Entrou no café e acenou-lhe enquanto contornava uma mesa.
Deu-lhe um beijo na testa e tirou o casaco.
Desenrolou o cachecol.
Sentou-se diante da irmã no outro lado de uma mesa castanha e sorriu quando vislumbrou o que ela pedira por si, como sempre, exactamente o que iria pedir.
- Como é que ele está?
- Amanhã vai com a Mãe ao médico... que merda André.
- Sim, mas já era expectável.
- Uma questão de tempo? outra vez?
- Sim, mais uma vez... parece que nos habituamos ao momento que nos dizem que é uma questão de tempo... e aguentamos o peso do mundo até o tempo... já não ser uma questão.
- Já somos tão poucos...
- Acho que sentimos mais a ausência onde estava algo, onde estava alguém... do que aquelas famílias pequenas, onde tudo é ganho, tudo é lucro...
- Tem sido horrível...
- Não te casas em setembro? emprenha depressa e começamos a recuperar os números...
- Três putos cada?
- Hey calma! tu tens os que quiseres, que putos dão muito trabalho... mas fica combinado... Mando vir o Pequeno Nikita quando encomendar a Russian Bride aos 35, depois arranjo mais dois para fazer número e... já só falta convencer o teu outro irmão para fazermos o pleno.
- E fora de brincadeiras?
- Fora de brincadeiras... o teu plano parece-me bem, mas tu começas primeiro... por hierarquia de idades...
- Quando te dá jeito, é uma questão de idades...
- Hey! o resultado vai ser o mesmo, é uma questão de tempo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário