Foi idiota, eu sei.
Arrastar-me durante anos preso a algo que não tinha nada onde se segurar.
Talvez eu seja demasiado fiel à frase - "por ser em vão é que foi belo" do Cyrano.
E é belo.
O ser em vão é fantástico, dá-lhe um travo a épico por mais patético que o gesto seja...
... e eu sou tão bom a fazer patético...
E assim fiquei, no limiar de quem receia dar o pequeno e final passo que liberta, que vence todos os medos e todas as amarras que mais ninguém senão nós mesmos enredamos à volta da mente, do corpo.
Deixei-me ficar à distância desse pequeno gesto, de um pequeno nada.
Deixei o tempo passar e chegou ao ponto que o pequeno gesto seria invariavelmente em vão.
E eu desisti de o fazer, segui em frente.
Mas não era, não conseguia ser livre.
Afastei-me, tentei correr para longe, ficar distante de algo que eu sempre tive a certeza que ia acontecer.
E finalmente, patético e triunfante...
Libertei-me.
E hoje sou livre, sou inteiro.
Hoje eu finalmente sou.
5 comentários:
graças a deus!
Gosto mesmo mesmo deste texto!
Ser livre é isso mesmo, é quando quebramos com tudo o que nos impede de fazer o que realmente queremos. E somos realmente livres tão poucas vezes...
Aii a dificuldade que é nos libertarmos..
De certeza que já estás livre ? !
Ou só estás a tentar ser livre ?!
Estou, sem dúvida, mesmo que me sinta por momentos como se estivesse a tentar correr e me prendessem pela cintura e depois me soltassem de repente - o que te leva a saíres disparado a correr um bocado para o desengonçado.
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