quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Momento de Pausa.


Sentou-se e descalçou o téni.
Massajou a sola do pé direito e pensou que para ser uma massagem com um final muito feliz...
Alguém o levava ao colo até casa.
Abriu os braços e deixou-os repousar sobre as costas do banco.
Encheu o peito de Tejo, daquele travo a maresia que o transportava para o fim da Damasceno Monteiro ou da Angelina Vidal, quando triunfava a subida até à graça numa manhã que ficara a dormir em casa da Avó e tinha que subir aquilo tudo a pé.
Era uma boa recordação.

Alinhou a franja fustigada pelo vento fresco, verificou sensitivamente se estava tudo em conformidade operacional para continuar a corrida, sem dores no peito, nas pernas ou falta de pulmão.

Apetecia-lhe levantar e correr todo o dia por ali, mas ainda não.

Deixou-se estar sentado.
Deixou-se estar sossegado.
Deixou-se estar... bem.

Apreciou o conforto dos bolsos marsupiais da camisola.
Apreciou o gorro da mesma camisola que lhe envolvia o pescoço.

Estremeceu ao dar por si sem pressa, com espaço e tempo.

Deu por si onde escrevera que caíra ao rio...

Lembrou-se dela e interrogou-se se fora por ela que escolhera aquele sítio a caminho de Belém para correr...

Lembrou-se que era um sítio seu muito antes de a ver, paralelo à Junqueira... à cordoaria...

Torceu o pescoço para trás e riu-se - porra, eu nasci neste Hospital!!

Será que também estava relacionado com ela?

Suspirou-se e afastou-a do pensamento.

Concentrou-se numa gaivota, num trafarilheiro lento e provavelmente atrasado.
Concentrou-se na música e...

Não havia música há muito tempo.

Gostou da ideia.

Tirou o mp3 do bolso marsupial e...

Optou por tirar os phones.

Calçou o téni.

Levantou-se, ajeitou-se dentro da roupa e respirou uma vez... avançou um passo.

Respirou outra vez... e avançou outro passo... e outro e recomeçou a correr.

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