O MEU PAI VAI-ME MATAR!!!!
acordou em sobressalto, afastou-o, empurrou-o e abanou-o violentamente até o ver reagir
- Acorda! acorda que são sete horas!!
tirou a camisola dele que tinha vestida, vestiu o soutien, o top e o casaco -veste-te! acorda, faz qualquer coisa!
- heeey... (bocejo) bom dia... calma... eu...
Levou a mão às costas dela , deslizou-a ternurento até ser prendado com um estalo- caaaaaaaalma, o que tens?
- VESTE-TE!!!! ah... doi-me a cabeça... o que fui fazer! eu não faço isto! eu não sou isto! que vergonha!!
- ontem não tavas com vergonha nenhuma quando te...
fitou-o intensa, fitou-o e as gaivotas assustaram-se no areal, o mar tombou e enrolou devagarinho, quase em surdina, o vento deu meia volta e soprou para outro lado não fosse sobrar para si, fitou-o e vincou-lhe a certeza que mais uma palavra e saia no jornal como vitima de um terrível e doloroso homicídio, era esperto, calou-se
-estou quilhada... o meu pai vai-me matar... veste-te e leva-me a casa... tu desgraçaste-me!
- eu? eu não te fiz nada.., quer dizer, fiz... mas foi consentido...
acertou-lhe no meio das pernas
- as minhas botas? onde meteste as minhas botas????
abriu a porta do carro e encontrou a bota direita debaixo do veiculo, encontrou também uma peça de roupa pequena, rendada e preta, com buracos para por as pernas, hesitou no gesto tentando lembrar-se do momento em que lhe tinham sido retiradas do corpo, corou, recordou e fechou a porta que estava estupidamente frio e ainda não se encontrava com o traje completo
- oh meu deus... o que fizemos... como é que és capaz de me desgraçar assim...
- tu bateste-me ... tu bateste-me no...
-eh pá não sejas amélia, já tás despachado? eu tenho que ir para casa! ahh que me ligaram... espera... OITO CHAMADAS NÃO ATENDIDAS ! eu estou lixada... veste-te! veste as calças!
deslizou entre os bancos para a frente do carro, deu-lhe um coice quando sentiu a mão dele apertar-lhe os glúteos dentro dos jeans desalinhados na pressa e falta de espaço no banco de trás para se vestir
- eu mato-te... veste-te... despacha-te!
atirou-lhe o téni que encontrara no banco quando se sentou - calça-te!
- mulher... primeiro tem calma, isto não é assim. Estou cansado e dorido e acabei de acordar... e não sei do outro téni e eu gosto de mimos quando acordo, sou um gajo sensível... não gosto de acordar assim após uma noite de amor...
desviou-se do téni que era par do primeiro, calçou-se e deslizou para o lugar do condutor. Sentou-se e suspirou
- mas tás à espera do quê???
- de me lembrar onde pus a chave do carro
- estás a gozar comigo... estás a fazer de propósito!
- não... vê na tua mala se não estão lá dentro, ou no teu casaco
- estão no bolso das calças... - levantou-se e retirou-as entregando-as- e não me peças para te explicar como lá foram parar
- como é que minhas chaves do meu carro foram parar ao bolso do cu das tuas calças?
- pensa.. lembra-te que estavas grudado a uma certa parte do meu corpo quando tentávamos entrar no carro... abriste a porta e deixaste-as no bolso mais à mão...
- eu sei, queria era ouvir-te a explicar e... ok ok eu ligo o carro! para de me bater, ontem era um rodopio, eras fofa... tipo um panda num ponei cor de rosa com uma t-shirt da kitty ou como se chama a porra da gata
- o meu pai vai-me matar...
- queres que fale com ele? queres que vá lá contigo para o enfrentar?
- fazias isso por mim? vinhas comigo e ... e dizias o quê ao meu pai?
-o plano era tu falares e eu tar lá para dar uma de espírito de equipa e confirmar a tua história... não ir cara a cara pedir-lhe a mão da filha
- porquê? não és capaz de falar com o meu pai? só me queres para...
agrediu-o no ombro, ele refilou que estava a conduzir, orientou-se dentro do possível das femininas instruções de transito até concluir que se safava melhor sozinho sem lhe dizer, deixou-a indicar um percurso que já delineara mentalmente tendo o cuidado de colocar o pisca depois de lhe perguntar se era para virar à direita.
Estacionou onde era mais dificil, dois lugares adiante e seria gesto feito à primeira, mas ao esboçar uma ideia diferente da que ela lhe indicara e ao ser prendado com uma forte contestação ás sugestões que lhe dava, lá manobrou ao jeito dela umas quatro a cinco vezes atrás e adiante até travar a viatura onde agradava à madame.
- eu tou a cheirar... oh meu deus! ele vai perceber!
- que a filha é uma rameira?
- foda-se, eu não acredito que disseste isso...
Aproximou-se ao rosto sério, furioso que o fitava, aproximou-se disposto a encaixar o lendário gancho de direita dela, disposto a avançar até lhe dar um beijo e arrancar-lhe um sorriso pelo meio.
Enfaixou-se na bochecha, virara-lhe o rosto, segurou-a no pescoço, roçou-lhe a barba por fazer até lhe desfazer o nó de mau feitio e birra de sono e se perder nos lábios dela.
- Eu... eu gosto de ti, eu quero-te e sublinho tudo o que te disse ontem, sublinho a cor de rosa ou a canetas de cheiro... o que quiseres, mas eu gosto de ti e se o teu pai me bater com um taco ou com uma cadeira, ou até se for criativo e usar a maquina da nespresso
-ele tem porte de arma...
- o quê???
- tava a brincar... continua
- isso... foi maldade pura...
- oh... dás-me assim um beijo à força, retiras-me da minha cara séria, é suposto eu comportar-me sou uma senhora de respeito ... e nem te atrevas a um comentário porno sobre o que fizemos ontem...
... ou ante ontem...
... ou quarta no camarim do el corte inglês...
... ou na escadas do teu prédio segunda... ah merda, esquece...
dizias?
- que despenteada assim, meio selvagem como estás agora me põe-me... esse teu corpo meio quente e embalado pelo abraço do meu dá-me vontades pecaminosas...
Saltou e esbugalhou os olhos assustada, abriu e vasculhou em pânico a mala king size até retirar o telemóvel...
- oh meu deus... oh meu deus... é o meu pai! aahh medo... medo medo... estou ? pai? estou à porta de casa, sim... não... não... sim, eu ia entrar agora, oh pá... não tens noção do que me aconteceu... ah? sim, subo já e falamos, olha... veste-te que vais conhecer uma pessoa... ele explica-te.
desligou, fitou-o comprometida
- então e agora? que desculpa é que eu lhe dou? o que lhe digo que aconteceu?
inclinou-se para o corpo dela
- está descansada que eu vou lá para o enfrentar, homem para homem!
- és tão engraçado- raspou-lhe a barba com a ponta das unhas- foda-se que essa barba põe-me quente
- queres...
- como consegues pensar em sexo numa altura destas...
saiu do carro e abriu-lhe as mãos para que acelera-se o passo, para que organiza-se o desalinho da roupa no corpo, tentou desenhar-lhe o penteado atrapalhando, tentou fazer tudo mais depressa
-espera, não ponhas a chave, toca à porta
- mas eu tenho a chave...
- não, ontem não tinhas a chave, esqueceste-te dela em casa, na tua ou de uma amiga... mas ontem tiveste o azar de sair sem ela
- mas vou estar a tocar à porta e acordar a minha mãe para quê se tenho...aaahhh tu és ... genial!
Tocaram, aguardaram e escutaram-lhe o pai.
Entraram no elevador e não conteve o susto
-põe a merda do cachecol no pescoço! já!
- porquê? oh porra... isto... isto tá tudo marcado! foda-se mais à tua mania de me morderes o pescoço... e olha-me para este chupão! isto tá... LINDO!
- o meu pai mata-me, se te vê com isso vai perceber... tapa isso já!
Envolveu o cachecol, envolveu o corpo dela e abraçou-a, deu-lhe um beijo na testa, no rosto e depois na boca. Inspeccionou-lhe o corpo minuciosamente dentro do tempo que a ascenção ao quarto andar permitia.
No meio da confusão de braços e roupa, lambeu-lhe a língua com a sua, puxou-o pela roupa para si, puxou-o para longe quando a porta abriu.
Pensou em deixa-la sair primeiro, para lhe inspeccionar visualmente o rabo, ver se estava tudo ok, pensou em deixa-la sair primeiro para fechar a porta e efectuar uma rápida fuga para longe da situação, para não encarar o homem, para não descobrir se ele tinha uma caçadeira e uma pá, um terreno baldio onde esconder o corpo.
Pensou em no que ia dizer, que se enquadrasse na hora e na sua presença ali, na pureza das suas intenções sobre a filha dele...
...pureza das suas intenções...
...
nas respeitosas intenções sobre a filha...
...respeitosas...
...
virou-se para trás, virou-se para uma ultima palavra, um ultimo desabafo antes de entrar dentro de casa, encarar o mostrengo e olhar reprovador do pai, antes de se ver num julgamento, de já mulher e crescida justificar-se como adolescente ao sair para um café a meio da tarde antecedente ao jantar de família e efectuar o regresso no dia seguinte a horas indignas de uma respeitosa moça de família.
Virou-se, fitou-o...sorriu
- o meu pai vai-me matar...