sábado, 28 de fevereiro de 2009

Don't tell me why


Estava a tentar ajustar os olhos ao momento
larguou o copo sobre a mesa, era tão real tudo o resto como o vidro húmido na madeira ali...
diante de si.

não precisava de o disfarçar, não precisava de tentar ser alguém melhor e diferente...
era o suficiente.

descontraiu. Estava momentaneamente tudo bem.

era um dia bom, daqueles solarengos para aproveitar e sair.

caramba, o que quer que o colocara tão receoso...

sabia o quê...mas era uma imagem distorcida no tempo, perdida no labirinto de sua mente e... era muito mais, mais do que o suficiente para o fazer perder... perder-se.


Não era concretamente o vento que o empurrava, despenteava, desconcertava que o fazia recear.
Não era o desconhecido dos rostos e prédios em seu redor numa rua que não era a sua, as palavras quase estranhas numa língua diferente dos seus pensamentos.
Não era a certeza de estar tão distante de todos os seus problemas ou receios.
Era ser novamente o mesmo rosto nos vidros dos carros e montras por onde se reconhecia, era por ser o mesmo monstro dentro dos seus pensamentos, era não lhe chegar ouvir um - está tudo bem... - era aquele vazio no meio.

Ah esse espaço negro de tanta coisa nenhuma.
Era ser talvez mais do que o suficiente.

Não para si, afinal dera-se por satisfeito com tão pouco... mas era por não saber responder, não saber o que dizer quando lhe pedia para que a deixasse tentar, quando lhe pedia para a deixar entrar e mostrar que ele afinal... era tão mais do que o suficiente.

Temeroso avançava na dúvida de um caminho que lhe custou aos pés e ao desanimo de vencer.
Viu-a e parecia-lhe tão real... tão fresca no sorriso, no cabelo negro sobre os ombros, e ao toque...

Era real e verdadeira.

A porta abriu-se diante de si mas continuava com o teu habitual receio...
sentiu-a sobre si, puxando-o.

abraçou-a e beijou-a no rosto, depois no pescoço.

ela pediu-lhe para a deixar tentar e respondeu-lhe que sim.
ela era presente e permanente.
era um copo docemente cheio de um vinho quente e inebriante...
e após todas as mentiras que lhe rasgaram os quadros e folhas de tanta coisa que se perdeu demasiado tempo atrás, após criar todas aquelas mascaras em seu redor - como defesa para os outros, não para si

após muita coisa que desistira de compreender...

não queria saber o porquê que a mexia, que a trazia para si, apenas queria saber que sim.


era o suficiente.




Nota do Autor - todas as fotos foram poucas, agora há rolo mas não há como te roubar os momentos, anos que foram poucos, mas sem dúvida mais do que suficientes...
Pestana .

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