segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Monstro

Há uma piada terrivelmente idiota - não é carne nem peixe... é frango - que se torna ainda mais idiota no facto de já ter visto assumidas vegetarianas dizerem que o eram mas adoravam comer frango e comiam quase todos os dias.
o tema é monstro não piadas idiotas.
podia ter colocado tantos outros titulos e dizer exactamente a mesma coisa.


posso tentar definir monstro... mas se a própria palavra se aplica ao termo - Buffon, um monstro na baliza da Juventus - e isso é bom, por mais conotações negativas que esmifre... é sempre vago...
a única coisa que não é vaga é estarmos tristes, magoados... mesmo que a situação não seja nem propriamente boa nem notóriamente má... sentimos todo o peso desse sofrimento nos ombros e ouvirmos o risinho cínico dessa sensação a cantar o mestre barry white "i´m never gonna give you up... I'm never really gonna stop..." e termos a total e completa certeza que nada do que façamos isso muda... se veio para ficar ficou.
por isso, não é vago, é uma certeza essa sensação que nasce de uma relação pecaminosa de pais incertos e que sentimos com mais força que a onda que nos acertou na fuça quando pensamos em fugir e nos esquecemos de mergulhar por debaixo...
estarei a ser vago sobre a sensação? é a tristeza, em Inglês o termo é mais correcto - Grief - e não Grieve que isso é mau mas não é tanto.



Sai do jogo, da vitória do Porto na luz com todos os motivos para sorrir e não fosse todas as promessas que me haviam pouco antes sido feitas estarem sorridentes nos braços de outro que não os meus e continuaria a sorrir... mas não, não eram comigo que essas promessas estavam nesse momento tão saboroso - e que golo marcou o quaresma... - foi a morte da recordação que me trazia a felicidade.
foi num lugar onde já fora feliz, um lugar meu, MEU! como os sítios a que somos intimos, aquele jardim onde rebentavamos as calças a correr atrás da bola, o miradouro onde passavamos e fomos presenteados com um magnifico e sempre esplenderoso por-do-sol sobre lisboa sem disso estarmos à espera, aquela praia onde levamos com a onda na fuça mas também onde à noite ela se aninhou no ombro e a meio de um arroto a cerveja nos disse que eramos um gajo fixe e nos envadiu a boca com a lingua dela...
foi num sítio desses que a vi, à promessa, sorridente mas ausênte que a via ali... por outro acompanhada, a outro prometendo e deliciando com a ideia do bom que estaria por surgir...

Como não Amar um cão abandonado? como não sentirmos a mágoa de quem partiram e muito o coração? como não sentir a vontade de o convidar para uma noite de copos e acabar a dizer- porra pá... as gajas são mesmo do caraças... vá, a ultima pago eu..., como não sentir-mos que não foi justo o que lhe fizeram a troco da entrega total e fidelidade absoluta? como não neste instante sentir vontade de soltar um - como te compreendo, e dar-lhe uma festa no lombo para tentar dizer que vai ficar tudo bem... essas palavras tão magicas... tão uma promessa que resulta sempre mesmo que se saiba que muito provavelmente não vai ficar tudo bem nem perto disso...
vai ficar tudo bem.

E por muito que agora lá passe, nesse sitio que era meu, agora já não me pertence, já é desse momento de dor, de profunda desilusão da ilusão de ter sonhado até esse instante, de ter acreditado até esse instante... já não me pertence o que era e devia ser meu...
Não é que somente agora o valorize, antes pelo inverso, já antes saboreava as pedras sobre as quais ia apressado a caminho de um pecaminoso ravioli, já ai inspirava guloso o ar - admito que um pouco para o poluido do saldanha - como em veneza sobre o canal, diante do museu à noite quando o vento se levantou forte e violento, e eu absorvi sozinho toda aquela energia em meu redor no alto de um palco sobre o canal onde algo se inaugurara algum tempo antes... bom momento esse...
já não é meu esse sitio.

e afinal quem era o monstro no meio disto tudo? o cão? a dor? a tristeza?
eu?...
não, não estou a fazer um referendo e provavelmente era eu o eleito - principalmente por todos os lampiões que viram comigo a magnifica mas escassa vitória do FC Porto na luz
também não sou queixinhas, não quero tar a apontar nomes e ter colocado uma foto da abobada celestial no fim é mera coincidência, assim como é coincidência a frase - you better not be messing with me - ter-me passado pela mente quando me foi prometido toda a ilusão que me acertou na fuça e apresentou à vozinha a cantar o Barry White, afinal, há coisas com as quais é mesmo bom que não estejam a brincar connosco quando nos dizem pois podemos as levar a sério, tão a sério que gostamos delas e até as queremos levar para casa, como um cão abandonado que nos achou piada e seguiu até casa.
Mas afinal, serei ou não o monstro? por sentir a revolta? o engano? a raiva da revolta do engano? isso não é ser um monstro... será a sensação o monstro? por estar a fazer o seu trabalho? não me parece então que seja a sensação - o cão abandonado começou a sair de fininho não fosse agora sobrar para ele, será o Barry White? obvio que não, o mestre que nos ajudou e acompanhou - musicalmente senão era um bocado estranho ele estar mesmo presente - em longas noites de amor e paixão pode ter os seus designios para todos nós, mas estes envolvem velas de cheiro, musica - dele Barry White - jantar, lareira, lençois e corpos suados (apetece-me dizer - e um ponei!!!!!), logo nunca será o Barry White o monstro...
no meio disto tudo, acho melhor não por a culpa em ninguém, não era justo e de algo que não é justo já tou eu farto de sofrer - era penalty sobre o lisandro na primeira parte já agora - não vou ser eu agora a fazer aos outros o que não gosto que façam a mim...

Não, não vou sair a dizer que desta é de vez - ao som da mágnifica música As regras da sensatez de Rui veloso, vou sair a dizer que o Steve McQueen era o maior e vou tentar alinhar nesse espirito - o Steve Mcqueen é o expoente máximo da ideia de ser livre a qualquer preço, de fugir do que nos prende a qualquer preço, quer no filme Papillon ou no The Getaway por exemplo, ser livre...
tenho um blusão de cabedal como o Steve... já é um começo...
fica a recordação no sitio que já não é meu, fica o cão comigo que ainda me está a dever duas imperiais, fica o Barry White, fica a tristeza do que se perdeu ou do que se pensou ter, fica todas essas coisas más que teimam em ficar por mais que o filme já tenha passado os créditos e já estejam a varrer as pipocas da sala que eu já me habituei... a Claudia Black é uma mulher casada e mãe de filhos, só um de nós teve essa sorte...
é puxar o cão pela trela, é por as golas do blusão para cima que está frio e a meio de um sorriso dizer - não é carne nem peixe... é frango




Fotos - André e João Diogo - em sitios tão exóticos como as cataratas do iguaçu, a lagoa de santo andré e a casa do walter...
Agradecimentos - ao João diogo não só pela foto mas pelo apoio técnico e logistico e as gomas que sempre se lembrou de trazer, ao Walter que adoptou o cão da foto - que é provavelmente o cão mais preguiçoso de todos os tempos, ao Barry White e ao Steve Mcqueen, ao Quaresma e ao Pedro Emanuel, ao Rui Veloso por ser não so do FC Porto mas por um dia se ter sentado ao meu lado no auditório do Colégio para falar de bola já que eu estava a ler o jornal antes do concerto, à Ana Vieira que vai ler isto de certeza, e por ultimo à Claudia Black a quem disseram - you better not be messing with me - e ela não estava mesmo...

Nota final - a frase "you better not be messing with me" surge no ultimo episódio da ultima temporada da série Stargate - unending

2 comentários:

Deizz disse...

o que se pode dizer??...simplicidade genial...ou qualquer coisa assim? hmmm talvez péssimo por falar no raio da derrota que me custou mais umas celulas hepaticas cof cof...
watta fuckin honour. watta true gentleman.
de uma forma muito desagradavelmente indirecta..André tás cá dentro...LOL
kilos e kilos de baci (so podia..lol)

Hathor disse...

Eis um post no dia do meu aniversário... e digamos que neste mesmo dia fiz alguém sentir o que tu descreves-te... e não fiquei nada feliz.
Detestei esse ano de 2007, simplesmente detestei.