Deixou-se embalar por um tempo mais suave, misturado a pele e sol sobre uma cama desfeita onde tudo sobre esta sorria.
Indagou-se o que teria acontecido àquela outra música, se estaria bem por agora ou teria parado de tocar de vez.
Acordava às vezes de manhã e cobria-o um manto de silêncio.
Ouvia-a falar suave e com carinho, como se ao seu lado estivesse naquela outra cama a pedir reforma, ouvia- a falar e ficava quieto, sem se mexer, sem abrir os olhos...
Tinha o desejo de abrir e ser o mesmo sol quente sobre o seu rosto, de lhe sussurrarem planos e viagem, danças e acima de tudo... qualquer coisa urgente para o almoço que a fome aperta e não gosta que lhe digam que não.
Mas abriu os olhos e o sol já não era o mesmo.
O quarto não era o mesmo.
Obviamente, era outro o colchão.
Vazio de ideias e planos, era um resto cansado de uma noite atracada numa recordação tão recente, mas tão distante.
Sentiu-se novamente em silêncio, nos gestos, no respirar.
Sentiu-as em silêncio quando as procurou, todas as ideias, quer as suas quer as dela que tomara como dele também, viagens e planos que nada agora tinham para lhe falar.
Pequenas coisas que se cravaram, até o derrotar.
Grandes nadas que vieram para ficar, vincar presença e posição.
Lembrou-se daquela música dos Pogues e prendou-se com um sorriso.
Lembrou-se que o tempo passou por si e esse sorriso do rosto se foi.
Era tarde demais.
Apenas e somente para si, tarde demais.
"Still there's a light I hold before me... you're the measure of my dreams, the measure of my dreams"
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