terça-feira, 4 de dezembro de 2007
Good Enough
O copo não está meio cheio nem meio vazio... tá partido, quebrado no chão diante de mim.
como se algo tivesse sido arrancado tão depressa que nos atordoou...
as ideias ou memórias não batem certo, não encaixam no que existe agora, não é possivel terem acontecido todas aquelas coisas e agora... agora onde estão as palavras? os gestos que me prenderam? que me procuraram? que me prometeram? foram-se embora tão depressa que me sinto burlado... estou convicto que fui burlado e também... na idiotice de já antes ter tido um vislumbre desse mesmo truque, magoado por o ter deixado acontecer.
será que sou eu que não sou bom o suficiente? que não devia sequer tentar?será que sou apenas e somente eu culpado? as palavras que magoaram e enganaram não partiram de mim...
A mão que agarrou na minha e depois... percorreu o meu rosto devagar e ternamente... não era a minha...
não fui eu que disse - anda, vem comigo que agora é de vez - que me levou a atracar seguro num porto que afinal... não era um porto azul... não era um porto de abrigo, não era um porto sequer.
É confuso, é distante como um sonho estranho do qual acordamos subitamente, é mais do que estava à espera e preparado para aguentar no choque, no embate...
É complicado também agora lidar com o medo, o desconforto e a insegurança... se isto que me recordo não era real o que será? se foi apenas um truque, uma piada muito sem graça, quando será a sério? quando é que posso tentar de vez? ser bom, ser todas aquelas coisas que sentimos inerentes às promessas que nos dão como certas... quando? como irei perceber que é o momento certo de abrir e ler a carta se desta vez... desta vez parecia tão real... tão verdadeiro... tão bom.
Nada mudara afinal, nada fora bom o suficiente.
Nem eu estava à espera ou me tornara mais esperto depois das outras anteriores vezes... foi tão facil desta vez como das primeiras não foi? foi um jogo sujo, rápido e pouco ou nada dificil.
Como César chegar ver e vencer...
Nem vontade dá de apanhar os cacos do copo no chão...
nem há forças de fechar a porta... é uma inercia desmotivante... mas mais reconfortante que todo o resto.
Mais seguro, menos arriscado e menos provavel de tudo acontecer novamente, bendita inercia que ao menos essa... essa sei que não tem má intenção. Essa não engana nem ilude com promessas, não nos levar a abrir as cartas que suspiramos por receber, não nos diz que vai connosco onde quer que seja para depois parti sem nós... essa fica connosco sempre que for preciso, sempre que não for preciso também... é fiel.
Nada foi o suficiente para mudar o que afinal... era imutável.
Não é justo, não é correcto e não é bom, pelo menos isso sei.
Porra... não é nada justo mesmo.
Mas que assim seja, não vale a pena tentar mesmo... não vale a pena tentar sequer - o quão triste isso consegue ser - é o que é... e não está nas minhas mãos... nem o copo partido agora no chão...
Parecia tão real para mim... tão verdadeiro...
Nada foi o suficiente...
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