carinhoso para um intenso e agressivo - não ofereças resistência... é inútil.
É uma imagem que se entranha num misto de medo e excitação...
Sentas-te e o sol desenha-te a sombra diante de mim.
Arrisco-me à cegueira, mas teimo em te saborear... oh Madame... que imagem... que curvas, que rosto, que cabelo! caramba quero snifar o teu amaciador, quero snifar-te da nadega direita ao mindinho da mão esquerda...
Suspiro-te.
Dizes-me para me despachar a vestir.
Eu respondo-te que é só calçar o dedão nos chinelos e vestir a camisa com que embirras... Secretamente acredito que é a inveja que te atiça a embirração com as flores da minha mágnifica camisa havaiana.
Chapéu, toalha, camisa e chinelos. Chave do carro e estou pronto para ir.
Dou por mim atulhado com as tuas coisas, os sacos, os livros...
Penso em agradecer seres generosa e levares os teus chinelos na mão até à passadeira de madeira... vou para te agradecer o gesto e perguntar se não queres que os leve já que vais tão carregada quando me puxas pela mão
- Anda cá, anda comigo... não fujas.
Silencias-me o sarcasmo com o entrelaçar dos teus dedos nos meus.
A tua cabeça que descansa no meu ombro... já agora, por falar em ombros...
Essa tua alça descaída...
O teu ombro desnudado...
Assim como se estivesse a pedir...
Não é justo, é jogo sujo mulher!
Paro-te para te beijar...
Afalfar...
Inspeccionar...
No fundo tentar arranjar uma desculpa para te morder o ombro em público...
Sentir-te o sabor da boca...
Dizes-me a meio de um beijo que tens pressa, que tu queres mesmo é ir comer.
...
Os vidros do carro abertos, o vento esvoaçando-te o cabelo negro para longe do rosto, os teus pés no tablier... (apetece-me lamber-te do tornozelo esquerdo ali mesmo à minha frente até às tuas covinhas nas costas... percurso opcional)
Os teus dedos despenteando-me o cabelo sem que dês a esse teu gesto muita atenção.
Os óculos escuros que te deslizam para a ponta do nariz...
Tu a primeiro plano, são torpes... a areia e o mar a segundo...
E eu preso no sabor da tua pele salgada...
Esponjas-te na cadeira da esplanada como se estivesses rainha no teu trono.
Colocas a carne nua da tua perna sobre a minha, reclamando-me como tua propriedade.
Fico descoordenado a comer o meu gelado ao reparar-te no decote, no teu jeito de quem nem se sequer se esforça ou repara o poder sexy que emana mesmo lambuzada com gelado de chocolate à volta da boca... chocolate no vestido... na cadeira... e também no cabelo, dizes-me que é um dom que tens, comeres assim um gelado... feroz e intensa.
Eu digo-te que és mesmo é uma granda porca a comer.
Finges-te de ofendida e beijas-me... ou melhor, javardas-me a cara misturando o meu precioso gelado de café e morango com o teu chocolate com chocolate com chocolate e chocolate por cima.
Dizes-me para não ser menina e não fugir de ti e ...
E vejo-te esbugalhar os olhos, vejo-te corar... vejo-te sorrir traquina...
Atiras-me o teu ar de colegial arrependida... e...
A minha camisa...
Com gelado...
- ups...- dizes-me sem disfarçar o prazer que te deu o... "acidente"
Tens o descaramento de te rires à gargalhada.
Tens a lata de arrepanhares- e piorares a nódoa - com a ponta do dedo atirando-me um - não vamos desperdiçar este magnifico gelado de chocolate...
Sinto-me moído sentado no sofá enquanto te espero... ó tu que te demoras tanto no banho, podias ter ao menos levado-me para fazer companhia já que ias demorar tanto tempo...
O corpo dorido mas acordado, fresco de um duche - é uma cena nova que inventaram, devias experimentar
E aguardo por ti.
O jantar que te cozinhei aguarda por ti ali no meu alpendre, vista sobre a praia, a lagoa... o Sol que se vai por para ti no mar...
Isto se te despachares na porra do banho...
Oiço-te percorrer o corredor até ao quarto, vejo-te por segundos envolta numa e apenas uma toalha e penso em seguir-te ao quarto, secar-te bem esse cabelo...
Sim, o "cabelo"
Primeiro devagar depois intenso, depois do outro lado, depois como te apetecer e o acaso nos levar... por cima, por debaixo...
Secava-te esse cabelo todo...
Oiço o secador estragar-me a fantasia.
Oiço o ar deslocar-se quando finalmente abres a porta e te apresentas ...
oh... mon... dieu!
Vejo-te e converto-me, rendo-me e entrego-me, quero-te e quero-me em ti... quero-te ao meu colo, quero-te nos meus braços, quero-te sobre mim quando nos deitar-mos na rede do alpendre e ficar contigo ali ouvindo-te respirar e a fazeres barulhos cómicos com o estômago.
Nós a rirmos à toa com isso.
E ficarmos ali em silêncio outra vez...
Confesso... confesso que fiquei todo contente quando sorriste perante o jantar que te preparei, por coincidência era apenas e somente o teu prato favorito...
Até te descarocei umas uvas para a tua sobremesa...
E ris-te e fazes-me sorrir, e falas e o teu ombro que tão bem enquadra o teu pescoço - não sei para quê que compras roupa com alças se estão sempre fora da posição - chama por mim, o teu cabelo solto chama por mim, o teu corpo chama por mim, o teu mindinho esticado quando inclinas o copo à estivador numa tasca em xabregas chama por mim...
Esse teu sinal do lado direito do decote chama por mim...
O lado direito do teu decote é um dos dois melhores sítios para morar em Lisboa...
Sendo o outro o obviamente o esquerdo, ambos aconchegantes...
Acolhedores...
e com uma magnifica vista...
E o tempo voa...
E consigo fazer-te rir, explodir numa gargalhada que me sabe a vitória.
E vejo-te corar com uma insinuação mais arriscada sobre a minha língua na tua boca... Mordiscas o lábio em resposta e dizes-me:
- prometes?...
Sirvo-me, e sirvo-te dividindo o teu tinto preferido.
Sento-me ao teu lado no sofá de verga, o entrelaçado geme e tu fitas-me em silêncio suspeito... malicioso olhar que deitas quando levanto o comando da aparelhagem...
O piano entra e procuras reconhecer a música que pus a tocar para ti, tu estranhas... a voz quente entranha e soltas uma palmada da tua mão livre para o meu braço - John Legend!... André... estás a tentar seduzir-me??
Molhas os lábios e aproximas de mim o teu corpo, o perfume.
Sinto o calor de um dia de sol, o fresco de um banho que te limpou a areia mas não o sabor da pele - menos salgado, mas com mais ou menos sal sabes-me sempre a tempero perfeito.
Levo a mão ao teu cabelo desviando-o do teu rosto.
Beijas-me a mão e oiço o vidro do teu copo encontrar suavemente o chão.
Sinto a tua mão arrebatar da minha o meu com ainda muito por beber e vejo-te colocares o copo lado a lado com o teu.
Cantas baixinho entre um sorriso a música que flutua para nos embalar
" we just don't care... we just don't care... we just don't... lets make... love!"
Rodas para mim o tronco, ombro primeiro, rosto depois.
Não queres desculpas nem rodeios, queres-me de mente e corpo e queres agora não depois.
Queres que a camisa se abra depressa, e depressa ela se foi.
Queres que diga o teu nome, que te amo que te vou fazer coisas agora e pensar no assunto depois... depois do sol nascer amanhã para fazermos a dose dois... a dose cinco, seis, a dose já perdi a conta e já é hora de almoço lanchamos sobre o assunto e retomamos o tinto depois de depois de depois de amanhã...
Nota -Imaginar horas a pensar em gelado de chocolate e depois nem teres um supermaxi no frigorífico para aplacar o desejo...
Fica a música e um grande bem haja ao John Legend.
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Um comentário:
Só tenho a dizer que vale a pena ficares com a água na boca e não matares esse desejo.. de chocolate :)
Genialmente sedutor. Adorei!
Obrigada por arriscares :)
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