sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Uma questão de tempo.

Entrou no café e acenou-lhe enquanto contornava uma mesa.
Deu-lhe um beijo na testa e tirou o casaco.

Desenrolou o cachecol.

Sentou-se diante da irmã no outro lado de uma mesa castanha e sorriu quando vislumbrou o que ela pedira por si, como sempre, exactamente o que iria pedir.

- Como é que ele está?

- Amanhã vai com a Mãe ao médico... que merda André.

- Sim, mas já era expectável.

- Uma questão de tempo? outra vez?

- Sim, mais uma vez... parece que nos habituamos ao momento que nos dizem que é uma questão de tempo... e aguentamos o peso do mundo até o tempo... já não ser uma questão.

- Já somos tão poucos...

- Acho que sentimos mais a ausência onde estava algo, onde estava alguém... do que aquelas famílias pequenas, onde tudo é ganho, tudo é lucro...

- Tem sido horrível...

- Não te casas em setembro? emprenha depressa e começamos a recuperar os números...

- Três putos cada?

- Hey calma! tu tens os que quiseres, que putos dão muito trabalho... mas fica combinado... Mando vir o Pequeno Nikita quando encomendar a Russian Bride aos 35, depois arranjo mais dois para fazer número e... já só falta convencer o teu outro irmão para fazermos o pleno.

- E fora de brincadeiras?

- Fora de brincadeiras... o teu plano parece-me bem, mas tu começas primeiro... por hierarquia de idades...

- Quando te dá jeito, é uma questão de idades...

- Hey! o resultado vai ser o mesmo, é uma questão de tempo.

Nenhum comentário: