sexta-feira, 2 de julho de 2010

Agarras-me pelos olhos



E agarras-me pelos olhos, tu do outro lado da multidão.

Mais valia ter cegado, que ter ficado grudado assim meio atordoado... totalmente abananado, formigueiro nas pernas, queixo meu até ao chão.
Bastonetes e córnea devassados com esse teu bambolear com que te passeias, que me faz suar nas meias, que trepo visualmente pelas ameias do teu decote ali tão a chamar por mim...

E fixas-me e sorris, e eu sei que queres que te possua ali no chão, mesmo sujo e patinhado... com pessoas a ver - eu gosto de ver... - e eu quero-te possuir ali no espaço, com talento e jeito, com empenho e estilo desengonçado, de quem improvisa e vai a tacto, às apalpadelas até te por a ... hiperventilar, a soluçar... a rir compulsiva de confusão - mas quem é este gajo agarrado à minha perna - e prazer...

E eu tenho que ir até ai, tenho que avançar determinado, convicto e assoado, cabelo domesticado, aquela barba que te vai arranhar o pescoço umas horinhas até encontrar outras partes - preferencialmente erógenas - para as mexer remexer e ...

Concentro-me nos teus olhos, tu coras no rosto, procuras-me até estar tudo alinhado e organizado por cores em degradê e eu não ter como te fugir, eu avanço e encurtas com o teu passo, tu que sorris e avanças aqui para o bonitão.

Ah que eu tenho-me nos teus olhos toda a noite, eu vou por ti para ti até me devolveres as chaves das algemas... para eu as perder assim meio por acidente no meio da confusão e termos que ficar aprisionados umas horinhas mais até alguém as encontrar...

E perdermos-las outra vez...

Mas tu fazes de propósito, tu invades o meu espaço, o intimo e o paranormal.

E eu vou-te fazer como tu gostas, na boca e nas costas, das orelhas e àquela zona ali entre o queixo e o sovaco que a tua alça tombada destapou.
Desvio-te o cabelo do rosto e tu puxas-me pelo cinto, eu beijo-te no rosto, tu mordes-me o pescoço, quero-te ver a gatinhar... assim devagar pelo chão até subires pelas minhas pernas, sentadinho bem comportado, mas a precisar de castigar...

É que eu portei-me tão mal...

Mas tu que me olhas deliciada, me arrancas das mãos umas palmadas, umas lambidelas aventuradas... lascivas e bem molhadas, pouco ou nada apressadas... bastante demoradas até te por a implorar...

E eu ainda mal te toquei!

E agarras-me pelos olhos, ali sozinhos já sem a multidão, apenas eu e tu...

Descubro que me gostas, que te beije e te abrace contigo de costas, puxas-me forte despenteando, as tuas ancas assim rodando... encaixadas... encaixando-me... Tu muito ergonómica, eu mui agradecido pelo privilégio de tão agradável momento de convívio...

Muito agradável, muito mesmo.

E olhas-me depravada- tu tem calma mulher! - que tens muita coisa na lista para me dar de presente, dar-me as tuas unhas dolorosamente até eu gemer-te por perdão...

Rodo-te para um outro conceito de posição, sorris como quem diz que apreciou atenção e a ideia, criatividade mulher, criatividade e empenho!.
No teu caso torção de corpo que fixa e atenta aos meus olhos te mantens, tua vitima teus reféns, olhos meus que te contemplam, costas... corpo, tanto cabelo para arrepanhar e puxar... mexer... reclamar e nariz a fundo...

me perder.




Nota- isto começou a altas e impróprias horas com a frase - "Lookin' in your eyes while you on the other side", a imagem de um ombro destapado cuja dona dançava a chamar por mim.

A frase é da Música Love in this club - The Baseballs

O ombro... bem, ela é Loira... o resto...

Um cavalheiro não comenta essas coisas!

(por isso mesmo é que acabei de escrever um texto enorme sobre o assunto...)

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