Para não variar, tenho mais feedback do que escrevo fora do blog do que em comentários no mesmo.
Eu sei que este blog foge do seu intento inicial de ser um blog de tributo a uma das maiores vozes femininas contemporâneas que é inquestionavelmente a grande, a fantástica, a mágica... Sara Beirelles.
O texto - O meu amante gay e a sua esposa - foi qualquer coisa de surreal na reacção que recebi após a sua publicação.
Recebo pela hora de almoço a seguinte mensagem de uma pessoa já por aqui citada no blog:
" Meu Estupor, Excluindo todos os teus post sobre mim, acho que foi o teu melhor post de sempre... mas perdeste um seguidor... devia ser o teu seguidor filipino que não achou graça à piada no texto"
É por isto, que o post anterior é meu mais melhor bom de sempre.
Esse ou aquele Post em que conto quando passou por mim no balneário do Holmes Place onde andava o Cláudio Ramos só de toalha e...
Pera, eu nunca publiquei essa história...
Oh porra...
quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
terça-feira, 18 de dezembro de 2012
O Meu Amante gay e a sua esposa.
A primeira vez que vi o gajo foi há coisa de um ano, num domingo em que chovia. Ele não era daqui.
Entrou-me pelo bar e sentou-se ao balcão. Tirou as luvas, sorriu e perguntou-me se apanhava o canal onde ia passar o jogo do clube dele.
Levou-me a meter o bar em polvorosa, quase em motim quando fazia zapping à procura do jogo.
Voltou cá no fim de semana seguinte, e depois voltou no outro e o outro a seguir até que passou a vir também durante dias de semana. Tínhamo-nos tornado amigos.
Engraçado recordar que, a certa altura eu reparo que no bar estava tudo a torcer pela equipa dele durante os jogos, a certa altura reparo que me tinha conquistado a clientela.
Muitas vezes ficou a ajudar depois da hora de fecho, umas vezes a acabar o barril da cerveja, outras a limpar mesas e clientes alcoolizados de frente da porta.
Ninguém percebia o que fazia atracado à gaja que vivia com ele.
Estavam juntos há pelo menos dois anos, ele evitava falar dela, dizia até por piada que durante os jogos descansava a cabeça, afinal, podia desfrutar do silêncio...
Ninguém gostava dela, eu cá pensava que se ele gostava, alguma coisa ela devia ter para ainda estar com ela.
Algo que nunca encontrei.
Ele naquela noite olhou para o ecrã e mandou abaixo o resto da cerveja - Cheira-me que vão adiar o jogo assim como está, é da maneira que vou mais cedo para casa hoje e durmo umas horas extra...
Tentei demovê-lo mas nada feito, meia casa foi embora quando perceberam que não haveria jogo.
- O teu amigo hoje deu-nos cabo do negócio!- disse-me a verdadeira dona da casa, que me tinha posto uma aliança no anelar, não para eu não ter ideias, mas para demover qualquer aventurosa cliente que gostasse demais da minha cerveja.
- Ele não bebe assim tanto...
E calei-me, ele estava de volta, com um cacto debaixo do braço.
Sentou-se e colocou o cacto sobre a mesa.
-Então? saudades minhas? - digo e coloco-lhe uma cerveja à frente
- Antes fosse... preciso de um sítio onde por aqui o Miguel - apontou para o cacto - a dormir esta noite, isso e talvez que me ajudes a encontrar onde ficar nos próximos dias.
Fitei-o.
Contornei o balcão, sentei-me na cadeira ao lado da dele. Acenei-lhe que falasse.
- O que queres que diga?
- Somos amigos não? é natural que pergunte o que se passa
- Cheguei mais cedo a casa, apenas isso.
- Apenas?
- Isso e Ela estava lá a ser comida por um gajo qualquer.
Fitei-o em silêncio, ele nada disse.
- FODA-SE! filha da puta! - disse a dona da casa do outro lado do balcão.
Ele riu-se e levou a cerveja à boca, não respondeu.
A dona da casa inclinou-se sobre o balcão e beijou-o no rosto.
Ficámos em silêncio, ele terminou a cerveja e ofereci-lhe outra.
- Só se me fizeres companhia, não tem graça beber sozinho.
- Tenho um sofá estupidamente confortável, está vazio, podes ir para lá com o Miguel.
- Não coloco nenhuma objecção. - disse a Dona do bar e foi atender um cliente n'outra parte do balcão
- Se ela não coloca objecções está feito, ficas lá hoje em casa, acredita, o sofá é confortável... lembras-te da Checa que tava aqui quinta?
- A que era designer ou lá o que era?
- Essa mesmo, a gaja deu-me uma gorjeta 5 estrelas e começa-me a fazer conversa... ali a patroa ficou toda fodida com ciúmes e meteu-me a dormir lá... ah ah ah... o giro é que passados 5 minutos veio-se enroscar no sofá e... ela vem aí, age naturalmente.
- Olha lá, isto é estúpido... mas tenho que te perguntar...
- De gatas
- Ah?
- Tava a comê-la de gatas
- Eewww, não bebes mais... o que eu quero saber é isto... mas que raio tá aqui a fazer o Miguel? tu chegas a casa, apanhas a Puta a fazer de Puta... e... vens-te embora com o cacto?
- Foi a minha Mãe que me deu o cacto, há que respeitar certas coisas...
Estranhamente, fazia sentido.
Chegados a minha casa diz-me que lhe ia enviar uma mensagem só para não meter a policia à procura dele.
- As tuas coisas? como fazemos?
- Fazemos?
- Estás a pensar que vais lá sozinho, é muita coisa?
- Importante? não, roupa que cabe numa mala, uns cd's, livros, talvez uma ou duas coisas realmente importantes, o resto que se foda.
- Quando queres ir lá?
- Vou amanhã quando sair do trabalho... mas não sei onde colocar as cois...
Vejo a mulher com quem me casei arrastar o móvel, abrindo-lhe os braços como um mágico para o espaço vazio.
- Tens uma semana, depois ponho-te a mexer que não gosto de partilhar o meu homem e vocês são demasiado cúmplices, agora .. vou dormir.
Abraçou-o, beijou-o no rosto e despenteou-lhe o cabelo
- Conheço tanta porca que te vai querer comer... tu com esses olhinhos de estrangeiro perdido a pedir colinho...
- A sério? não achas que é cedo demais? - digo-lhe
- Elas já o queriam comer antes, tás a ver a Anita? imagina agora que ele tem esta história de cachorrinho para contar... vou ter que passar a desinfectar as maçanetas cá de casa para não apanhar nada de tanto sexo que lhe vão fazer... vais ver
Ficamos a olhar um para o outro estupefactos.
- Onde é que tu arranjaste uma gaja destas?
- Ikea...
- A sério?
- Não, quer dizer, ela trabalhava numa loja, mas não era o Ikea, era de informática, porra, a quantidade de ratos que comprei só para ir lá refilar com ela e meter conversa...
- Sempre dá mais jeito que ires lá trocar um roupeiro... tinha sido impossível, assim... foi o destino!.
Colocou o Miguel em cima da mesa da sala, afagou as orelhas do Maldini, o meu gigantesco cão de Montanha dos Pirenéus.
- Bem, vou dormir, o Cão fica onde?
- Depois descobres.
O cão ficava no sofá, independentemente de quem lá também estivesse.
Eles já estavam à minha espera, bem dispostos.
- És sempre a mesma merda, só não chegaste atrasado ao nosso casamento porque és um cagão com o meu Pai.
- Também te amo muito meu anjo, olha, antes de subirmos...
- Eu acho que ela cabe no tapete da sala, bem enrolada, já estacionei o carro no beco e a tua mais que tudo tem uma pá...
- Não, quero saber se estás ok para isto, não é fácil...
- Já vês, só vos peço que aconteça o que acontecer... eu não me demoro mais do que 30 minutos lá em cima, combinado?
- Já me viste a arrastar gajos com o triplo do meu tamanho do bar, gajos que aqui o meu querido marido acha giro ficar a ver-me ter o trabalho todo sem me ajudar...
- Ficas tão sexy a bater em homens grandes...
- Vem cá seu canalha- disse e puxou-me para o seu corpo
- Vamos lá? já vi demasiadas pessoas que não eu a fazerem o sexo este mês e ainda estamos a 16...
- Vamos! isto se tiveres as chaves, era tão lindo...
Ele tinha as chaves, subimos.
Entramos e ela estava sentada no sofá. Levantou-se.
- O que aconteceu? o que se passa? não vieste para casa depois do jogo...
Ele olhou para ela e sorriu
- Este é o meu amante Gay e a esposa dele.
- Confere - diz a minha esposa.
- Não tem piada - disse ela - fiquei preocupada...
- Por eu ter arranjado um viking alto grande e musculado e tu teres... aquilo parecia-me um filipino ou sei lá, um hobbit...
- Estás parvo? foda-se, estás a dizer o quê?
Vejo-o retirar o telemóvel do bolso do casaco, tactear, encontrar e mostrar-lhe o ecrã.
Os olhos dela abriram-se, o rosto corou, levou a mão ao telemóvel sem sucesso.
- Eu apago a foto, foi só mesmo para evitarmos uma conversa desnecessária...
- Eu amo-te, não! NÃO! não faças isto! não...
A patroa apertou-me o braço, estava a ficar irritada
- Posso-lhe bater? posso? deixa lá... não sejas assim...
Ele foi ao quarto, eu entrego a lista que nos fizera à minha impulsiva mulher e começamos a retirar das prateleiras os livros e cd's que ele tinha escrito no papel.
Ela no quarto gritava, implorava, ameaçava, argumentava com chantagem e dele não ouvimos uma única vez a voz.
- Olha lá, não tá na lista, mas este poster do Casablanca é qualquer coisa de mágico, é teu?
Ele sai do quarto, olha para o poster e para a minha mulher - não, é teu agora, fui eu que o paguei o mês passado.
A minha mulher olha para mim, olha para ele, levanta a mão e diz - jackpot!
E ele devolve-lhe o pedido de um hi-5.
- NÃO! NÃO! NÃO! tu não vais a lado nenhum!
- Já fui, fui ontem, e fui embora.
Acabou de arrumar as coisas já me doía a cabeça de a ouvir, percebi então o que ele queria dizer com estar num bar apinhado de gente a ver futebol ser o seu "momento de silêncio".
Descíamos as escadas pela última vez e ele volta para trás, ela tombada num drama cénico na porta entreaberta.
Ele chega ao pé dela, ela estende-lhe a mão
- Eu sabia que voltavas...
- Não foda-se, achas? - e tira do porta chaves a chave da porta, atirando-a de seguida para o chão.
Entramos no carro, arranco.
Fazemos uns quilómetros em silêncio.
Minha esposa tira o cinto e atraca-se nele, dá-lhe um beijo no rosto.
- Estou tão orgulhosa foda-se, foste simplesmente épico... até fico com remorsos de... de...
- De? - perguntamos os dois ao mesmo tempo.
- De ter gamado este vaso com malmequeres que encontrei...
- Não fiques, eram dela!
Semanas mais tarde, já depois de ter comido a Anita meio por acaso - há quem diga que a Anita aproveitou uma noite de comemoração excessiva após uma vitória por 3-2 no último minuto que me deu cabo de duas mesas na celebração do golo... há quem diga que a Anita o violentou no WC dos homens e é por isso que o autoclismo não funciona bem às segundas feiras...
Dizia, semanas mais tarde estávamos sentados num sábado de manhã a comer bolos sobre a relva ao pé do rio, ele acompanhado de uma Sueca que não o largava a tentar saltar-lhe para cima em público, uma gaja tão boa que a minha fantástica esposa afirmou e passo a citar -"se me traísses com esta gaja até te dava os parabéns foda-se! aliás, eu é que te vou trair com esta gaja, olha-me bem para aquele cu!" - quando vemos ao longe a Ex dele.
- Tu foge, ela deve andar à procura dos Malmequeres!
- Oh pá... diz-me, a sério... como é que não lhe chamaste nomes? como é que fizeste aquilo tão... tão cool, tão controlado?
- Como? olha, a vontade, óbvio, era chamar-lhe nomes, berrar com ela, era muita coisa que me ocorreu mas depois pensei... Eu tinha-me acabado de livrar dela... e ela ia e vai-se aturar eternamente.
Levantei-me, minha esposa levantou-se, a Sueca levantou-se sem perceber bem a coisa.
E demos-lhe uma salva de palmas.
Entrou-me pelo bar e sentou-se ao balcão. Tirou as luvas, sorriu e perguntou-me se apanhava o canal onde ia passar o jogo do clube dele.
Levou-me a meter o bar em polvorosa, quase em motim quando fazia zapping à procura do jogo.
Voltou cá no fim de semana seguinte, e depois voltou no outro e o outro a seguir até que passou a vir também durante dias de semana. Tínhamo-nos tornado amigos.
Engraçado recordar que, a certa altura eu reparo que no bar estava tudo a torcer pela equipa dele durante os jogos, a certa altura reparo que me tinha conquistado a clientela.
Muitas vezes ficou a ajudar depois da hora de fecho, umas vezes a acabar o barril da cerveja, outras a limpar mesas e clientes alcoolizados de frente da porta.
Ninguém percebia o que fazia atracado à gaja que vivia com ele.
Estavam juntos há pelo menos dois anos, ele evitava falar dela, dizia até por piada que durante os jogos descansava a cabeça, afinal, podia desfrutar do silêncio...
Ninguém gostava dela, eu cá pensava que se ele gostava, alguma coisa ela devia ter para ainda estar com ela.
Algo que nunca encontrei.
Ele naquela noite olhou para o ecrã e mandou abaixo o resto da cerveja - Cheira-me que vão adiar o jogo assim como está, é da maneira que vou mais cedo para casa hoje e durmo umas horas extra...
Tentei demovê-lo mas nada feito, meia casa foi embora quando perceberam que não haveria jogo.
- O teu amigo hoje deu-nos cabo do negócio!- disse-me a verdadeira dona da casa, que me tinha posto uma aliança no anelar, não para eu não ter ideias, mas para demover qualquer aventurosa cliente que gostasse demais da minha cerveja.
- Ele não bebe assim tanto...
E calei-me, ele estava de volta, com um cacto debaixo do braço.
Sentou-se e colocou o cacto sobre a mesa.
-Então? saudades minhas? - digo e coloco-lhe uma cerveja à frente
- Antes fosse... preciso de um sítio onde por aqui o Miguel - apontou para o cacto - a dormir esta noite, isso e talvez que me ajudes a encontrar onde ficar nos próximos dias.
Fitei-o.
Contornei o balcão, sentei-me na cadeira ao lado da dele. Acenei-lhe que falasse.
- O que queres que diga?
- Somos amigos não? é natural que pergunte o que se passa
- Cheguei mais cedo a casa, apenas isso.
- Apenas?
- Isso e Ela estava lá a ser comida por um gajo qualquer.
Fitei-o em silêncio, ele nada disse.
- FODA-SE! filha da puta! - disse a dona da casa do outro lado do balcão.
Ele riu-se e levou a cerveja à boca, não respondeu.
A dona da casa inclinou-se sobre o balcão e beijou-o no rosto.
Ficámos em silêncio, ele terminou a cerveja e ofereci-lhe outra.
- Só se me fizeres companhia, não tem graça beber sozinho.
- Tenho um sofá estupidamente confortável, está vazio, podes ir para lá com o Miguel.
- Não coloco nenhuma objecção. - disse a Dona do bar e foi atender um cliente n'outra parte do balcão
- Se ela não coloca objecções está feito, ficas lá hoje em casa, acredita, o sofá é confortável... lembras-te da Checa que tava aqui quinta?
- A que era designer ou lá o que era?
- Essa mesmo, a gaja deu-me uma gorjeta 5 estrelas e começa-me a fazer conversa... ali a patroa ficou toda fodida com ciúmes e meteu-me a dormir lá... ah ah ah... o giro é que passados 5 minutos veio-se enroscar no sofá e... ela vem aí, age naturalmente.
- Olha lá, isto é estúpido... mas tenho que te perguntar...
- De gatas
- Ah?
- Tava a comê-la de gatas
- Eewww, não bebes mais... o que eu quero saber é isto... mas que raio tá aqui a fazer o Miguel? tu chegas a casa, apanhas a Puta a fazer de Puta... e... vens-te embora com o cacto?
- Foi a minha Mãe que me deu o cacto, há que respeitar certas coisas...
Estranhamente, fazia sentido.
Chegados a minha casa diz-me que lhe ia enviar uma mensagem só para não meter a policia à procura dele.
- As tuas coisas? como fazemos?
- Fazemos?
- Estás a pensar que vais lá sozinho, é muita coisa?
- Importante? não, roupa que cabe numa mala, uns cd's, livros, talvez uma ou duas coisas realmente importantes, o resto que se foda.
- Quando queres ir lá?
- Vou amanhã quando sair do trabalho... mas não sei onde colocar as cois...
Vejo a mulher com quem me casei arrastar o móvel, abrindo-lhe os braços como um mágico para o espaço vazio.
- Tens uma semana, depois ponho-te a mexer que não gosto de partilhar o meu homem e vocês são demasiado cúmplices, agora .. vou dormir.
Abraçou-o, beijou-o no rosto e despenteou-lhe o cabelo
- Conheço tanta porca que te vai querer comer... tu com esses olhinhos de estrangeiro perdido a pedir colinho...
- A sério? não achas que é cedo demais? - digo-lhe
- Elas já o queriam comer antes, tás a ver a Anita? imagina agora que ele tem esta história de cachorrinho para contar... vou ter que passar a desinfectar as maçanetas cá de casa para não apanhar nada de tanto sexo que lhe vão fazer... vais ver
Ficamos a olhar um para o outro estupefactos.
- Onde é que tu arranjaste uma gaja destas?
- Ikea...
- A sério?
- Não, quer dizer, ela trabalhava numa loja, mas não era o Ikea, era de informática, porra, a quantidade de ratos que comprei só para ir lá refilar com ela e meter conversa...
- Sempre dá mais jeito que ires lá trocar um roupeiro... tinha sido impossível, assim... foi o destino!.
Colocou o Miguel em cima da mesa da sala, afagou as orelhas do Maldini, o meu gigantesco cão de Montanha dos Pirenéus.
- Bem, vou dormir, o Cão fica onde?
- Depois descobres.
O cão ficava no sofá, independentemente de quem lá também estivesse.
-
Eles já estavam à minha espera, bem dispostos.
- És sempre a mesma merda, só não chegaste atrasado ao nosso casamento porque és um cagão com o meu Pai.
- Também te amo muito meu anjo, olha, antes de subirmos...
- Eu acho que ela cabe no tapete da sala, bem enrolada, já estacionei o carro no beco e a tua mais que tudo tem uma pá...
- Não, quero saber se estás ok para isto, não é fácil...
- Já vês, só vos peço que aconteça o que acontecer... eu não me demoro mais do que 30 minutos lá em cima, combinado?
- Já me viste a arrastar gajos com o triplo do meu tamanho do bar, gajos que aqui o meu querido marido acha giro ficar a ver-me ter o trabalho todo sem me ajudar...
- Ficas tão sexy a bater em homens grandes...
- Vem cá seu canalha- disse e puxou-me para o seu corpo
- Vamos lá? já vi demasiadas pessoas que não eu a fazerem o sexo este mês e ainda estamos a 16...
- Vamos! isto se tiveres as chaves, era tão lindo...
Ele tinha as chaves, subimos.
Entramos e ela estava sentada no sofá. Levantou-se.
- O que aconteceu? o que se passa? não vieste para casa depois do jogo...
Ele olhou para ela e sorriu
- Este é o meu amante Gay e a esposa dele.
- Confere - diz a minha esposa.
- Não tem piada - disse ela - fiquei preocupada...
- Por eu ter arranjado um viking alto grande e musculado e tu teres... aquilo parecia-me um filipino ou sei lá, um hobbit...
- Estás parvo? foda-se, estás a dizer o quê?
Vejo-o retirar o telemóvel do bolso do casaco, tactear, encontrar e mostrar-lhe o ecrã.
Os olhos dela abriram-se, o rosto corou, levou a mão ao telemóvel sem sucesso.
- Eu apago a foto, foi só mesmo para evitarmos uma conversa desnecessária...
- Eu amo-te, não! NÃO! não faças isto! não...
A patroa apertou-me o braço, estava a ficar irritada
- Posso-lhe bater? posso? deixa lá... não sejas assim...
Ele foi ao quarto, eu entrego a lista que nos fizera à minha impulsiva mulher e começamos a retirar das prateleiras os livros e cd's que ele tinha escrito no papel.
Ela no quarto gritava, implorava, ameaçava, argumentava com chantagem e dele não ouvimos uma única vez a voz.
- Olha lá, não tá na lista, mas este poster do Casablanca é qualquer coisa de mágico, é teu?
Ele sai do quarto, olha para o poster e para a minha mulher - não, é teu agora, fui eu que o paguei o mês passado.
A minha mulher olha para mim, olha para ele, levanta a mão e diz - jackpot!
E ele devolve-lhe o pedido de um hi-5.
- NÃO! NÃO! NÃO! tu não vais a lado nenhum!
- Já fui, fui ontem, e fui embora.
Acabou de arrumar as coisas já me doía a cabeça de a ouvir, percebi então o que ele queria dizer com estar num bar apinhado de gente a ver futebol ser o seu "momento de silêncio".
Descíamos as escadas pela última vez e ele volta para trás, ela tombada num drama cénico na porta entreaberta.
Ele chega ao pé dela, ela estende-lhe a mão
- Eu sabia que voltavas...
- Não foda-se, achas? - e tira do porta chaves a chave da porta, atirando-a de seguida para o chão.
Entramos no carro, arranco.
Fazemos uns quilómetros em silêncio.
Minha esposa tira o cinto e atraca-se nele, dá-lhe um beijo no rosto.
- Estou tão orgulhosa foda-se, foste simplesmente épico... até fico com remorsos de... de...
- De? - perguntamos os dois ao mesmo tempo.
- De ter gamado este vaso com malmequeres que encontrei...
- Não fiques, eram dela!
Semanas mais tarde, já depois de ter comido a Anita meio por acaso - há quem diga que a Anita aproveitou uma noite de comemoração excessiva após uma vitória por 3-2 no último minuto que me deu cabo de duas mesas na celebração do golo... há quem diga que a Anita o violentou no WC dos homens e é por isso que o autoclismo não funciona bem às segundas feiras...
Dizia, semanas mais tarde estávamos sentados num sábado de manhã a comer bolos sobre a relva ao pé do rio, ele acompanhado de uma Sueca que não o largava a tentar saltar-lhe para cima em público, uma gaja tão boa que a minha fantástica esposa afirmou e passo a citar -"se me traísses com esta gaja até te dava os parabéns foda-se! aliás, eu é que te vou trair com esta gaja, olha-me bem para aquele cu!" - quando vemos ao longe a Ex dele.
- Tu foge, ela deve andar à procura dos Malmequeres!
- Oh pá... diz-me, a sério... como é que não lhe chamaste nomes? como é que fizeste aquilo tão... tão cool, tão controlado?
- Como? olha, a vontade, óbvio, era chamar-lhe nomes, berrar com ela, era muita coisa que me ocorreu mas depois pensei... Eu tinha-me acabado de livrar dela... e ela ia e vai-se aturar eternamente.
Levantei-me, minha esposa levantou-se, a Sueca levantou-se sem perceber bem a coisa.
E demos-lhe uma salva de palmas.
sábado, 15 de dezembro de 2012
sexta-feira, 14 de dezembro de 2012
The Hobbit, An Unexpected Journey.
De Peter Jackson, com Martin Freeman, Ian McKellen, Richard Armitage, Cate Blanchett, o grande Christopher Lee e o simplesmente extraordinário Andy Serkis.
Baseado no livro The Hobbit, or there and back again de J. R.R. Tolkien.
Vou fazer como o Peter Jackson e vou dividir isto em três partes.
Como filme, esquecendo que existe um livro, esquecendo que existe um filme de animação já feito (the hobbit de Ralph Bakshi que também fez uma versão animada do Senhor dos anéis, elementos incontornáveis para analisar os filmes de Peter Jackson pois ele claramente veio beber muito destas duas animações), esquecendo que existem três filmes do mesmo realizador sobre este universo ou que este é o primeiro de uma trilogia, ou seja, analisando o The Hobbit como peça única e isolada...é dos melhores filmes de acção /aventura deste ano - e do género até agora feitos.
Como adaptação do Livro de Tolkien - estranhei e compreendo a exclusão do Tom Bombadil da trilogia do Senhor dos Aneis, um livro é um livro, um filme é um conceito totalmente diferente, e funciona de um modo totalmente diferente.
Assim sendo, todos os elementos extra neste filme- sejam flashbacks a momentos que no livro podiam ser uma frase ou nem sequer são referidos - parecem-me pertinentes para solidificar o filme e este assentar a sua narrativa em algo que não obrigue quem vê o filme a dizer - não percebi, era suposto ler o livro? - elemento que falhou de um modo gritante no the hunger games por exemplo.
O humor deste filme é simplesmente... mágico, e parece-me colocado na dose certa para não se perder a tensão e a seriedade da narrativa que estão a contar.
Como filme enquadrado com a trilogia do Senhor dos Anéis... o filme começa com Bilbo e Frodo a falarem de uma festa, a mesma com que começa o Senhor dos Anéis, há também ao longo do filme toda a uma série de amarras que caso os dois filmes que sucedem o Hobbit sejam ao nível, teremos 6 filmes ligados entre si, perfeitos para sentar um futuro puto que o leitor tenha no sofá e dizer - vou-te mostrar uma história...
E deixar a criancinha absorver a magia, ganhar o gosto e crescer a sonhar com dragões e personagens misteriosas de barba cinzenta com um chapéu ponteagudo.
Gostei mesmo muito deste filme, não lhe darei pontuação como é normal nas reviews de cinema aqui no blogue.
Nota - Para não falar de ziliões de cenas que podia fazer referencia... vou falar de uma que não podia deixar em claro e que de certeza que daqui a muitos anos - quando tiver o futuro puto no sofá ao meu lado - vou estar deliciado a rever, provavelmente a olhar para a cara do puto para lhe ver a mesma reacção que tive quando...
O Gollum, o Gollum a esforçar-se desesperado com força a tentar descobrir uma adivinha do Bilbo...
Oh pá...
quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
Velório
Já passava da meia noite quando nos pediram para rir mais baixo, isso e para fecharmos a porta da Igreja onde decorriam vários velórios quando fossemos embora.
Dos ainda vivos, Eu e minha Mãe éramos claramente os mais chegados, com mais afecto ao meu Tio, o falecido em questão.
Por vezes à noite, quando em insónia me perco num Zapping exasperante e tropeço num qualquer torneio de ténis, que era tão normal fossem 02h, 05h ou meio dia, eu e o meu tio trocarmos msg's sobre o jogo, na certeza que o outro estaria a ver, fosse o Nalbandian, o Federer ou a minha favorita - Elena Dementieva.
Minha Mãe, Irmã do falecido afirma convicta que o melhor negócio a fazer era abrir um lar de terceira idade e uma funerária.
A conversa desenvolve até se engalfinharem todos contra mim, e eu, não me ficando quieto afirmo que no meu velório, de caixão aberto para as senhoras, bar aberto para os homens.
As minhas Ex's, carpideiras desoladas sobre o meu caixão fazer-me-ão o luto.
E vocês saberão que uma delas foi a assassina.
A Irmã Lina, freira que se manteve amiga da família todos estes anos após a morte da minha Avó, interrompe-me e diz- No teu caso, o mais provável é não haver uma Assassina, o mais provável é serem todas cúmplices...
E as horas passam, fechamos a porta, ficamos mais um pouco na rua a conversar, demasiada gente para a hora da noite, demasiados bem dispostos para o evento que nos juntou.
E na despedida oiço a minha frase favorita de sempre num velório, e se algo que eu gosto é de frases inconveniêntes...
- " Isto foi muito giro! temos que fazer isto mais vezes..."
Dos ainda vivos, Eu e minha Mãe éramos claramente os mais chegados, com mais afecto ao meu Tio, o falecido em questão.
Por vezes à noite, quando em insónia me perco num Zapping exasperante e tropeço num qualquer torneio de ténis, que era tão normal fossem 02h, 05h ou meio dia, eu e o meu tio trocarmos msg's sobre o jogo, na certeza que o outro estaria a ver, fosse o Nalbandian, o Federer ou a minha favorita - Elena Dementieva.
Minha Mãe, Irmã do falecido afirma convicta que o melhor negócio a fazer era abrir um lar de terceira idade e uma funerária.
A conversa desenvolve até se engalfinharem todos contra mim, e eu, não me ficando quieto afirmo que no meu velório, de caixão aberto para as senhoras, bar aberto para os homens.
As minhas Ex's, carpideiras desoladas sobre o meu caixão fazer-me-ão o luto.
E vocês saberão que uma delas foi a assassina.
A Irmã Lina, freira que se manteve amiga da família todos estes anos após a morte da minha Avó, interrompe-me e diz- No teu caso, o mais provável é não haver uma Assassina, o mais provável é serem todas cúmplices...
E as horas passam, fechamos a porta, ficamos mais um pouco na rua a conversar, demasiada gente para a hora da noite, demasiados bem dispostos para o evento que nos juntou.
E na despedida oiço a minha frase favorita de sempre num velório, e se algo que eu gosto é de frases inconveniêntes...
- " Isto foi muito giro! temos que fazer isto mais vezes..."
terça-feira, 11 de dezembro de 2012
Eu - Edição filhos
A pergunta é se irei mostrar a um filho que tenha um dia no futuro as prequelas do Star Wars.
A minha resposta é a seguinte:
- Quero ter dois filhos, biologicamente meus. Digo a um dos filhos que o irmão dele é adoptado e que tem que manter segredo, digo ao outro o mesmo e depois... a pergunta correcta é se mostro primeiro o Hobbit ou o a trilogia do Sr dos Anéis pela ordem com que saíram... obviamente que não lhes mostro as prequel... porquê que estás a fazer essa cara? sempre é melhor do que lhes dizer que comi a mãe deles de gatas!
A minha resposta é a seguinte:
- Quero ter dois filhos, biologicamente meus. Digo a um dos filhos que o irmão dele é adoptado e que tem que manter segredo, digo ao outro o mesmo e depois... a pergunta correcta é se mostro primeiro o Hobbit ou o a trilogia do Sr dos Anéis pela ordem com que saíram... obviamente que não lhes mostro as prequel... porquê que estás a fazer essa cara? sempre é melhor do que lhes dizer que comi a mãe deles de gatas!
segunda-feira, 10 de dezembro de 2012
Indie
São coisa de 03h de sexta feira quando desço do Eixo Norte-Sul para a telheiras.
Estou bem disposto, overdose de pipocas após uma noite de cinema, Argo pela segunda vez.
Aproximo-me do cruzamento para a rua das Esplanadas de Telheiras e reparo que por muito pouco, por duas vezes um cão que se encontra no meio da estrada não é atropelado.
Faço a curva para a rua das esplanadas, encosto o carro.
Engraçado que nem por um instante hesito, por um instante penso em fazer diferente mesmo sabendo de tudo que pode implicar o gesto de sair do carro.
Lembro-me agora, quando penso no evento que vos descrevo disto:
"What sort of man goes by" - da Minha música favorita*
Eu decididamente não sou esse tipo de homem .
Dou uma corrida ao ver que o cão está confuso e assustado e ninguém pára.
- HEY! andas a fazer ai?
Digo-lhe firme para me ouvir.
A criatura ensopada corre na minha direcção, parece o Uggie, o cão do Filme The Artist.
- Anda, bora - digo-lhe e volto para o carro.
Abro a porta do carro do lado do passeio e ele salta para dentro do carro.
Dou a volta, Sento-me e ele salta para o meu colo.
Dali a minha casa são uns 3 minutos.
Estaciono, deixo-o sair e tranco o carro.
Ele olha para mim na dúvida se é para ir ou ficar.
Quando abro a porta da rua do meu prédio ele entra, como se fosse normal entrar no prédio.
Tenho uma preocupação em mente - Buca.
Como é que vai reagir a minha cadela a este elemento estranho?
Chegado a casa, lembro-me de levantar o cão para saber se é macho ou fêmea, é fêmea.
Dou-lhe de beber, de comer, deixo dormir numa manta sobre a minha cama- saltou e aninhou-se assim que abri a porta do meu quarto.
Passou a porra da noite a ajeitar-se em mim, a suspirar profundamente.
Pelas 09h acordo, meio a dormir procuro o telemóvel sobre a mesa de cabeceira e num toque de mágica vou ao site http://www.encontra-me.org/
Ainda por acordar encontro numa foto desfocada colocada no site pelas 02h da madrugada anterior uma imagem do que me parece ser a Cadela que está a fazer-me olhinhos pelos lençóis.
Salto da cama, confirmo que é a mesma cadela com o Meu pai.
Ligo ao contacto no site.
30 minutos depois está à minha (nossa) espera o dono.
- Presumo que este seja o teu cão - digo e estico-lhe a cadela que trazia ao colo.
Os olhos dele esbugalham, quase a chorar.
- INDIE!!!
Entrego-lhe a cadela, o amigo que o acompanha diz:
- Este gajo nem dormiu! eh pá! que cena!
- Bem, a cadela dormiu bem, comeu bem, passeou, brincou com a minha cadela...
- Mas isto foi... há alguma recompensa que...
Levanto-lhe a mão para parar - nem se põe em questão.
Despeço-me e vou-me embora.
Eu tinha requisitado a ajuda da Miss MJ para comigo procurar na zona onde tinha encontrado a cadela qualquer coisa que nos ajudasse a encontrar os donos.
No intervalo de tempo de ela se meter no metro e chegar a Telheiras eu encontrei o dono.
Olho para o relógio e vou a pé para o metro, para a ir buscar.
A caminho, desde as Esplanadas ao metro tenho a minha recompensa.
Os donos da Indie tinham-a procurado noite fora, e colocado cartazes com foto e número de telefone por Telheiras.
A minha recompensa foi a cada cartaz saber que, com 100% de certeza, aquela pelo menos, estava de volta ao dono.
* A minha música favorita é desde que a ouvi a #41, Dave Matthews Band
Estou bem disposto, overdose de pipocas após uma noite de cinema, Argo pela segunda vez.
Aproximo-me do cruzamento para a rua das Esplanadas de Telheiras e reparo que por muito pouco, por duas vezes um cão que se encontra no meio da estrada não é atropelado.
Faço a curva para a rua das esplanadas, encosto o carro.
Engraçado que nem por um instante hesito, por um instante penso em fazer diferente mesmo sabendo de tudo que pode implicar o gesto de sair do carro.
Lembro-me agora, quando penso no evento que vos descrevo disto:
"What sort of man goes by" - da Minha música favorita*
Eu decididamente não sou esse tipo de homem .
Dou uma corrida ao ver que o cão está confuso e assustado e ninguém pára.
- HEY! andas a fazer ai?
Digo-lhe firme para me ouvir.
A criatura ensopada corre na minha direcção, parece o Uggie, o cão do Filme The Artist.
- Anda, bora - digo-lhe e volto para o carro.
Abro a porta do carro do lado do passeio e ele salta para dentro do carro.
Dou a volta, Sento-me e ele salta para o meu colo.
Dali a minha casa são uns 3 minutos.
Estaciono, deixo-o sair e tranco o carro.
Ele olha para mim na dúvida se é para ir ou ficar.
Quando abro a porta da rua do meu prédio ele entra, como se fosse normal entrar no prédio.
Tenho uma preocupação em mente - Buca.
Como é que vai reagir a minha cadela a este elemento estranho?
Chegado a casa, lembro-me de levantar o cão para saber se é macho ou fêmea, é fêmea.
Dou-lhe de beber, de comer, deixo dormir numa manta sobre a minha cama- saltou e aninhou-se assim que abri a porta do meu quarto.
Passou a porra da noite a ajeitar-se em mim, a suspirar profundamente.
Pelas 09h acordo, meio a dormir procuro o telemóvel sobre a mesa de cabeceira e num toque de mágica vou ao site http://www.encontra-me.org/
Ainda por acordar encontro numa foto desfocada colocada no site pelas 02h da madrugada anterior uma imagem do que me parece ser a Cadela que está a fazer-me olhinhos pelos lençóis.
Salto da cama, confirmo que é a mesma cadela com o Meu pai.
Ligo ao contacto no site.
30 minutos depois está à minha (nossa) espera o dono.
- Presumo que este seja o teu cão - digo e estico-lhe a cadela que trazia ao colo.
Os olhos dele esbugalham, quase a chorar.
- INDIE!!!
Entrego-lhe a cadela, o amigo que o acompanha diz:
- Este gajo nem dormiu! eh pá! que cena!
- Bem, a cadela dormiu bem, comeu bem, passeou, brincou com a minha cadela...
- Mas isto foi... há alguma recompensa que...
Levanto-lhe a mão para parar - nem se põe em questão.
Despeço-me e vou-me embora.
Eu tinha requisitado a ajuda da Miss MJ para comigo procurar na zona onde tinha encontrado a cadela qualquer coisa que nos ajudasse a encontrar os donos.
No intervalo de tempo de ela se meter no metro e chegar a Telheiras eu encontrei o dono.
Olho para o relógio e vou a pé para o metro, para a ir buscar.
A caminho, desde as Esplanadas ao metro tenho a minha recompensa.
Os donos da Indie tinham-a procurado noite fora, e colocado cartazes com foto e número de telefone por Telheiras.
A minha recompensa foi a cada cartaz saber que, com 100% de certeza, aquela pelo menos, estava de volta ao dono.
* A minha música favorita é desde que a ouvi a #41, Dave Matthews Band
sexta-feira, 7 de dezembro de 2012
Ela não está bem
Chego a casa e a cadela não vem ter comigo à porta.
Entro na sala à sua procura e encontro-a na sua cama ao sol, perto da varanda, meus pais estão sentados no sofá.
- Atão pá? não me vens falar? - pergunto para a cadela.
Ela sai da cama devagar, abatida.
- Ela não está bem - diz-me a minha mãe.
Aproximo-me da cadela, ajoelho-me e afago-lhe as orelhas.
- O que tens Buca?
Ela coloca a pata sobre o meu braço, lambe-me o rosto.
Faço-lhe festas em resposta, ela anima-se e morde-me a mão, lambe-me a mão, salta para cima de mim e lambuza-me avidamente a cara.
Levanto-me feliz por a ter animado e digo - Queres um biscoito?
Ela salta de alegria com a ideia...
E é então que os meus pais me dizem:
- Não lhe dês nada que ela esteve a vomitar à coisa de 15 minutos...
Entro na sala à sua procura e encontro-a na sua cama ao sol, perto da varanda, meus pais estão sentados no sofá.
- Atão pá? não me vens falar? - pergunto para a cadela.
Ela sai da cama devagar, abatida.
- Ela não está bem - diz-me a minha mãe.
Aproximo-me da cadela, ajoelho-me e afago-lhe as orelhas.
- O que tens Buca?
Ela coloca a pata sobre o meu braço, lambe-me o rosto.
Faço-lhe festas em resposta, ela anima-se e morde-me a mão, lambe-me a mão, salta para cima de mim e lambuza-me avidamente a cara.
Levanto-me feliz por a ter animado e digo - Queres um biscoito?
Ela salta de alegria com a ideia...
E é então que os meus pais me dizem:
- Não lhe dês nada que ela esteve a vomitar à coisa de 15 minutos...
(onde é que tu vais? ainda não tirei o sabor da boca!!)
terça-feira, 4 de dezembro de 2012
segunda-feira, 3 de dezembro de 2012
Maxine
Estava a olhar para o telemóvel com a certeza que ia dar merda.
Estava a olhar tentado cheio de ganas e vontade mas sabia, tinha a certeza que ia ser um erro.
Depois visualizou uma hipotética lápide onde estaria escrito - "Aqui jaz um homem sábio e ponderado" - e isso não era minimamente o que queria deixar de legado aos netos e filhos.
- Que se foda! - disse e marcou o número da Ex.
Tinha a convicção que não lhe ia atender.
Tinha também a convicção que ela era capaz de não resistir à tentação e atender.
- O que me queres? - ouviu, atendeu.
- Olá, estás boa?
- O que me queres?
- Olá para mim também...
- O QUE ME QUERES?
- Saber de ti, lembrei-me de ti...
- Porquê que queres saber de mim? nem sequer me deste os parabéns...
- Também não me deste os parabéns a mim...
- Eu fiz anos primeiro! e responde-me, o que me queres?
- Lembrei-me de ti, só isso.
- Porquê que te lembraste de mim?
- É uma história relativamente comprida, diz-me só se estás bem...
- DIZ-ME!
- Estava no café onde te levei quando fomos à baixa, sentado na mesa de canto que gostávamos porque ficamos perto um do outro, a meio caminho a estarmos de frente e lado a lado.
- ...
- Entra-me pelo café adentro... alta como tu, morena como tu, digo-te, não eras tu mas podias ser mesmo tu...
Devias ter visto, a maneira como ela bamboleava as ancas como tu... como parava a sala ao passar dentro do seu blusão preto como o teu que te comprei...
E ela vinha com o namorado atrás, sentou-se e cruzou os braços como tu.
Devias ter-lhe visto os olhos, o cabelo, o sorriso, juro-te que não eras tu... mas podias ser mesmo tu...
E quando ela afastou a chávena dos lábios e lambeu devagar a espuma com a lingua... eu digo-te, não eras tu... mas porra, podias ser mesmo tu...
E depois ela esticou-lhe o dedo, ao namorado, bem diante o nariz, como tu...
Oh, devias ter visto, ela começou a dar-lhe na cabeça empolgada, por isto, aquilo e mais qualquer coisa que atirou para o meio da confusão e caramba, parecias mesmo tu...
E devias ter visto, a sério, ele tão confuso como eu, sentado naquele café a levar nas orelhas de uma mulher que eu digo-te... podia não seres tu... mas parecias mesmo tu...
Estou? estás ai? foda-se, desligou-me...
Sorriu, encolheu os ombros e retomou os afazeres que o ocupavam pré-chamada para a ex.
Vibrou-lhe o telemóvel sobre a mesa avisando-o que recebera uma mensagem.
- ok, isto pode ser interessante... - disse ao ler o nome da Ex no cabeçalho da mensagem.
- "não queres ir tomar um café quinta?"
Estava a olhar tentado cheio de ganas e vontade mas sabia, tinha a certeza que ia ser um erro.
Depois visualizou uma hipotética lápide onde estaria escrito - "Aqui jaz um homem sábio e ponderado" - e isso não era minimamente o que queria deixar de legado aos netos e filhos.
- Que se foda! - disse e marcou o número da Ex.
Tinha a convicção que não lhe ia atender.
Tinha também a convicção que ela era capaz de não resistir à tentação e atender.
- O que me queres? - ouviu, atendeu.
- Olá, estás boa?
- O que me queres?
- Olá para mim também...
- O QUE ME QUERES?
- Saber de ti, lembrei-me de ti...
- Porquê que queres saber de mim? nem sequer me deste os parabéns...
- Também não me deste os parabéns a mim...
- Eu fiz anos primeiro! e responde-me, o que me queres?
- Lembrei-me de ti, só isso.
- Porquê que te lembraste de mim?
- É uma história relativamente comprida, diz-me só se estás bem...
- DIZ-ME!
- Estava no café onde te levei quando fomos à baixa, sentado na mesa de canto que gostávamos porque ficamos perto um do outro, a meio caminho a estarmos de frente e lado a lado.
- ...
- Entra-me pelo café adentro... alta como tu, morena como tu, digo-te, não eras tu mas podias ser mesmo tu...
Devias ter visto, a maneira como ela bamboleava as ancas como tu... como parava a sala ao passar dentro do seu blusão preto como o teu que te comprei...
E ela vinha com o namorado atrás, sentou-se e cruzou os braços como tu.
Devias ter-lhe visto os olhos, o cabelo, o sorriso, juro-te que não eras tu... mas podias ser mesmo tu...
E quando ela afastou a chávena dos lábios e lambeu devagar a espuma com a lingua... eu digo-te, não eras tu... mas porra, podias ser mesmo tu...
E depois ela esticou-lhe o dedo, ao namorado, bem diante o nariz, como tu...
Oh, devias ter visto, ela começou a dar-lhe na cabeça empolgada, por isto, aquilo e mais qualquer coisa que atirou para o meio da confusão e caramba, parecias mesmo tu...
E devias ter visto, a sério, ele tão confuso como eu, sentado naquele café a levar nas orelhas de uma mulher que eu digo-te... podia não seres tu... mas parecias mesmo tu...
Estou? estás ai? foda-se, desligou-me...
Sorriu, encolheu os ombros e retomou os afazeres que o ocupavam pré-chamada para a ex.
Vibrou-lhe o telemóvel sobre a mesa avisando-o que recebera uma mensagem.
- ok, isto pode ser interessante... - disse ao ler o nome da Ex no cabeçalho da mensagem.
- "não queres ir tomar um café quinta?"
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