Aproximo-me e pergunto-lhe - o que andas a fazer?
Ela responde-me que estava ali, apenas ali.
Fico em silêncio, ficamos ambos.
Apetece-me dar-lhe um abraço, apetece-me dizer-lhe que me sabe tão bem o vento fresco de final de dia que me refresca o rosto e que lhe despenteia os cabelos brancos ali na sua companhia.
Pergunto-lhe o que lhe apetece comer, ela pergunta-me se já arrumei o quarto.
Conversarmos sobre água nas plantas, sobre aquele jardim ali à sua direita.
Faço-a rir, ela pede-me pizza que está a ficar com fome.
Chamo-lhe pirata que a apanhei a saquear queijo da serra na cozinha.
Acachapo-lhe o cabelo fino, velho e esvoaçante, com carinho numa festa disfarçada de quem não faz dessas coisas a ninguém.
... mas não resistiu.
Vamos para dentro que se faz tarde, e ela parte sorrindo traquina, deixando-me no meio dos vasos da varanda, feliz e só.
De a ter tido ali sossegadita por um instante, cúmplice naqueles momentos em que parece que o tempo nos parou, que nos vincam, nos definem e dissipam quem para nós é importante.
E vejo-a partir pelo quarto.
E sinto a sua falta imediatamente.
E ela pára o seu caminho, ela ri-se tentando não sorrir.
- Olha André, já que estás ai... podias-me ir regar as plantas...
- Para a minha Avó -
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