sexta-feira, 27 de abril de 2012

La Mariposa

E sobre a casa reinou o silêncio.
Meio em respeito, meio surpreso... totalmente pleno de prazer.

Subia e descia meu pé, ao ritmo.

A música sobe...

"o que me doí
que me esqueças,
se pudesses ver o quão triste...
se para teu bem partiste...

E eu dou por mim com um enorme sorriso


para teu bem tenho que te perdoar."









E alguém ao meu lado liberta a tensão com um - LINDO!!!!


Calhou, fora um acaso, nós prendados com algo tão... dor de cotovelo... mas tão mágico, de ouvir, de dançar.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Tu é que perguntaste... - Ruivas

Perguntam-me no que estou a pensar, eu respondo:

-Às vezes sinto o ímpeto, o impulso e chamamento de largar tudo e voltar para Buenos Aires.
N'outras alturas é mais Irlanda, Escócia... prendar-me com aquelas paisagem de cortar a respiração cheias de verde...
Arranjar uma Ruiva e tornar-me pastor de ovelhas... já tive duas ruivas no meu passado, uma era francesa, a outra era de Gondomar.

Podiam ser três Ruivas mas a terceira era um bocado racista... e baixinha, se tivesse os pés grandes podia ser um Hobbit...

Ainda dentro do tópico já viste o novo trailer do filme brave? heeeey porquê essa cara? tu é que perguntaste!!!



terça-feira, 24 de abril de 2012

Paixões.

Eu sempre fui um homem de paixões.
Gosto -como toda a gente presumo -de juntar algo que nos sabe tão bem com outra coisa que adoramos.
Como uma tarde solarenga a beber Mazagran no alpendre a ver o mar com a cadela a ressonar aos nossos pés.
Como ganhar ao fifica no estádio da lu... no salão de festas do Porto em Lisboa e ser campeão...
Como dançar tango com a mulher por quem nos apaixonamos e entrar o nosso tango favorito...

Ou juntar o nosso gosto, a nossa grande paixão pela magia com o entusiasmo que sempre tivemos pela ginecologia...

Que infelizmente a Ex não achava grande piada...

...ficando chateada comigo quando a meio do sexo parei para lhe perguntar se era aquela a carta que tinha escolhido...


Nota - é algo que magoa, uma pessoa numa relação e a outra não respeita as nossas paixões, não nos aceita como somos...

... E eu ainda não tinha sequer tentado o coelho ou a pomba - isso sim, era awesome e de valor... o bicho não ia ali para dentro propriamente bem disposto...

Ou os panos coloridos sem fim a saírem da...


Estou triste.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

La Ilusión que me condena...

Pior do que não saber o que faço, é ter uma ideia do que acontece.
Podia afirmar que era uma questão de organização, compartimentação das coisas.

Um pouco anti natura em mim, confesso.

Mas não é como o desejado, uma ilusão que me guia, que me motiva, orientando, motivando.

É uma ilusão que me condena, como na música...

"La siento llegar, la siento pegar,
Me provocará, me atrapa una vez más.
La ilusión que me condena,
La ilusión que me condena..."


Mas... porque eu sou eu, vejo-a chegar, vejo-me chegar.
Afinal, eu sou a ilusão que me condena.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

E agora que penso nisso...

Tinha 4,5 anos, estava de férias na Costa da Caparica com o meu pai e a minha irmã.

Recordo-me de no verão anterior já ser apanhado por Dire Straits e ouvir o álbum Alchemy vezes e vezes sem conta.

Óbvio que com 4,5 anos não percebia um cu de inglês e cantava o que me parecia foneticamente ele ( o Mark Knopfler ) estar a cantar sem fazer ideia do que dizia.

Ouvia a Romeo & Juliet, quando a música chegou a esta parte:

"I can't do the talks, like they talk on the TV
And I can't do a love song, like the way it's meant to me
I can't do everything, but I'll do anything for you
I can't do anything 'cept be in love with you
And all I do is miss you and the way we used to be
All I do is keep the beat, and bad company
And all I do is kiss you, through the bars of a rhyme
Juliet I'd do the stars with you, anytime...

Senti que estava a descobrir qualquer coisa de diferente, de mágico...
Mesmo sem perceber a letra,


E agora que penso nisso... estes anos todos depois...
















Lembro-me de perguntar ao meu Pai - isto é bonito, o quê que ele está a dizer?
O meu Pai traduziu-me, simples mas correcto, sem trabalhar muito as palavras para não me ser complicado entender e ... caramba, desde então, todos estes anos depois é algo que carrego comigo, não só a memória desse instante, como o conceito de gostar assim de alguém...




E agora que penso nisso... estes anos todos depois...


















Podia partilhar que ainda tenho a Cassete dos Dire Straits que escutava vezes e vezes sem conta - Cassete com coisa de 27 anos...
Podia falar desse momento que guardo tão novo, sentado ao sol ao lado de meu pai- eu tinha um awesome chapéu à cowboy de palha com que andava para todo o lado...

Podia...

Mas agora que penso nisso... estes anos todos depois...


















Nota -  You and me babe... how about it?... ou então eu queria mesmo era uma desculpa para meter aqui a foca.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Sobrevivência

Pergunta-me o meu Pai - mas tu agora vais correr todos os dias porquê?? vem ai o verão e queres ficar bem no bikini?

Eu respondo- é uma questão de sobrevivência meu Pai, sobrevivência...

E depois expliquei-lhe...

Eu tinha feito uma piada qualquer insensível e fora de tempo e ela estava chateada comigo.
Recusava-se a confirmar se íamos estar juntos na passagem de ano e quando no dia 25 de Dezembro o pai dela me desejou umas boas entradas...

Eu respondi - boas entradas? depende da sua filha. que ela tem um mau feitio do caraças...

Acontece que toda a gente levou as "entradas" para o lado sexual da coisa, se já estava chateada comigo... pior ficou.

(foi mesmo um acidente verbal...)

( Infelizmente porque a cara dela naquele instante... fazia tudo outra vez)

Umas semanas mais tarde, eu tinha voltado a dizer qualquer coisa insensível e idiota enquanto estávamos nos Pasteis de Belém com os pais e um qualizião de primos dela.
Caminhávamos pelos jardins de Belém e ela recusava-se a perdoar-me por mais que lhe fizesse olhinhos de bambi perdido na floresta à procura dos pais...

Suspiro após uma frustrada tentativa e digo para o pai dela - ver se não me esqueço de quando for ao supermercado logo à noite... comprar palha para o porquinho da índia, biscoitos e chocolates... Palha para acalmar o roedor... biscoitos para acalmar a cadela e... ( foda-se André...) e chocolates para acalmar a sua...

Não acabei a piada, arranco a correr com a filha no meu encalço.

Eu sou rápido, muito, sempre o fui.

Mas Ela está em forma, eu não.

Ganho-lhe 10 metros no arranque...

Ela ganha-me na teimosia e resistência.

Começo a fraquejar nas pernas e Ela a ganhar terreno, em desespero começo aos S's, ela não vacila, aproximando-se cada vez mais...

(T-1000 mas com decote...) 

Olho para trás, vejo-a sorrir na iminência de me alcançar e sinto-lhe o pé pelo meio das minhas pernas.

Espalho-me.

Ela nem sequer estava suada...

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Nota Pessoal:

Da próxima vez que for a conduzir e tiver 3 mulheres comigo no carro quando passar por cima de um pedaço de cartão no meio da estrada... e elas perguntarem - o que foi isto?

Ver se tenho o cuidado de não responder - foi um gato que se atravessou ...













É que depois é uma merda para elas pararem de chorar...


E um gajo tem que voltar para trás com o carro e mostrar o pedaço de cartão amolgado...


E depois sou um "monstro" e "não me toques"  e a Mariana sentiu-se mal e o André é que teve a culpa...


Gajas...

terça-feira, 17 de abril de 2012

Armadilha gay

Subimos as escadas rolantes diante das bilheteiras do el corte inglês, viramos à direita e avançamos... eu na direcção do Uncharted 3, ela para ir à L'occitane - que muito a ofendeu eu não fazer a menor ideia do que era ou onde ficava - comprar uma porcaria qualquer para a pele, confesso que sem ela naquela secção ia dar por mim perdido... mas adiante.

O corredor fica bloqueado por um casalinho gay - dois gajos de encharpe e andar afectado, vestidos de trajes totalmente à-lá-fashionista.

Não, não é preconceito, eles estavam de mão dada porra.

Desvio-me para a esquerda quando eles param e se curvam para ver o preço de uns phones para passar pelo espaço livre na sua retaguarda...

Ela segura-me pelo braço e diz: "não André, não vás por detrás... é o que ele quer... é uma armadilha!!!!"

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Believe you me

Vamos por partes:

1 - O Eddie Vedder rula

2- Antes dos Pearl Jam - melhor banda da actualidade, ponto. - O Eddio fez  parte com a sua awesomeness de uma banda chamada Bad Radio, com a qual criou a música Believe you me que o vosso mais que tudo (eu ) adora e passa a vida a cantar.





Acontece que... sem a música de fundo, sem conhecerem a música...

Por melhor que eu cante vai sempre soar algo como: BEEEEeeeeAaaaaliiiiiiiiive YooooooooooooooooooUUuuuu MEEEEEeeeeeeee... Ooooh I doooo Baaaaaliiiieeeve...

Era desnecessário quando tinha a música a tocar na aparelhagem a minha mãe parar-me à porta no quarto e dizer: - aaah, afinal era essa a música... já há uns meses para cá que andava a ficar preocupada contigo...cantas mesmo mesmo mal porra.

Desnecessário.

sábado, 14 de abril de 2012

Seduzido

Devido a limitações de guarda roupa- porque aqui o André até põe a roupa para lavar de vez em quando - vi-me obrigado a, e segundo a observação de terceiros, vestir-me à-lá-catalogo da colecção de roupa outono inverno do el corte inglês.
Tipo isto...




O problema foi que como na imagem, eu tive que vestir umas calças claras quase brancas...
E hoje choveu imenso... e eu não parei o dia todo.
Mas eu como Deus homem na terra que sou, no final do dia de trabalho encontrava-me como sempre... Impec.

(impecável)

Sento-me para jantar, bife com molho no capricho, batatas fritas...

Sinto a pressão quente sobre a perna direita, o suspiro canídeo de quem me ama muito e com força...
Deslizo uma batata sem ninguém à mesa perceber que cedi ao charme e sedução da cadela...

A cadela engole a batata sem mastigar e espirra-me... para as calças...

Chamo-lhe puta entre dentes e cometo o erro de olhar na sua direcção...

Aqueles olhinhos...

Olho para o meu prato, uma tira bem ensopada de molho é retirada pelos meus dedos e colocada diante da boca do irresistível animal...

Acontece que a cadela é um Sharpei, aquilo é pele a mais...

Ela não mordeu bem a carne quando a tirou das minhas mãos, ela deposita a carne que lhe dei sobre a minha perna com cuidado e suavidade...
E vai a abrir e a fechar a boca atrás da carne ao longo da minha perna até a conseguir morder com jeito e meter na boca...

Foda-se para mim, a sério, foda-se.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Gaja Gira... Gaja Feia

 Lembrei-me que tinha esta "pérola" por publicar no blog...

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Numa milonga de tango uns anos atrás, estava sentado a controlar o telemóvel ao lado de uma amiga que por sua vez estava a falar com uma rapariga no mínimo deslumbrante.
Chamou-me a atenção não pelo seu nariz ou harmonia dos traços do rosto mas sim pela conversa de merda muito para lá do arrogante e convencida que estava a debitar para a amiga que tínhamos em comum.
A um certo ponto perdi a paciência e interrompo a conversa com um sorriso e digo- mas olha lá, tu para além do teu aspecto, o que tens de especial? o que trazes a jogo quando abres a boca? diz-me, estou curioso e quero saber...

Obviamente que isto teve o efeito da gaja não me largar o resto da noite a tentar conquistar e agradar aqui o pantufinha após ter recuperado do choque de alguém a abordar sem lhe bajular o ego.

A ela dou-lhe um certo desconto pois a culpa é basicamente de quem alimentou a criatura, da mesma maneira que os cabrões que as mulheres tanto gostam de odiar são alimentados pelas próprias mulheres que depois... tadinhas... se lamentam da má sorte e fortuna...

Cabrão atrás de cabrão questionando-se do porquê de estarem solteiras...

Agora, o que não tem graça nenhuma, e é deveras insuportável... é a gaja Feia que se comporta de diva para cima não tendo assim que abre a boca algo a compensar a sua má sorte no que toca aos genes ou formosura herdada dos papás.


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Lembrei-me deste texto hoje ao ouvir Tara Perdida o que já não fazia há algum tempo



Moral da história? talvez uma frase da minha autoria ...

Eu gosto dos meus Cães feios e espertos e das minhas mulheres o inverso...







(as vezes que já apanhei por dizer isto à frente das ex-namoradas...)






(será que está relacionado com elas serem ex's?)








(ainda vou a tempo de tentar disfarçar e dizer que as mulheres são atraentes pelo seu todo... primeiro pela pessoa,  pela personalidade... pelo seu olhar... pelo seu beijo...)







(ah... eu gosto de animais e votei no pan e gosto de longos passeios à beira mar...e gatinhos e pandas... e reciclagem...separo o lixo...)







(eu uma vez vi meio episódio da clínica privada, conta?)







(a minha mãe ainda me fala e isso tem que me valer para alguma coisa!!!)







(...fala às vezes, tipo quando lhe ligo em anónimo, que se não assim for ela não atende... não sei porquê...)







(eu devia ter ficado calado tão lá atrás...)

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Amestrado

Já vai alta a noite, à volta das 04h e o André acorda sentindo aquela urgência de aliviar a bexiga que nos leva a sair do quente da cama porque tem mesmo meeessmo que ser.
Sou gentil, deslizo para fora dos lençóis sem acordar ou destapar a Miss.
Vou aos trambolhões pela casa dela até à casa de banho.
Cambaleio de pé... oh deuses o alivio... como se levitasse sobre a terra, sobre os homens meus irmãos...

Volto aos trambolhões para o quarto dela, deslizo para dentro da cama e lembro-me que não baixei o tampo segundos depois de me deitar.
Repito a manobra com cuidado e volto à casa de banho.
Baixo o tampo.

Volto para a cama, deito-me.
Sinto a mão dela tactear-me o peito, a cara... parando sobre o meu cabelo, ela afaga-me o cabelo e diz - Lindo menino...

Depois admiro-me de me terem confiscado a licença de heterossexual...

quarta-feira, 11 de abril de 2012

A tentação...

Meus amigos, a tentação de dar uma de totalmente retardado...


E javardar outra vez com o cabeçalho do meu blog...


Eu não respeito nada...

segunda-feira, 9 de abril de 2012

O Caso das Linguas de veado...

 I

Eu, Ernesto de Sousa estava no caso, eu era o caso.
No instante que abri a porta soube que havia problema.
A noite ia alta e chovia lá fora... Pronto ok, era de dia e tava um sol do caraças, mas vamos imaginar que era noite alta e eu estava de sobretudo.
Algo cheirava mal, eram as minhas meias no chão.
Fiquei parado na porta do quarto. A luz entrava vaga pelas farripas da janela, o que é mentira porque é um banalíssimo quarto com estore, mas adiante.
Tenho duas amantes, uma encontro no reflexo de um copo de whiskey, amante que uso para esquecer, outra trago junto ao peito do lado esquerdo...
Não, não é uma arma, é o cartão de sócio do Atlético que trago na carteira no bolso interior do casaco...
A não ser que a carteira esteja muito cheia, ai tenho que andar com ela na mão e deixa de andar junto ao peito, mas voltando ao caso...
Senti que algo cheirava mal, para além das meias.
Decidi não entrar logo no quarto, observar, analisar... e fui fazer pipocas.
Voltei para a porta do quarto, continuava a não fazer sentido e ainda não sabia o que era.
Algo não estava bem.
Acendi a luz, o que devia ter feito logo que cheguei, sempre ajudava a ver as coisas, mas não, fiquei parado à porta e...
Adiante...
Acendo a luz e sinto um arrepio subir pela coluna, o quarto estava arrumado... alguém esteve ali.
Acama estava feita, bem vincada e presa de lado...não sei que mente doentia ia fazer uma coisa dessas...
Reparo num papel amarfanhado caído no chão, o primeiro erro.
Retiro uma caneta do bolso e levanto o papel para o ver à luz sem contaminar a prova.
Cheiro, lambo... confere, era papel.
Olho para o resto do quarto e o horror.
Papel e papel destruído, babado, destroçado, espalhado pelo chão do meu quarto entre a cama e a janela.
Sinto o almoço subir-me à boca de raiva... que monstro iria fazer algo tão...vil, tão violento...
Era óbvio, não havia mais como negar...

Alguém me gamou as línguas de veado que comprei para a minha mãe de manhã quando fui ao café...



II

O erro fora meu, uma caixa com línguas de veado era tentação a mais.
Faço o filme na minha mente, ainda tonto e atordoado com o choque da descoberta e não encontro maneira ou jeito de alguém me ter visto a entrar com a caixa.
Sou obrigado a concluir... estou a ser vigiado.
Corro para a parede ao lado da janela. Sinto-me observado.
Tinham feito um inimigo, um implacável inimigo, pelo menos aos fins de semana que durante a semana trabalho e não me dava jeito nenhum... e ao fim de semana mais para depois da hora do almoço... e depende do que almoçar, às vezes dá-me uma soneira quando almoço bem... fico a tarde toda a dormir...
É tempo e hora de passar a acção.
Ernesto de Sousa está no caso, é o caso.
Saiu do quarto decidido, entro pela sala e vejo a minha mãe a dormir no sofá.
Tinha uma manta sobre o corpo, dormia profundamente.
Acordo-a sem piedade.
Pergunto-lhe onde esteve todo o dia, ela responde-me que adormeceu ali e se me estou a sentir bem que tou estranho.
Digo-lhe, exijo que me prove que esteve a dormir todo o dia, se tem testemunhas...
Ela pergunta-me se estou parvo ou andei a comer amêndoas com recheio de chocolate outra vez e diz-me que se quero testemunhas que pergunte à cadela...

A Cadela estava deitada a dormir na sua cama ao pé da varanda da sala, ao sol.
Ressonava profundamente.
Ela era o tipo de mulher que te partia o coração ou te mijava no tapete do hall quando não aguentava até ir à rua, mas eu já tive a minha dose de mulheres destas no meu tempo, já lhes conheço os truques e manhas...
Chamo-a pelo nome, ela não acorda.Ajoelho-me ao lado da sua cama, ela abre os olhos e espreguiça o corpo.
Pergunto-lhe o que andou a fazer, severo, ela reage como a ex... comprometida, atrapalhada e dá-me a barriga para lhe fazer festas... seduzindo-me.
Mas eu, Ernesto de Sousa... Eu não tou a dizer que ela é uma Gold digger, mas ela também não está a lidar com um Nigga falido...
Eu resisto, a importância do caso a isso obriga-me.
Ela tem o nariz sujo, é comida.
Seguro-a firme, retiro-lhe um dos vestígios do nariz, provo, era arroz.
Deduzo que a prova é falsa, para me despistar... mas eu depressa e novo aprendi a nunca confiar numa mulher com comida no nariz.
Mulher com comida no queixo já pode ser, é para casar... no nariz...
Puxo-a para fora da cama, ela faz peso morto, mordisca-me as mãos...
Minha mãe pergunta-me o que estou a fazer à cadela, eu aponto-lhe o dedo (à mãe) e acuso-a de ser cúmplice... é uma conspiração!
Encontro meia língua de veado debaixo do corpo da cadela, meio mastigada, meio a saber a pelo de cão suado mas estava comestível.

Mais um caso encerrado.


 

domingo, 8 de abril de 2012

Mujanga!

Sentado no café do costume, aceno positivamente ao empregado que vou querer o costume.
A miss acena-me negativamente, diz-me que como sempre as mesmas coisas onde vou.

Digo- Por falar em comer, descobrimos porquê que a Buca andava a vomitar... afinal não era da ração...

Miss- É dá cerveja que já te apanhei a dar à cadela?

Eu- não sejas assim... e ela não gosta de cerveja, pelo menos da preta, tenho que experimentar da outra!... mas dizia, ela afinal anda a comer as plantas da minha mãe... os Jarros não lhe fizeram muito mal... mas agora atirou-se aos Lilases e aquilo deu-lhe a volta ao estômago.

Miss- como é que... espera... deixa-me adivinhar, apanhaste a cadela a comer e... não fizeste nada.

Eu - estava a dar o Stoke com os Wolves para a liga inglesa... e não íamos descobrir se não a deixass...

Entra uma criança solta, sem trela pelo café adentro.
A criança pára no meio do café, ginga a cintura para um lado e para o outro e grita - oooooooh muuuujanga! ooooOOOooooh Muuuuujanga!

O pai da criança recolhe a criatura pegando-lhe ao colo, esta continua a espernear do meio do café para a esplanada onde o pai se senta ao pé da que presumi ser a Mãe da criança.

Miss- O quê que ele tava a dizer? Mujanga?

Encolho os ombros confuso sem saber o que lhe responder.

A criança continua a correr à volta da mesa a dançar. A criança pára à porta do café e aponta para a miss e diz-lhe - OOooooh Mujanga!!

E foi ai que percebi...









quinta-feira, 5 de abril de 2012

Um Certo Capitão Rodrigo

Foi-me impossível não desviar do livro que lia a minha atenção para a sua presença ao entrar no jardim da casa onde me encontrava a ler.
Pensei sempre não ser uma pessoa impressionável facilmente, seja a frio ou a quente.

Primeira coisa que lhe reparei, no alto do seu metro e mais do que noventa foi a suavidade com que da cabeça morena retirou o chapéu e o levou ao peito, perguntando-me cordato se podia entrar.

Não era minha a casa onde Daniel entrava, apenas um porto de abrigo temporário numa meio improvisada viagem pela américa do sul que o apelo de largar tudo e partir até lá longe bem distante me levou a ali naquele instante me encontrar...

Fazia da pequena cidade de Leopólis no estado do Paraná dormida nesse dia, fiz de um sorriso e um aceno autorização para que entrasse.

Perguntei-lhe, reformulando o meu português sem o seu sotaque ao tempo verbal que sabia ser o mais fácil para me fazer entender.

Sorriu-me, esticou-me a mão e apresentou-se.

Era um outro ritmo, outro tempo sem pressas o daquela cidade e confesso que muitas vezes me obrigo a abrandar ao mesmo ritmo preguiçoso de um fim de tarde sobre o alpendre naquela casa pequena, pobre mas caramba...

Para mim um bastião.

Daniel tinha bigode negro como o seu cabelo, tinha as mãos gastas de quem as usava em trabalho duro que, imagine-se, no meio do mato, lá na perdido na sua casa rodeado de ninguém... era por prazer e opção o oficio de carpinteiro.

Reparo-lhe numa monstruosa faca de mato, usada e gasta que trazia à cintura.
Reparo-lhe que o olhar fugia de mim para o livro que eu entretanto repousara no banco ao meu lado.

O Daniel era um homem sincero, directo. Entoava as palavras sem pressas, com uma fantástica dicção.
Conversámos durante horas, maioritariamente sobre livros até chegar quem ele procurava, o dono da casa onde me encontrava.

Apertou-me a mão antes de partir, apertou a mão do meu anfitrião e sorrindo na minha direcção afirmou feliz- Eu e o André falamos a mesma língua.

Acenei-lhe novamente e ele partiu.

Daquela cidadezinha perdida no Brasil fiz-me à estrada.
Fui à Argentina, ao paraguai, fui para Buenos Aires sem ter onde dormir, voltei para o Brasil e fiz horas e horas e horas... e mais horas de estrada em carros sem rádio, sem cintos... mas isso podia perfeitamente ser por mim narrado n'outra altura, n'outros textos.

Poucos dias antes de regressar à pátria, desenhava sentado num banco na praça da cidade de Leopólis quando oiço- "ò Português!!!".
Era como toda a cidade me chamava, conhecessem-me ou não.
É desconcertante sermos o primeiro não brasileiro que alguém viu... quanto mais uma cidade quase inteira.
É desconcertante fosse onde fosse alguém que não conhecia, não sabia quem era, saber o meu nome e fazer questão de se sentar do meu lado.
Conversas que se arrastavam durante horas...

"Ó português" era geral, o André vinha depois sentados ao meu lado, fosse num banco de um jardim, fosse na sua sala na sua casa onde me convidavam para entrar e sentar, fosse numa galinhada - frangada é galinha roubada, e isso enfim, não se admite publicamente- de convívio pela noite dentro...

Para minha surpresa, quem me chamava era nada mais do que o Gigante de chapéu, mochila de couro ao ombro e sorriso abaixo do bigode que caminhava na minha direcção.

Apertou-me a mão firme, notoriamente satisfeito por me rever.
Perguntou-me quando me ia embora, respondi, reagiu com um enigmático sorriso e partiu.

Tinha a mala pronta, estava pronto para regressar ao meu mundo, era o dia.

Pouco depois do almoço de despedida, o Daniel entra pelo mesmo jardim onde o conheci adentro, abraça-me e sorri.
Entrega-me um embrulho, eu entrego-lhe um embrulho também.

Riu-se e afirmou convicto- você não sabia que eu vinha cá hoje...

Eu confirmei-lhe a afirmação, sublinhei que o plano era ser-lhe entregue a encomenda caso não tivesse o privilégio de o rever.

Acenou-me que abrisse a sua prenda, fiz-lhe sinal que me acompanhasse com a que lhe dei.
Nas suas mãos desembrulhou-se o livro que eu lia quando nos conheceramos.
Nas minhas o livro que me falara  sentado ao meu lado.- um certo capitão rodrigo? não conheço...

Apertamos a mão a gosto, sorri-lhe e antes de o deixar partir disse-lhe- tinha toda a razão, nós falamos a mesma língua.




terça-feira, 3 de abril de 2012

Distracção.

Aguardo a plotagem de um desenho, estou distraído de lapiseira entre os dedos.
Faço-a deslizar sobre as folhas que tenho entre mim e o teclado sobre a minha mesa.
Não dou atenção ao que faço, disperso-me vago de ideias e pensamentos.
Levanto-me para ir buscar o desenho que imprimi, conferindo se está tudo ok para imprimir o resto do trabalho.

Olho para a folha onde segundos antes desenhava...






Foda-se para mim.

Um homem não controla o que sonha, agora também não controla o que desenha com a sua mão mesmo à sua frente.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

domingo, 1 de abril de 2012

Juro...

Punha isto a tocar...



... e juro que respirava-te ao ouvido todo.

Até ficavas com a mão suada...