ficou nessa paragem, nesse pensamento. ao centro da cozinha da avó uma mesa enorme, um bloco de marmore ja gasto com o uso e o tempo de quem muito nela trabalhou. tinha saudades dessa casa, dessa cozinha. de acordar para um café com leite que bebia ainda em piloto automático antes de encarar o frio da rua sempre a subir até à graça.
encostou-se na bancada e olhou em seu redor. O passaro saltitava curioso fitando-o, o sol entrava pela janela de batente e basculante e visualizou-a diante de si, no espaço vazio, recordou-a de casaco preto comprido, mãos nos bolsos e olhar de desafio, cabelo solto sobre os ombros, esvoaçante, adorava o cabelo dela.
Estava-lhe tão entranhado o ser dela que rejeitava a separação fosse por que tempo fosse.
Controlava-se em não sufocar, em não se angustiar nessa distância, pois em breve, pouco mais de uma hora estariam de novo juntos, e seria presenteado com aquele sorriso triunfante que o domava e enfeitiçava.
como no dia do crime, da cozinha saiu para a sala, comprimentou o cacto que se concentrava na sua fotosintese diaria e sentou-se no sofá.
mais uma vez foi invadido de recordações.
o Calor do corpo dela na sua mão entre as roupas dela, a sofreguidão com que as tirava, as afastava para... sentiu-se a ficar com a taquicárdia que ela lhe dava e afastou a imagem da sua mente, levantou-se e procurou o telémovel.
Encontrou-o no quarto, o terceiro mas não ultimo cenário do crime, involuntáriamente repetia a sequência, cozinha-sala-quarto.
Tinha duas mensagens. Sorriu ao ler a primeira - "não percebi nada da tua mensagem, mandas-me citações de séries que não vi e tás à espera que perceba...se tas com saudades minhas diz logo..."- e riu-se da segunda - "AH! já percebi, és um tarado..."
Estranhou o silêncio na casa, não pelas cadelas que como sempre se comportavam como "gremlins at a pool party", mas pela ausência de música.
Era uma escolha fácil tendo em consideraçãos os seus ultimos pensamentos, Bryan Adams - thought I'd Died and gone to heaven.
Saiu do quarto e parou diante da porta da casa de banho, olhou para a banheira, cenário final onde se desfizeram das provas num longo banho de imersão.
Quando se termina uma relação da-se ou uma angustia porque se vai romper um ritmo, uma ligação até então segura que em principio nos sabia bem, nos aconchegava. por outro lado também se pode sentir o alivio de finalmente não perdermos horas com dialogos idiotas sobre séries lamechas de médicos ou a amiga disse que a outra disse que a outra fez qualquer coisa sobre a amiga que disse que a outra fez aquela coisa que a outra contou.
Em qualquer dos casos com o passar dos dias, dos meses, é chegado um dia em que surgirá o escolhido que irá trazer o equilibrio à força... chegará o dia em que independentemente de ser bom ou mau o terminar da relação sentimos o peso do vazio entre esse dia e o ultimo em que tudo se perdeu, sentimos o peso do tempo, o peso de haver todo um mundo que podia ter sido em comum e não foi, o peso de a gaja ter apanhado uma dst com um badalhoco qualquer e acharmos bem feita ou o ciume de a ver-mos em pequenas coisas que já não partilha connosco ou nós com ela. Acima de tudo há ausência da pessoa e era isso que sentia nesse instante, ausência com o peso de uma longa viagem, e isso preocupava-o e muito.
Afinal se lhe custava tanto assim em tão pouco tempo como seria se terminassem um dia?
caraças, tinha mesmo que mudar de pustura, esta pessimista era uma camisa que começava a picar-lhe no pescoço. Olhou para o rambo "o Cacto", imaginou-o de oculos e camisa florida sentado ao curtir o sol... e era esse o espirito, o rambo tinha razão! chill out and relax...CHILLAX!
Ligou a playstation, entrou na master league, preparou o timão que montara com o porto e deu um tratamento à-lá-marlon-brando no ultimo tango em paris a todos os que lhe apareceram pela frente " e sem manteiga!".
Chegou a casa dele e estranhou ser o irmão a abrir a porta. preparou-se para refilar mas notou a presença dos phones brancos que o ajudavam a entrar na "zona" quando jogava. não a recebeu porque não a ouviu.
Tirou o casaco, lentamente sem fazer barulho aproximou-se e sentou-se sobre ele sem aviso, frente a frente na cadeira.
ouviu o comando despenhar-se no chão enquando ele a puxava e envadia por onde quer que a sua roupa o permitisse, antes de poder falar já este a procurava em beijos atrapalhando-lhe as palavras
- Calma! não me... xiça, deixa-me falar, calma, não me vais receber à porta e agora tás a fingirque gostas muito de mim...
beijou-o, avisou-o que a porta do quarto estava aberta quando o sentiu a tentar desapertar o seu cinto. puxou-o pelo cabelo para trás, sorriu.
- calma, temos tempo e eu não vou a lado nenhum... e vais-me explicar primeiro as tuas mensagens...
lenvantou-se e tirou do casaco o telemovel.
virou-se mas sem que pudesse estrabuchar foi agarrada e levada pelo ar para a cama.
-o que escrevi na mensagem pode-se traduzir por um " Tu Gália, Eu César", agora cala-te e deixa-me fazer o meu trabalho.

Esforçou-se contra a sua vontade para não cair no cliché feminino e deu-lhe uns trinta minutos de descanso antes de lhe dizer que queria falar.
- já podes falar a sério comigo agora? - deitou-se em cima de dele.
- sobre o quê?
- sobre não conseguires falar sobre certos assuntos sem dizeres uma coisa idiota ou a gozar... como a da rainha Egypcia...
- ao pé de ti o cerebro para... eu esforço-me mas ele vai abaixo...
- então não és capaz de ter uma conversa a sério comigo é isso? mais vale desistir de ti? - tentou deslizar o corpo para o lado sem que ele a deixasse
- o que me queres perguntar afinal?
- oh, sei lá... queria que falasses comigo de coisas tuas... fantasias tuas sei lá.
- fantasias?
- sim... fantasias tuas que não envolvam vestires-te de coelho ou a Bonnie tyler...
- bem... tenho uma... acho que nunca a contei a ninguém...
- e vais-me contar!
- ok... estou numa sala de aulas com os meus colegas, e tenho uma minigun, começo a disparar... mas há um gordo que consegue fugir e vou atrás dele com a minigun...
- eu tava a falar de fantasias... eróticas!
- mas eles tão nús na fantasia!!!!!!
2 comentários:
LOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL
sempre bom ler-te!!!!
what a fuckin great punchline. diria sobretudo what a great punch...tendo em conta que aquilo poderia ser um 'murro' na tentativa de conversa de uma gaja eheheheh
uns kilos de beijinhos bem arremessados nessas buxexas
ah e não esquecendo, a música do titulo é a que ainda hoje tenho como toque para a minha santa mãezona.
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