Eu - foi uma pena sabes, o Villas-boas deu-me um jeitão na altura que ele estava no Porto, eu reciclava os discursos do gajo com a ex, dizia-lhe que era o nosso destino, um compromisso que tínhamos assumido e aquela merda funcionava!
Ela- Tu és um nojo, a sério... foda-se, diz-me que eras incapaz de me fazer uma cena dessas...
Eu - Claro que era incapaz! estou aqui contigo, é uma opção minha estar aqui sentado nesta cadeira que é onde quero estar, posso dizer que esta cadeira aqui à tua frente onde estou é a minha cadeira de sonho...
segunda-feira, 30 de julho de 2012
domingo, 29 de julho de 2012
Opening Ceremony - London 2012
Eu sei que é difícil superar isto:
Mas se tivessem perguntado aqui ao André com uns dias de antecedência teríamos prendado o mundo com algo que seria tão épico, tão awesome...
Fazendo apenas isto...
Just Saying...
(...e depois a múmia do Bilbo Baggins de cor de rosa a que chamam rainha largava a merda do telemovel para o qual passou a cerimónia entediada a olhar, via a bandeira da Alemanha e pensava que os boches estavam de volta, sacava de uma Sterling submachine gun- fabrico britânico, os jogos são em londres continuávamos dentro do tema- que trás sempre consigo debaixo da saia e saltava primeiro para a parede da tribuna com o grito de guerra- Cockpickle Bitches!!!! abrindo fogo sobre as comitivas de atletas no relvado, saltava de seguida para um dos cabos da cobertura pelo qual deslizava à-lá-Chuck norris no filme Força Delta segurando-se só com uma mão pelo cabo até ao relvado enquanto metralhava a multidão em pânico...)
(mas não, não me perguntaram nada e tivemos aquela cena ... Meh...)
Mas se tivessem perguntado aqui ao André com uns dias de antecedência teríamos prendado o mundo com algo que seria tão épico, tão awesome...
Fazendo apenas isto...
Just Saying...
(...e depois a múmia do Bilbo Baggins de cor de rosa a que chamam rainha largava a merda do telemovel para o qual passou a cerimónia entediada a olhar, via a bandeira da Alemanha e pensava que os boches estavam de volta, sacava de uma Sterling submachine gun- fabrico britânico, os jogos são em londres continuávamos dentro do tema- que trás sempre consigo debaixo da saia e saltava primeiro para a parede da tribuna com o grito de guerra- Cockpickle Bitches!!!! abrindo fogo sobre as comitivas de atletas no relvado, saltava de seguida para um dos cabos da cobertura pelo qual deslizava à-lá-Chuck norris no filme Força Delta segurando-se só com uma mão pelo cabo até ao relvado enquanto metralhava a multidão em pânico...)
(mas não, não me perguntaram nada e tivemos aquela cena ... Meh...)
quinta-feira, 26 de julho de 2012
Triciclo
Caminhava abstraído quando subitamente foi puxado pelo braço.
Voltou-se e hesitou, familiar mas estranho... com barba... ia atirar o nome que lhe ocorrera ao pensamento quando esticou a mão para cumprimentar o ex colega de faculdade, mas não foi uma mão aberta que lhe foi devolvida, foram os braços que o rodearam, abraçando-o.
- Tu! cum caralho, eh pá... estás bom?
Sorriu e retribuiu o abraço, apontou para um café a poucos metros de onde estavam e obteve um aceno de aprovação em resposta.
Sentaram-se.
- Tu estás carregado porra, e essa barba...
- É tudo o que tenho, este saco, a mochila e... pronto.
Hesitou, mas que raio... tudo o que tinha?
- Explica... e explica o que foi feito de ti! já não te vejo desde o quê... 2007?
- Sim 2007, uns 4 meses antes de partir
- Tinhas ido para Macau não era? não percebi o que te aconteceu, mas como estás? vens de férias? estás bem?
- Está tudo melhor do que bem, e... o que aconteceu... olha, eu e tu... sempre fomos homens inquietos, moldados por qualquer coisa que não está aqui, está longe.
- Calma, pera, organiza-te... e...
- E tu sabes bem do que falo. Tu sabes melhor do que ninguém a um ponto que foste tu que me deste o click que me fez sair daqui... eu era uma criatura desconfortável, entediada. o trabalho era bom, muito dinheiro. Tinha uma namorada que me era muita coisa boa, mas não era ela, não era com ela, não era aqui que eu sabia devia e podia... queria passar os meus dias, qualquer coisa não estava bem.
- Sim, lembro-me de falar contigo sobre isso...
- E tu disseste, tu disseste naquele aniversário... no do triciclo!
- Qual?
- Que gamaste o triciclo do irmão da aniversariante e vieste disparado pela rampa do portão a descer naquela merda, passaste à frente da mesa onde tava toda a gente a gritar- BOOMSHAKALAKA...
- Oh deus...
- e 2 metros depois tentas desviar-te de uma pessoa guinando para a esquerda e foste-te espetar com o triciclo no lancil e tu lançado a voar em câmara lenta até caíres de tromba na relva do jardim...
- Mas... como é que isso...
- Mais tarde, nós estávamos a conversar no terraço depois do jantar e tu contavas-me uma coisa qualquer sobre corrida, sobre correr, dai falaste da superação da inacção, daquela sensação que nos dá quando se corre que nem um passo mais! nem mais uma passada e qualquer coisa se recusa a parar de mexer as pernas e essa teimosia subitamente enche o peito de ar e acabamos por correr com um sorriso de quem está a fazer qualquer coisa de grandioso mesmo que seja uma corrida de merda e estejamos todos rotos... e tu, tu usavas muito uma expressão " um homem que corre para fugir de si mesmo ", e eu perguntei-te qual era a piada dessa situação idiota, afinal, não se consegue fugir de nós mesmos... e tu explicaste-me a razão.
- Um homem pode colocar-se distante de si mesmo, colocar-se num mundo que não o seu, provocar uma acção que o afaste, que mude as variantes que o envolvem...
- Exactamente isso! eu era eu em piloto automático, estava aqui sem estar... e não consegui ver-me mais com dinheiro e infeliz, sem passar por aqueles dois momentos que eu sempre te invejei...
- Estou perdido, momentos?
- Tu sempre falaste do momento em que nos encaramos, em que caímos pesados sobre nós e nos doí o somatório de todas as partes que nos levaram até aquele instante e sentimos que perdemos qualquer coisa até ali...
- E o outro?
- Já te conto, tu não tens pressa? tens tempo? não ias a algum lado quando te parei há pouco?
- Tranquilo, continua
- Eu fui para Macau, tinha lá um gajo que jogava comigo há bola a trabalhar que me disse que orientava qualquer coisa para eu fazer, fiquei em Macau meio ano e odiei aquela merda.
Estava sozinho, estava no começo de qualquer coisa que não sabia bem o que era, longe da minha zona de conforto.
Estava fisicamente distante do meu mundo, mas ainda lhe pertencia totalmente, ainda era o mesmo gajo que precisou de fugir.
Arrastei-me por Macau meio ano, aquela merda era húmida como tudo, desagradável de nem respirares, e pequeno, sentia-me apertado lá dentro e não era isso que eu queria.
Fui para a Italia, fiquei lá ano e meio, trabalhei numa loja de fotografia e em dois bares, arranjei uma italiana...
- Ficaste onde?
- Muito sitio, estive em Milão e Padova, estive em Turim, mas fiquei mais tempo por Milão até que conheci um gajo que trabalhava num estaleiro em Ravenna e fui para lá, só estive lá umas semanas até que conheci um Irlandês que me falou que o primo tinha-se casado num barco, que a família do gajo tinha o barco e pescava em alto mar e eu perguntei ao gajo se era fácil entrar nesse meio e quando me perguntou se estava interessado... dei por mim a responder que sim, bazei de Ravenna e perdi dinheiro com a cena de não ter feito um Mês, vi-me à rasca no fina do mês a seguir.
- Tavas a trabalhar num porto em Ravenna...
- Estaleiro navel, fazia por exemplo a limpeza de navios com jactos de areia...
- E foste para a Irlanda...
- Pescar, passar dias e dias no mar a dormir 30 minutos... e tu lembras-te quando fomos ao bairro...
- Se envolve um triciclo não, recuso-me!
- Não pá, fomos ao bairro e a tua gaja meteu-se com uma Irlandesa por causa do cabelo dela e quando o namorado da Irlandesa disse o nome dela, que era Sally tu começaste a fazer piadas com a música dos Pogues e os gajos partiam-se todos a rir histéricos e a tua namorada ficava a olhar para vocês toda trocada... ainda estás com ela?
- Não, ela foi para Barcelona um ano depois de te ires embora e acabamos ai, ela está de volta a Portugal por acaso... mas continua
- Quando te espetaste com o triciclo ela foi a pessoa que se riu mais... mas também foi ela que te foi buscar o álcool para desinfectares o cotovelo...
- Não falemos dela, estavas a contar...
- Fiquei em Tarbert, numa zona chamada Dingle a maior parte do tempo até que me fartei da rotina há coisa de dois meses, e decidi parar.
- Foste para?
- Lado nenhum. Passeei pela Irlanda... fui a Dublin que só tinha visto de passagem, andei por cidadezinhas pela ilha e foi então que encontrei o segundo momento, isto coisa de um mês atrás...
Fui de bicla até uma cidade perto de onde estava e a meio caminho tive que abrandar numa parte da estrada que estava cheia de lama. Parei e fui com a bicicleta a pé um bocado e comecei a olhar à volta, tudo verde.
Saí da estrada, comecei a pedalar sem fazer a menor ideia para onde estava a ir e pensei que podia subir a colina e depois voltava para trás.
Cheguei ao topo da colina e foda-se, aquela merda era tão bonita... todo o vale que eu via dali... tive que me sentar um bocado, e um bocado foram umas boas horas que o sol andou imenso sobre mim.
Procurei, procurei o momento em que tudo o que te levou aquele momento cai sobre ti pesado e te esmaga e nada...
Procurei o desconforto de não encontrar o que quer que seja que me levou a partir daqui e andar tanto tempo à procura que não sei muito bem o que é... e nada.
Respirei e ... estava tão bem, tão limpo.
É esse o momento, o momento em que te encontras e dás por ti livre, dás por ti tão distante de todas aquelas coisas que te rebentavam, te arrasavam... e olhas para elas e elas não mandam em ti, até lhes esboças um sorriso de simpatia... estás a rir, mas foste tu que me falaste também deste momento e olha que... eu juro... eu acho que tu ainda não...
- Não estamos a falar de mim...
- Mas tu já sabes do que vais à procura! eu não fazia a menor ideia...
- Porquê o saco? vais partir? vais para onde agora?
- Eu acabei de chegar! Tive que tratar de várias coisas neste ultimo mês para voltar... de vez.
- Pera, acabaste de chegar e estás aqui? foda-se, os teus pais?
- Apeteceu-me ir a pé até casa, acabar a coisa a pé para sentir bem a cada passo o estar mais perto de casa
- Ainda é um bocado daqui até tua casa...
- Não tenho pressa...
- Mas podemos ir andando! concedes-me o privilégio?
- Foda-se, o privilégio é meu!
Fez uma piada sobre improvisarem 2 triciclos, mas ia ser complicado passar com eles a Rotunda do Marquês àquela hora.
Caminharam uma hora em meia, nunca em silêncio.
Ajeitou a mochila e insistiu com o amigo que podia levar o saco de viagem sozinho, que era pesado sem sucesso.
Estranhou prédios novos, riu-se de novidades e de todo um mundo que reencontrava com ternura.
Até que à entrada da sua rua o amigo parou, entregou-lhe o saco.
- Obrigado, obrigado por partilhares isto comigo mas... acho que está é uma viagem que deves terminar sozinho, por ti.
- Tu... tu consegues às vezes ser o gajo mais poético, mais profundo e sábio que conheci pelo mundo fora... e consegues ser o mesmo gajo que...
- O triciclo eu sei...
- O mesmo gajo que estragou a mesa dos pais da namorada a abrir uma garrafa de cerveja
- Pensei que a carica tava solta! ia fingir e fazer a piada para a irritar, não saiba que estava tão presa eu não batia assim... vá, tens que ir, não deixes os teus pais à espera...
- Eles não sabem que voltei...
- Se eles não te aceitarem em casa podes ficar na minha
- Ou na da tua ex, já que tá solteira e tu és burro e não emprenhas a gaja e não te casas com ela!
- Havias de apanhar os teus pais a fazerem um sexo muita badalhoco agora quando entrasses em casa que era bem feito!
- É estranho eu estar com um certo medo? de subir o resto da rua e meter a chave à porta?
- Guardaste a chave de casa este tempo todo?
- ah... é a chave de minha casa, ia fazer o quê com ela?
- O que vais fazer agora, subir a rua, meter a chave à porta e entrares em casa, finalmente.
Voltou-se e hesitou, familiar mas estranho... com barba... ia atirar o nome que lhe ocorrera ao pensamento quando esticou a mão para cumprimentar o ex colega de faculdade, mas não foi uma mão aberta que lhe foi devolvida, foram os braços que o rodearam, abraçando-o.
- Tu! cum caralho, eh pá... estás bom?
Sorriu e retribuiu o abraço, apontou para um café a poucos metros de onde estavam e obteve um aceno de aprovação em resposta.
Sentaram-se.
- Tu estás carregado porra, e essa barba...
- É tudo o que tenho, este saco, a mochila e... pronto.
Hesitou, mas que raio... tudo o que tinha?
- Explica... e explica o que foi feito de ti! já não te vejo desde o quê... 2007?
- Sim 2007, uns 4 meses antes de partir
- Tinhas ido para Macau não era? não percebi o que te aconteceu, mas como estás? vens de férias? estás bem?
- Está tudo melhor do que bem, e... o que aconteceu... olha, eu e tu... sempre fomos homens inquietos, moldados por qualquer coisa que não está aqui, está longe.
- Calma, pera, organiza-te... e...
- E tu sabes bem do que falo. Tu sabes melhor do que ninguém a um ponto que foste tu que me deste o click que me fez sair daqui... eu era uma criatura desconfortável, entediada. o trabalho era bom, muito dinheiro. Tinha uma namorada que me era muita coisa boa, mas não era ela, não era com ela, não era aqui que eu sabia devia e podia... queria passar os meus dias, qualquer coisa não estava bem.
- Sim, lembro-me de falar contigo sobre isso...
- E tu disseste, tu disseste naquele aniversário... no do triciclo!
- Qual?
- Que gamaste o triciclo do irmão da aniversariante e vieste disparado pela rampa do portão a descer naquela merda, passaste à frente da mesa onde tava toda a gente a gritar- BOOMSHAKALAKA...
- Oh deus...
- e 2 metros depois tentas desviar-te de uma pessoa guinando para a esquerda e foste-te espetar com o triciclo no lancil e tu lançado a voar em câmara lenta até caíres de tromba na relva do jardim...
- Mas... como é que isso...
- Mais tarde, nós estávamos a conversar no terraço depois do jantar e tu contavas-me uma coisa qualquer sobre corrida, sobre correr, dai falaste da superação da inacção, daquela sensação que nos dá quando se corre que nem um passo mais! nem mais uma passada e qualquer coisa se recusa a parar de mexer as pernas e essa teimosia subitamente enche o peito de ar e acabamos por correr com um sorriso de quem está a fazer qualquer coisa de grandioso mesmo que seja uma corrida de merda e estejamos todos rotos... e tu, tu usavas muito uma expressão " um homem que corre para fugir de si mesmo ", e eu perguntei-te qual era a piada dessa situação idiota, afinal, não se consegue fugir de nós mesmos... e tu explicaste-me a razão.
- Um homem pode colocar-se distante de si mesmo, colocar-se num mundo que não o seu, provocar uma acção que o afaste, que mude as variantes que o envolvem...
- Exactamente isso! eu era eu em piloto automático, estava aqui sem estar... e não consegui ver-me mais com dinheiro e infeliz, sem passar por aqueles dois momentos que eu sempre te invejei...
- Estou perdido, momentos?
- Tu sempre falaste do momento em que nos encaramos, em que caímos pesados sobre nós e nos doí o somatório de todas as partes que nos levaram até aquele instante e sentimos que perdemos qualquer coisa até ali...
- E o outro?
- Já te conto, tu não tens pressa? tens tempo? não ias a algum lado quando te parei há pouco?
- Tranquilo, continua
- Eu fui para Macau, tinha lá um gajo que jogava comigo há bola a trabalhar que me disse que orientava qualquer coisa para eu fazer, fiquei em Macau meio ano e odiei aquela merda.
Estava sozinho, estava no começo de qualquer coisa que não sabia bem o que era, longe da minha zona de conforto.
Estava fisicamente distante do meu mundo, mas ainda lhe pertencia totalmente, ainda era o mesmo gajo que precisou de fugir.
Arrastei-me por Macau meio ano, aquela merda era húmida como tudo, desagradável de nem respirares, e pequeno, sentia-me apertado lá dentro e não era isso que eu queria.
Fui para a Italia, fiquei lá ano e meio, trabalhei numa loja de fotografia e em dois bares, arranjei uma italiana...
- Ficaste onde?
- Muito sitio, estive em Milão e Padova, estive em Turim, mas fiquei mais tempo por Milão até que conheci um gajo que trabalhava num estaleiro em Ravenna e fui para lá, só estive lá umas semanas até que conheci um Irlandês que me falou que o primo tinha-se casado num barco, que a família do gajo tinha o barco e pescava em alto mar e eu perguntei ao gajo se era fácil entrar nesse meio e quando me perguntou se estava interessado... dei por mim a responder que sim, bazei de Ravenna e perdi dinheiro com a cena de não ter feito um Mês, vi-me à rasca no fina do mês a seguir.
- Tavas a trabalhar num porto em Ravenna...
- Estaleiro navel, fazia por exemplo a limpeza de navios com jactos de areia...
- E foste para a Irlanda...
- Pescar, passar dias e dias no mar a dormir 30 minutos... e tu lembras-te quando fomos ao bairro...
- Se envolve um triciclo não, recuso-me!
- Não pá, fomos ao bairro e a tua gaja meteu-se com uma Irlandesa por causa do cabelo dela e quando o namorado da Irlandesa disse o nome dela, que era Sally tu começaste a fazer piadas com a música dos Pogues e os gajos partiam-se todos a rir histéricos e a tua namorada ficava a olhar para vocês toda trocada... ainda estás com ela?
- Não, ela foi para Barcelona um ano depois de te ires embora e acabamos ai, ela está de volta a Portugal por acaso... mas continua
- Quando te espetaste com o triciclo ela foi a pessoa que se riu mais... mas também foi ela que te foi buscar o álcool para desinfectares o cotovelo...
- Não falemos dela, estavas a contar...
- Fiquei em Tarbert, numa zona chamada Dingle a maior parte do tempo até que me fartei da rotina há coisa de dois meses, e decidi parar.
- Foste para?
- Lado nenhum. Passeei pela Irlanda... fui a Dublin que só tinha visto de passagem, andei por cidadezinhas pela ilha e foi então que encontrei o segundo momento, isto coisa de um mês atrás...
Fui de bicla até uma cidade perto de onde estava e a meio caminho tive que abrandar numa parte da estrada que estava cheia de lama. Parei e fui com a bicicleta a pé um bocado e comecei a olhar à volta, tudo verde.
Saí da estrada, comecei a pedalar sem fazer a menor ideia para onde estava a ir e pensei que podia subir a colina e depois voltava para trás.
Cheguei ao topo da colina e foda-se, aquela merda era tão bonita... todo o vale que eu via dali... tive que me sentar um bocado, e um bocado foram umas boas horas que o sol andou imenso sobre mim.
Procurei, procurei o momento em que tudo o que te levou aquele momento cai sobre ti pesado e te esmaga e nada...
Procurei o desconforto de não encontrar o que quer que seja que me levou a partir daqui e andar tanto tempo à procura que não sei muito bem o que é... e nada.
Respirei e ... estava tão bem, tão limpo.
É esse o momento, o momento em que te encontras e dás por ti livre, dás por ti tão distante de todas aquelas coisas que te rebentavam, te arrasavam... e olhas para elas e elas não mandam em ti, até lhes esboças um sorriso de simpatia... estás a rir, mas foste tu que me falaste também deste momento e olha que... eu juro... eu acho que tu ainda não...
- Não estamos a falar de mim...
- Mas tu já sabes do que vais à procura! eu não fazia a menor ideia...
- Porquê o saco? vais partir? vais para onde agora?
- Eu acabei de chegar! Tive que tratar de várias coisas neste ultimo mês para voltar... de vez.
- Pera, acabaste de chegar e estás aqui? foda-se, os teus pais?
- Apeteceu-me ir a pé até casa, acabar a coisa a pé para sentir bem a cada passo o estar mais perto de casa
- Ainda é um bocado daqui até tua casa...
- Não tenho pressa...
- Mas podemos ir andando! concedes-me o privilégio?
- Foda-se, o privilégio é meu!
Fez uma piada sobre improvisarem 2 triciclos, mas ia ser complicado passar com eles a Rotunda do Marquês àquela hora.
Caminharam uma hora em meia, nunca em silêncio.
Ajeitou a mochila e insistiu com o amigo que podia levar o saco de viagem sozinho, que era pesado sem sucesso.
Estranhou prédios novos, riu-se de novidades e de todo um mundo que reencontrava com ternura.
Até que à entrada da sua rua o amigo parou, entregou-lhe o saco.
- Obrigado, obrigado por partilhares isto comigo mas... acho que está é uma viagem que deves terminar sozinho, por ti.
- Tu... tu consegues às vezes ser o gajo mais poético, mais profundo e sábio que conheci pelo mundo fora... e consegues ser o mesmo gajo que...
- O triciclo eu sei...
- O mesmo gajo que estragou a mesa dos pais da namorada a abrir uma garrafa de cerveja
- Pensei que a carica tava solta! ia fingir e fazer a piada para a irritar, não saiba que estava tão presa eu não batia assim... vá, tens que ir, não deixes os teus pais à espera...
- Eles não sabem que voltei...
- Se eles não te aceitarem em casa podes ficar na minha
- Ou na da tua ex, já que tá solteira e tu és burro e não emprenhas a gaja e não te casas com ela!
- Havias de apanhar os teus pais a fazerem um sexo muita badalhoco agora quando entrasses em casa que era bem feito!
- É estranho eu estar com um certo medo? de subir o resto da rua e meter a chave à porta?
- Guardaste a chave de casa este tempo todo?
- ah... é a chave de minha casa, ia fazer o quê com ela?
- O que vais fazer agora, subir a rua, meter a chave à porta e entrares em casa, finalmente.
terça-feira, 24 de julho de 2012
O Amolador de Telheiras
Sentados na esplanada perto de minha casa - em telheiras - quando ao longe surge estridente o toque da flauta de pã.
- Hey! o que é isto André?
- O Amolador, passa aqui aos fins de semana... é basicamente o aviso para as pessoas saberem que está a passar...
- Eu sei o que é um amolador, não pensei é que ainda... quer dizer, muito menos em telheiras...
- Sim, é o Amolador de telheiras...
Olho para ela...
Ela olha para mim...
Olho para ela... ela para mim...até que finalmente digo o que ambos estávamos a pensar sobre o Amolador
- Isto da flauta para avisar tinha dado jeito era com o outro famoso de telheiras...
- Hey! o que é isto André?
- O Amolador, passa aqui aos fins de semana... é basicamente o aviso para as pessoas saberem que está a passar...
- Eu sei o que é um amolador, não pensei é que ainda... quer dizer, muito menos em telheiras...
- Sim, é o Amolador de telheiras...
Olho para ela...
Ela olha para mim...
Olho para ela... ela para mim...até que finalmente digo o que ambos estávamos a pensar sobre o Amolador
- Isto da flauta para avisar tinha dado jeito era com o outro famoso de telheiras...
segunda-feira, 23 de julho de 2012
Tunnel of love
Hesitou no excesso de boas respostas que lhe podia dar à questão, procurando a certa, a definitiva.
- Vá lá! estivemos tanto tempo juntos... não é assim tão complicado encontrares um momento comigo que fosse perfeito...
- Mas se não posso responder momentos que envolvam sexo... fica meio complicado...
- Não sejas idiota, um momento, umzinho! um só!...
- Tavas com areia nos pés...
- Quando? qual?
- Posso contar? estavas com areia nos pés... estavas com a pele meio corada, do sol, estavas de top azul e saia branca, estávamos na meia praia...
- Já sei!
-Estavas sentada na cadeira à minha frente, roçaste o teu pé na minha perna e trincaste o melão com a boca até às bochechas grunhindo, gemendo, enfiando o nariz que retiraste depois da dentada a pingar... Olhaste para mim lá bem nos olhos e sorriste toda javardada perguntando-me - ainda achas que sou bonita???
- E tu respondeste-me " girl it looks so pretty to me... like it always did..." e destes-me um beijo... foda-se, vais-me por a chorar...
- Tu é que me perguntaste...
- Queres saber um meu?
- Nope, isso é gay, falar assim de feelings and shit's...
- Na sala da faculdade, na das maquetes, tu tinhas aulas à tarde e eu não, eu fiquei a fazer um trabalho para construções... tu no intervalo apareceste-me lá e eu levantei-me para te dar um abraço, tu atiraste as tuas mãos pelas minhas ancas para o meu cú, levantaste-me ao colo e atiraste comigo para cima da mesa onde tava a fazer o trabalho...
- Isso foi contigo? eu estes anos todos a pensar que tinha sido com o João...
- Vai à merda! posso acabar?
- Vais acabar à mesma...
- Ficaste com a tua boca na minha, convicto, sem pressa. Eu estava meio aparvalhada, tinha toda a turma a olhar para mim e eu sou uma gaja de respeito, não sou dessas pegas de Mirandela ou da Ribeira...
- És de torres vedras...
- E tu não sei porquê... parecia que não me vias há pelo menos 35 anos e foi tão bom... tão inesperado... e eu perguntei-te o que se passa quando te afastei finalmente a lingua do meu Siso...e te perguntei o que estava a acontecer...
- Falta de cafeína ...
- E tu respondeste - girl YOU look so pretty to me... like YOU always did... e foste-te embora para a aula...
J. - Dava-te os parabéns e cenas panisgas, mas eu não faço disso que não sou de Torres Vedras.
terça-feira, 17 de julho de 2012
Eu...
Estava tão cansado quando cheguei a casa que a fazer zapping parei num filme pornográfico e dei por mim a pensar- aquele colchão deve ser tão confortável...
segunda-feira, 16 de julho de 2012
Dirty Laundry
Seguem-se 10 minutos de pura awesomeness.
Nota 1- OOOOOOooohhh Heeelll to the yeaaaah!! ca ganda pequeno filme!
Nota 2 - para quem não percebeu ou não conhece, The Punisher é uma personagem da marvel cujo actor Thomas Jane encarnou num filme em 2004.
Nota 1- OOOOOOooohhh Heeelll to the yeaaaah!! ca ganda pequeno filme!
Nota 2 - para quem não percebeu ou não conhece, The Punisher é uma personagem da marvel cujo actor Thomas Jane encarnou num filme em 2004.
domingo, 15 de julho de 2012
Tu sabes porquê
- You've got your chance now boy... - ela disse e sem pestanejar sorriu docemente - é agora ou nunca.
Levantou-se da cadeira, vestiu o casaco, fitou-o novamente- tu sabes que eu já sei, eu sei o que andaste a fazer ou presumes tu que os meus "feelings" que te disse que tinham vinha do ar? por geração espontanea? não, os meus feelings são baseados numa atenta observação factual, que tu, distraido, presumes sempre eu ser incapaz de te perceber...
Eu chamar-lhe um feeling foi digamos... uma cortesia em pré-aviso...
E tu agora...
Vais abrir essa boca e dizer direitinho o que sabes que tens para me dizer, que é feio... é feio e ruim, mas é a tua oportunidade de ouro para diante de mim... reconheceres o teu erro, emendares a mão e talvez, se te perdoar... talvez ainda se possa dar um jeito nesta coisa estranha que era mais ou menos um nós...
Se me fitares feito parvo, se mantiveres a tua não acção sobre este assunto... ou ousares sequer insinuar que divago e devaneio... ver-me-ás sair por aquela porta, garanto-te meu querido, minha deliciosa criatura, coisa ruim que és...
Que parto, vou-me embora bonitinha e tu... tu sabes porquê.
Diz-me, diz-me agora - aproximou-se - diz-me, conta-me o que tens para me dizer sobre o que fazes aos fins de semana quando não estás comigo... ou melhor, não é o que fazes, é quem...
- Eu não... - ele abriu a boca, sentiu o ar deslocar-se à passagem dela pelo quarto, porta fora.
Levantou-se da cadeira, vestiu o casaco, fitou-o novamente- tu sabes que eu já sei, eu sei o que andaste a fazer ou presumes tu que os meus "feelings" que te disse que tinham vinha do ar? por geração espontanea? não, os meus feelings são baseados numa atenta observação factual, que tu, distraido, presumes sempre eu ser incapaz de te perceber...
Eu chamar-lhe um feeling foi digamos... uma cortesia em pré-aviso...
E tu agora...
Vais abrir essa boca e dizer direitinho o que sabes que tens para me dizer, que é feio... é feio e ruim, mas é a tua oportunidade de ouro para diante de mim... reconheceres o teu erro, emendares a mão e talvez, se te perdoar... talvez ainda se possa dar um jeito nesta coisa estranha que era mais ou menos um nós...
Se me fitares feito parvo, se mantiveres a tua não acção sobre este assunto... ou ousares sequer insinuar que divago e devaneio... ver-me-ás sair por aquela porta, garanto-te meu querido, minha deliciosa criatura, coisa ruim que és...
Que parto, vou-me embora bonitinha e tu... tu sabes porquê.
Diz-me, diz-me agora - aproximou-se - diz-me, conta-me o que tens para me dizer sobre o que fazes aos fins de semana quando não estás comigo... ou melhor, não é o que fazes, é quem...
- Eu não... - ele abriu a boca, sentiu o ar deslocar-se à passagem dela pelo quarto, porta fora.
sábado, 14 de julho de 2012
The Amazing Spider Meh.
O que achei do filme? está no titulo...
Fazer um filme do Spider Man sem o Peter Parker é sempre uma má opção - A personalidade da personagem é crucial, e o Peter não tem Asperger... nem dificuldades em comer um robalo, ou seja, o Peter do filme não é o Peter Parker-Spider man.
Quase o mesmo que no The Dark Knight Rises o Bruce Wayne ser apanhado a vestir o fato do Batman pelos pais.
A relação dele com a Aunt May após a morte do Uncle Ben não faz o menor sentido -e torna a personagem o antípoda do Peter Parker, é suposto torcer pelo herói do filme não ficar-mos irritados porque ele é uma princesa irritante e ingrata - again, nada a ver com o Peter Parker - a precisar de uma chapadas para se fazer à vida.
Não colocarem a frase que define a personagem num filme sobre a sua origem -"With great power comes great responsibility" - é um erro demasiado estúpido para perceber.
Spider Man - o gajo que por mais que apanhe da vida não desiste.
The Amazing Spider Man- Puto emo que não sabe comer peixe.
Nota - 4 em10
(Três pela Emma Stone, 1 pelo Denis Leary)
Fazer um filme do Spider Man sem o Peter Parker é sempre uma má opção - A personalidade da personagem é crucial, e o Peter não tem Asperger... nem dificuldades em comer um robalo, ou seja, o Peter do filme não é o Peter Parker-Spider man.
Quase o mesmo que no The Dark Knight Rises o Bruce Wayne ser apanhado a vestir o fato do Batman pelos pais.
A relação dele com a Aunt May após a morte do Uncle Ben não faz o menor sentido -e torna a personagem o antípoda do Peter Parker, é suposto torcer pelo herói do filme não ficar-mos irritados porque ele é uma princesa irritante e ingrata - again, nada a ver com o Peter Parker - a precisar de uma chapadas para se fazer à vida.
Não colocarem a frase que define a personagem num filme sobre a sua origem -"With great power comes great responsibility" - é um erro demasiado estúpido para perceber.
Spider Man - o gajo que por mais que apanhe da vida não desiste.
The Amazing Spider Man- Puto emo que não sabe comer peixe.
Nota - 4 em10
(Três pela Emma Stone, 1 pelo Denis Leary)
( Querido diário, hoje fui ao blog A um porto azul... estou obcecada...)
quinta-feira, 12 de julho de 2012
Irmãos
Já não continuamos, arrastamos.
Cada um para o lado seu.
Com lastro ainda, mas perto do fim de uma estrada depois da qual não há mais para andar.
É como se estivesse morto... e os sacanas não publicaram a notícia.
Cada um para o lado seu.
Com lastro ainda, mas perto do fim de uma estrada depois da qual não há mais para andar.
É como se estivesse morto... e os sacanas não publicaram a notícia.
terça-feira, 10 de julho de 2012
Atencioso
Ela deslocou o maxilar umas semanas atrás, eu pergunto-lhe se está melhor...
... ela responde-me que sim, desde que não meta coisas grandes e duras na boca, só pode moles e pequenas e... e é então que cai em si com o potencial humorístico do que me acabou de dizer.
Tadinha.
... ela responde-me que sim, desde que não meta coisas grandes e duras na boca, só pode moles e pequenas e... e é então que cai em si com o potencial humorístico do que me acabou de dizer.
Tadinha.
quinta-feira, 5 de julho de 2012
Infamous
Ia escrever sobre politica, dar palha aos seguidores para que não desistam de mim.
Acabou-se o Euro do qual faço de seguida um top3:
3)
2)
1)
(No homo...)
Ontem, dois anos depois do evento, como a PS3 é uma mulher que faz jus ao seu género feminino- nunca esquece.
Acabou-se o Euro do qual faço de seguida um top3:
3)
2)
1)
Despachado o Euro, falemos do que arranjei para preencher o tédio nesta vida de exasperação humana que todos levamos na terra - Infamous 2.
2 Anos atrás quando joguei o Infamous 1, acidentalmente, tomei a opção errada e deixei que a Trish morresse.
( a Trish era a namorada do Cole, personagem do jogo)
A meio do infamous 2 o jogo decide começar a falar da minha opção deliberada de deixar a Trish morrer para salvar uns cabrõeszinhos para os quais me estava a borrifar mas que acidentalmente salvei.
A minha primeira reacção foi - eh pa, já nem me lembrava disso...
A minha reacção à 257882341124314 referência ao evento foi- EH PÁ, CUM CARALHO! EU JÁ DISSE QUE FOI UM ACIDENTE PORRA!
Enfim, gajas.
segunda-feira, 2 de julho de 2012
"Nós nunca..."
Disse ela, ultima coisa que lhe li.
Teimava na imutabilidade das coisas e isso nos separava, afastou.
Eu sou teimosamente a frase do Joe Strummer dos clash- "the future is unwritten."
Fica em jeito de "homenage" a versão da Pressure Drop pelos acima citados clash
Teimava na imutabilidade das coisas e isso nos separava, afastou.
Eu sou teimosamente a frase do Joe Strummer dos clash- "the future is unwritten."
Fica em jeito de "homenage" a versão da Pressure Drop pelos acima citados clash
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