sábado, 20 de setembro de 2008

Direito de Resposta Cavalheiro...



Meu grande estupor...

tempo é coisa que não tenho, é algo que como tu me foge pelos dedos...
preferia o teu cabelo nestes, puxa-lo, despentea-lo, cheira-lo como se não houvesse amanhã.
é quase como se um de nós tivesse que perder esta guerra... e eu preciso de ti seja como for.

porquê que vieste aqui?

fizeste-me gritar contigo... tive uma péssima actuação, tão distante da pessoa de classe que te habituei.

tirando obviamente em situações onde criatividade, empenho e pulmão são mais valias, não propriamente portar-me como uma senhora.

seja como for é uma resposta à tua carta, ao teu tango a Bella Charis, não esperavas que o fizesse pois não?

acho que prefiro cair sozinha, sempre te manterás de pé espero, não eu que sem ti...
desvaneço-me, sou ninguém.

mas vamos à resposta que é para isso que estou aqui a escrever... depressa, mal e porcamente.
porquê adiar o assunto mais do que tenho adiado?
será que tenho a tua atenção agora?
será que agora que nada temos...
nem sei por onde pegar no bicho e tu não ajudas.


serás tu forte?

ou serei apenas eu fraca demais e tu preenches esse vazio na balança?

queria ter opção diante do meu rosto, um teste fácil de sim ou não.
preencher o nome, dizer aquilo que sinto sem abrir a boca - para não me sair asneira- e sentar-me ao teu lado, encostar-me e...
deixar o tempo passar.

estou a ser lamechas, mil perdões.

e ainda nem comecei a dizer o que ando à tanto tempo a organizar para te responder.

há aquela ideia de nos maus momentos, quando nos arrancam algo que gostamos de dentro, todo esse espaço... esse nada que se expande até não sabermos como o suster, é algo onde podemos colocar o que quer que nos apeteça lá meter...
é o teu lado positivo de falar das coisas.
acho que já perdi a ideia do que tinha para te dizer uns bons minutos atrás...
acredita, podes confiar em mim, era um texto arrebatador.

ias aplaudir-me em lágrimas, tombar aos meus pés, escrever-me odes de louvor, pintar-me quadros e ... espera um pouco...

já fizeste isso.

esqueci-me desculpa.

mas que era um bom momento para o português era.
tinha um começo vibrante e que te enredava, suspenso, linha após linha, palavra atrás de palavra...
uma piada para desanuviar, umas três ou quatro citações literárias, um verso da Tracy Chapman para dar ambiente, e no fim...
a minha esperada declaração de amor...

pena que me desorientei...

mas eu sei que ainda estás ai a ler, caramba, eu sei que estás sempre ai atento.
dizia-te que não quero mas mentia,
e mentir-te não sei.

Gostei de estar no teu quarto outra vez.
(apesar de estar deliciada por estares a dormir agora no meu)
ver aquelas duas telas brancas no chão ao lado do cavalete, à espera, aguardando que te levantes a meio da noite como sempre, as possuas desesperado por aplacar a ideia que te invadiu... que te tira o sono e que tens que ver real, no cheiro a tinta, nesta no teu cabelo e roupa, naquele teu sorriso cansado mas vitorioso de quem se superou.

gostei daquela tua piada quando entrei... simples mas sacana, como tu meu caro, como eu e tu...
como se aquele instante fosse encaixado noutros anos antes e tudo estivesse emocionalmente igual.
e eu não me sentisse assim culpada... preocupada... perdida.
aquela merda que me fazes, de olhares para mim em silêncio, espectante... eh pa... odeio.
corta-me fundo e destroça-me.
pára com isso... fico sem saber o que fazer... o que te dizer, o que ser diante de ti.

pára porque eu quero demasiado isso...
tenho medo que não seja real.

também não quero ser do tipo de pessoa que se apaixona, que se entrega cega e acha que está tudo bem.

não me apaixonei porque isso implicaria um começar a gostar, quando desde o nosso primeiro instante - quando te dei um pontapé sem querer - estava tudo certo e perfeito, eras tu e eu e mais nada, só os dois no mundo... ok... os dois e a porcaria do porto na liga dos campeões...
as vezes que reli a porcaria da tua carta, confesso que tem o seu estilo retro, carta amorosa é old school, abrires-me a porta para passar também... como se eu não soubesse que invés de educado tu aproveitas para inspeccionar o corte das calças de ganga... a qualidade do tecido no corpo...
tu só pensas nisso...



gostava de amanha acordar ao teu lado mas no teu quarto.
podias estar a rossonar como o porco que és quando dormes, mas estares ali ao meu lado.
olhar para o cavalete - onde glorioso se encontra há muito aquele quadro gigante que pintaste de mim - e ver ao lado deste não duas telas brancas mas; caprichosa e egoísta, quiça eu mesma...
nestas encontar um sorriso teu para mim, um galanteio...
até pode ser um pato desenhado a lapis de cera, um circulo com tracinhos a fazer de sol sobre uma casa quadrada com a chaminé o avião com as asas de lado...
desde que me diga de alguma forma que ainda está ai, que ainda estou ai no que sentes.

não é obrigatório ser obviamente eu como nos outros.

e sinto-me tão culpada...
e mesmo assim tenho estes caprichos, estes pedidos e... preciso de ti...
e tu...dormes meu boi.
tu tás aqui como se tudo estivesse bem, como se não fosse nada importante, como se não percebesses o medo que tenho de ao acordares... não me reconheceres, não me quereres... e pintares o pato para outra qualquer.
como aquela vaca gorda que se pos a rir para ti no café... sou invisivel? não me via sentada ao teu lado? bem feita que eu tava de decote e tu não desviaste dos meus olhos a atenção um segundo - sim, nem eu acredito nisso, continuas a só pensar nisso... és horrivel!

já tenho sono e não consigo escrever como devia, queria e até pensei em o fazer.



se soubesses o texto fantástico que preparei...


dirias-me - por ser em vão é que é belo...

sim, há uma beleza nos gestos que não mudam nada, que para nada servem como esta porcaria que te escrevi, mas foi sincera... acredita que saiu com a ternura de quem te berrou mas está muito arrependida, quem te bateu e se aleijou - partiste-me a mão com a cara...

enfim my love...


da tua

Sra dona Bella Charis




P.S. - sim, isto não ia acabar quando era suposto...
mas já agora, e como eu te amo loucamente e só te quero bem...
atreve-te a pintar o que quer que seja que não seja de mim ou para mim que vais ver onde te enfio a liga dos campeões, o Lisandro Lopéz e o cavalete...