Abro a porta de casa e antes que tivesse tempo de lhe perguntar quem é que lhe tinha aberto a porta da rua... ela tem o descaramento, a lata e a maldade (pura) de apontar o dedo e rir-se na minha cara da malfadada sobrancelha.
- Ok, sorry, desculpa... vamos fazer isto outra vez? - diz-me e volta a sair pela porta de minha casa. Respira fundo, passa a mão diante da cara de cima para baixo e diz-me sem se rir- vim salvar-te André, I'll be the light in your eyes...
E volta a rir na minha cara como o ser cruel e maldoso... enfim, como mulher que é.
- Não resisti em vir cá ver a tua obra prima... é o que dá meteres essas coisas no blog... - Subitamente pára e foi-se o sorriso, vira o meu rosto que beijara para si com a mão e pergunta- diz-me que sou a primeira que vê a tua sobrancelha...
Empurra-me em triunfo depois de lhe dizer que sim.
Invade-me a casa com o cabelo e perfume, sem me perguntar ou pedir apropia-se do meu espaço, do meu território.
Vencido e arrebatado com a sua presença e ... decote.
Fico sem reacção no hall, fico prostrado comtemplando-lhe o caminhar...
Oh madame...
- Atão? vais ficar ai ou vamos resolver a merda que fizeste à sobrancelha?
Atrevo-me a pensar que não está assim tão mau...
Fito-me no espelho do hall e...
(Ca granda exagero, mas adiante)
Entro no meu quarto.
Ela aguarda-me de pé, braços cruzados e um sorriso cabra no rosto.
- Senta-te na cama e tira a camisa.
- Tiro a camisa?
- Uma mulher tem que tentar...
Digo-lhe que não é uma boa ideia, não só insinuar-se com a piada como estarmos ambos no mesmo quarto., ela de vestido e eu com todo o meu sex-apeal, tão grande e tão tamanho que até eu fico tentado quando me vejo ao espelho.
Ela volta a rir-se descaradamente da falha na sobrancelha e vai-me o sex-apeal todo com o badagaio.
- Qual é o teu plano? - pergunto-lhe para lhe cortar a gargalhada.
Sem efeito, ela continua a rir sem me responder.
Ela abre a mala e aponta para a cama, para me sentar.
Eu obedeço, emasculado demais para espingardar uma tirada sarcástica ou tentar uma das minhas sempre geniais piadas.
Obedeço resignado.
Sento-me.
E vejo-a com uma pinça nas mãos.
Levanto-me em semi-pânico
- Hey... HEY! HEEEYYY!!! o quê que tu vais fazer com isso??
- Resolver a merda que tu fizeste minha criatura retardada... agora vê se te comportas como um homem e não gritas como uma menina...
quer dizer...
por outro lado até quero que grites um pouco...
Ela empurra-me para a cama com a mão, dominadora.
Estou assustado.
Ela tira-me suave e delicada os óculos do rosto.
Ri-se outra vez.
- És tão estúpido André...foda-se!! tens quase 30 anos! e és tão puto...
- Tens é inveja!
-Eu? eu tenho as sobrancelhas simétricas meu idiota!!!
Sentou-se ao meu colo, uma perna para cada lado, despejando o peso do corpo sobre mim.
Demorou-se com requinte e malvadez em cada pelo.
Riu-se do meu sofrimento atroz, do desespero de um homem em dor e agonia...
... não pela dor física em si mas por me sentir tão estúpido... tão idiota.
Tão... um puto que fez merda e agora está com vergonha porque foi apanhado.
Mas depois olho para o que tenho em frente... digamos... a vista.
(tou mesmo a falar do decote dela)
E tudo parece um pouco melhor, um mundo melhor.
Tenho daqueles momentos estúpidos - hey, tinha-a sentada de vestido ao meu colo, isso afecta o discernimento! - em que uma pessoa pensa que vai correr tudo bem.
Iludido, inocente e manietado pelo charme e gesto generoso de se oferecer a resolver o meu dramático problema capilar disolvo-me no seu cheiro, na sua presença sobre mim.
Porra mulher, tens que cheirar assim tão bem?
Partilho o pensamento, elogio-lhe o cheiro.
Ela sorri.
Oh se sorri...
Ela responde...
Oh se responde
-acho que é a altura de... entrarmos em negociações...
Vejo-a colocar o cabelo para trás da orelha, vejo-lhe a mão aterrar suave sobre o meu peito.
Por instantes, talvez por estar sem óculos... ela parece-me um anjo de ternura ao meu colo.
- Negociar? não estou a perceber... - pergunto-lhe enquanto faço o que se pode resumir numa patética tentativa de fazer olhos de bambi
- André... oh André... - diz-me desapontada. Aproxima-se de mim e beija-me no rosto, sinto-lhe o corpo o cheiro e nas mãos a curva das costas...
Sinto-lhe os lábios na minha pele ao tocarem subtilmente na minha face enquanto se encaminham para o meu ouvido.
Sinto-a respirar quente.
E então...
Ela diz.
Não pede, afirma.
Afasta-se e sorri, cabra.
- Estamos conversados sim?
Como se eu tivesse hipótese de lhe dizer que não.
Ela puxa de um lado e depois do outro, dá-se por satisfeita.
Hoje posso sair à rua com as sobrancelhas quase simétricas - porque há uma falha que ainda se nota se eu apontar.
Vendi a alma ao Demo.
Ah, e antes que me esqueça...
Descobrir pelos comentários no blog o gozo que deu a situação, o meu sofrimento a todos vós...
Eu pensei.. pensei que.. que... gostavam de mim!
6 comentários:
As melhoras (para a sobrancelha) e que os pêlos cresçam depressa.
lol a diferença entre uma pinça e a caneta pinta sobrancelhas desajeitadas é a ausência de dor!
e...
eu também não sei onde tu moras!
ahahahahahaha brincadeirinha!
(corro riscos de vida em publicar isto, mas eu sou da paz! com muita maldade mas tooootalmente da paz)
:)
Todas nós temos uma veiazinha meio sádica, nada a fazer:)
Ohhh nós gostamos de ti... mas confessa que foi cómico demais :P
ninguém se lembra de levar a máquina à cara! loool
decididamente vendeste a alma ao Diabo, mas pensa positivo é um Diabo generoso que se preocupa em que não faças figuras tótós na rua:-)
Por vezes fico na dúvida se falas de uma mulher ou se falas da relação que tens com... sei lá... cocaína :P
Postar um comentário