terça-feira, 10 de maio de 2011

A pedido de uma leitora com a qual estava em falta

Afogo as mágoas no café, sentado a ler o fantástico livro - Metro 2033. Penso que devia ter continuado a leitura do mesmo em casa, de noite, iluminado apenas e somente por um isqueiro...

Chamas por mim que não te tinha visto- concentrado no livro - e surpreendes-me no acaso de tanto tempo depois nos cruzarmos por capricho da fortuna no mesmo café.

Perguntas-me pelo História da Mara, pela fuga para Buenos Aires e se ainda tenho o blog.

Prometes-me o teu abraço no Festival de tango que ai vem, exiges-me que transcreva o que contigo, de memórias nossas partilhei entre um cupccino e a chegada da tua amiga que se atrasou- e por ela se ter atrasado entraste no café para lá lhe fazeres uma espera. Apontaste-me o dedo autoritária e afirmaste que só me perdoarias a minha ausência do teu mundo se escarrapachasse aqui o que te recordei.

Odeio-te J, com força.


-


"
- Tenho o teu número novo agora mas não te vou ligar, vais ser tu a ligar primeiro para mim, porquê? porque tens saudades minhas, quer da pessoa, quer do corpo... desrespeitares-me a proxêmica toda...

- oh deus! tu lembraste disso?

- Como me esquecer das nossas aulas de antropologia do espaço... era fofo sermos um pseudo-casal na faculdade, nunca namorados mas sempre inequivocamente numa relação... ah, agora lembro-me, numa das aulas, estavas obviamente sentado ao meu lado e colado ao meu ouvido quando se falava da distância intima ser entre 0-45cm disseste-me - quero-te mostrar a distância intima de 26cm negativos boneca...

- Já chega, eu já me lembro, não precisas de continuar...

- Oh meu caro, eu continuo sim, eu respondi-te - no máximo uns 14, 15cm negativos fofo... e a Filipa à nossa frente ouviu a conversa toda e começa a rir alto e descontroladamente e teve que explicar o porquê à turma toda...

- Podias ter sido mais generosa no tamanho, dizias os valores reais e eu ficava satisfeito... mas não, tinhas que.

- Exagerar para efeitos cómicos? sempre. - deixou poisar a poeira da recordação em seu redor, inclinou-se para a frente e atacou- diz-me, tens alguém?

- Estás aqui comigo há o quê? sete minutos?

- Responde-me! tu sabes que é indiferente, o resultado vai ser o mesmo, é uma questão de saber o lado oficial da coisa...

- O lado oficial da "coisa" é que estou oficialmente solteiro, mas não me queres contar de Barcelona? falar-me de ti e dos teus anseios, do que te move e angustia?

- Depende da envolvente... aqui não, no suor pós coito do meu quarto, tu ofegante e eu a brincar com a penugem do teu peito...

- Não achas que estás a ser um pouco para o...

Calou-se quando viu que atingira o efeito a que se propusera, encontrava-se diante dela em desconforto e a pensar forte e detalhadamente na cena sugestionada, ela controlava claramente a conversa, apanhado com a guarda baixa, pouco ou nada preparado para a reencontrar sem aviso e requerimento prévio.
Para a reencontrar tão igualmente intensa.

Dispersou-se desconcentrado a girar a colher na chávena

- Hey! volta para mim, o que se passa?

- Tens a pele suavemente bronzeada. Tens um travo rosado no rosto e fico a pensar se é da tua varanda nas traseiras para o jardim no teu prédio, esponjada no sofá de verga a meias com os almofadões que te dei. Gosto de imaginar que lês quando por lá te deleitas com o sol, gosto de imaginar que te espreguiças e dormes um pouco e ficas em preguiça assim muito tempo. vejo a mesa de madeira que a tua mãe te deu e imagino que caprichaste num bem calibrado jarro de Mazagran para te fazer companhia e aplacar a sede...
Mas no entanto olho para ti agora e vejo-te com o cabelo assim preso e lembro-me de março de 2008, já não me lembro se vínhamos do cinema ou apenas do café... já sei! vínhamos de casa da tua amiga, a ruiva que morava em cascais que tinha a bela da piscina... mas adiante, estávamos a descer para tua casa e choveu, lembro-me que tinhas um casaco preto comprido e estavas com o cabelo exactamente como o tens agora, aqui sentada diante de mim. Eu puxo-te para debaixo da soleira de uma porta, abraço-te e tu... tu beijaste-me o pescoço e empurraste-me para a porta e no mesmo gesto impulsionaste-te para a rua, para a chuva que caía... lembro-me de abrires o casaco e eu pasmo, em choque a ver-te a apanhar uma molha. Estavas indiferente às gotas que gradualmente te molhavam o cabelo, o rosto, a roupa. Abriste o casaco, tiras-me os óculos atenciosa e puxaste-me para ti.
Estavas de saia, tinhas umas botas de cano alto e uma camisola vermelha justa ao corpo, senti-te quente do teu calor dentro do casaco nas minhas mãos quando te invadi a proxêmica pela cintura.

Dançaste para mim à chuva, colaste o teu corpo ao meu, molhada e eu molhado.
Vejo-te assim com o cabelo preso e lembro-me de ti a dançares para mim."


-


Não me recordo de tudo.
Não me parecia bem debitar falas. Ainda pensei em desenvolver-te como uma personagem demoniaca tipo Morgana mas é tarde e estou rabugento, não te via há muitos anos e fiquei tenrinho mas não parvo.




Não parvo... lol, I wish.

Um comentário:

S' disse...

encontrei por acaso e gostei muito, muito :D vou ter que seguir, ah pois vou