sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A um porto Azul...


- O texto que se segue é extenso e um bocado a dar para o pessoal, como tal a direcção de A um porto azul recomenda a leitura de outros blogs em alternativa enquanto este for o último post apresentado -


Deslizo os dedos pela gola da camisa à volta do pescoço, ajeito a gravata, o cabelo.
Contemplo o meu reflexo no vidro da porta enquanto a espero no hall de sua casa.

Não me recordo da última vez que me vesti de fato.

Também não sei dizer há quanto tempo não lhe ouvia a voz, não a via.

Demasiados anos passaram desde então.

E eu...

Eu ainda não acredito que estou aqui, à espera dela.

Oiço-a descer a escada, viro-me para a ver chegar.
Sinto uma ligeira ansiedade a crescer, um pouco de nervosismo que estranho em mim.

Vejo-lhe um pé, subo a vista pelo tornozelo para a perna e depois vejo o outro pé, subo por este também deparando-me com a continuidade exposta da sua perna pela entreaberta ( e muito agradável ) racha do seu vestido ...

Saboreio a imagem, o contraste do preto do tecido com a pele, subo para as ancas... o peito e...

E...

...morena?

Ela abre o rosto num sorriso.

Eu continuo em choque.

Ela aproveita-se do meu momento de desnorte, à deriva na sua imagem tão negra, tão diferente da mulher que anos atrás...

Ela rodeia-me o pescoço com os braços, beija-me delicada nos lábios sem aprofundar o assunto e aterra o corpo no meu, ficando.
Não sei o que lhe dizer.

Perco-me na sua presença com gosto.

O seu cheiro... o seu cheiro tão familiar.
Sinto que cheguei quando a abraço e o tempo ficou parado - respeitoso e simpático - à espera de nós, com licença e ordem para demorar.

Inspiro-a uma, duas, perco a conta das vezes.

Ela afasta-se, desliza do abraço as mãos para o meu peito.

- Olá André...

E eu quero... não, eu derreto-me... rendo-me quando oiço aquela voz... tão antiga e tão minha, tão parte de mim.


- Quem és tu? - respondo, desfiando nos dedos uma tira do seu cabelo.

- Morgana...

E desfaz-me com a subtileza e graciosidade da piada.

Empurra-me para a porta, dá-me a chave do seu carro para as mãos.

Pergunto-lhe se não podemos levar o meu, ela diz-me que não, que o dela é parte do plano.

Eu pergunto-lhe qual é o plano sendo a resposta dela apenas e somente um enigmático sorriso.

Flutuamos pelo piso molhado, não sei para onde vamos.
Sigo-lhe as indicações intranquilo e desconfiado até estacionar.

Aconchego-a nos ombros dentro do casaco.
Ela dá-me o braço com o seu.

Descemos para os Restauradores em silêncio, pouco antes do antigo cinema Éden, atravessamos para o lado do Condes.

- Como está o teu Italiano André?

- Confuso... porquê?

- E o teu Espanhol?

- Patético, mas porquê?

- E o Francês?

- Esse vai bem e recomenda-se, mas afinal porquê qu...

- Porque vais precisar deles todos e eu quero fazer boa figura.

Óbvio que não me explicou porquê que eu ia precisar de todos nem para onde íamos, mandou-me ficar caladinho e eu calado fiquei.

Contornamos o Condes, descemos para o Ateneu., seguimos para a direita
Ela deixa cair a cabeça no meu ombro, pergunta-me:

- Mas que raio de perfume é que tu tens? essa porcaria cheira tão bem...

- António...

- António?

- António Banderas...

Ela pára, fazendo-me parar. Coloca-se diante de mim e pergunta- Estás a falar a sério?

Ao qual eu respondo - Estou, comprei só para fazer esta piada quando me perguntassem.

Vejo-a atirar a cabeça para trás, rindo,respirando, voltando a rir, recuperar a respiração  - Diz isso outra vez... com essa voz à Antonio Banderas!!!

- Solo para ti cariño...

E eu vitorioso, triunfante ao vê-la rir.

- Caramba mulher, pareces tu... mas não és tu assim sem... sem o teu loiro..

- Eu sei...aproveitas e... olha, tens até ao final da noite para seduzir uma mulher parecida, mas diferente.

- É esse o teu plano?

- Oh André! caramba... olha que ao contrário dessa camisa... ingenuidade não te fica bem.

Eu fixo-me no elogio, parece que afinal a camisa me fica bem... ela puxa-me para si, não pelo braço, abraçando-me em redor da cintura.

E eu abraço-a também.

- Para onde me levas mulher?

- Para a Casa do Alentejo, queres melhor sitio para entrar triunfante contigo nos meus braços?

- Assim de repente não...

- Eu sei um ou dois, óbvio, uma mulher pensa mais nestas coisas... chegámos!


 
(Casa do Alentejo)


Ela retira do casaco dois convites que entrega à entrada, entramos e o casaco desliza-lhe pelas costas.
Subimos nem meia dúzia de degraus quando a chamam pelo nome.
Sou apresentado, Ela sorri.

Subimos mais uns degraus e somos abordados de novo...

E outra vez, e outros degraus e mais gente e gente que faz questão de a cumprimentar.

Finalmente, chegados à fonte e ela foge-me da mão para abraçar quem segundos depois me apresentou pelo nome de Helena, de frankfurt.

Ela traduz-me o prazer da Helena em finalmente me conhecer, eu respondo sem tradução com um sorriso  - Danke! e seguimos Casa do Alentejo dentro.

- Danke?? queres-me contar alguma novidade!!

- Não... a alternativa era ter respondido Milch Kaffee, mas tirando pedir o equivalente a uma meia de leite em Alemão não sei muito mais


 
( Fonte na Casa do Alentejo)

Sinto-a tocar-me no braço a meio do jantar, sinto-a aproximar-se para partilhar uma confidência.

- Outubro de 2007, no meu dia de anos.

- O que tem?

- Foi a última vez que nos vimos...

Ela afasta-se, retomando a conversa que interrompera por uns segundos, deixando-me no peso do tempo que não me ocorrera contar...
Tanto tempo? tantos anos assim?
E o dia... todas a recordações que subitamente me invadem pela sua da precisão na data.

Consigo encontrar na memória o detalhe de como ela tinha o cabelo preso nesse dia, como estava vestida, o detalhe de como me sujou a camisa com o bolo de chocolate do seu aniversário... ou como sujou o gato com o bolo também... e as calças da mãe...

e o candeeiro do quarto...

- O que foi André?

- Estava-te a ver as rugas... fiquei a pensar no que me disseste...

- Claro que ficaste, faz tudo parte do meu plano!


E eu tão perdido sem saber qual é o plano.

Foram anos de silêncio, de distância entre nós quebrados hoje pela sua chamada, pelo convite a que não consegui resistir- "André? Olá! sim, sou eu...Aterrei há coisa de 15 minutos, ainda estou meio trocada, mas...veste-te, fato e... em minha casa às 19h30? antes que digas que não tenho só uma coisa para te dizer...-  Porquê que demoraste tanto tempo?"

E desligou...

Fora o suficiente.

A única frase, dita exactamente pela única pessoa que se a dissesse eu não tinha como oferecer resistência.

E ela sabia.

Se calhar, isso era parte do plano...

Antes da sobremesa vejo-a abrir a mala, retirar um envelope que me depositou nas minhas mãos.

- Vê

- É o teu maquiavélico plano por escrito?

- Vê...

Abro o envelope, a folha dobrada que deste retiro protege uma fotografia.

Fico estático, fico quieto, não me lembro se respirei ou quanto tempo passou até a ouvir perguntar se reconheço onde ela está na fotografia.

- Não me lembro do nome da rua...

Ela sorri triunfante quando percebe que sei exactamente onde é, onde está na imagem.

- Esta foi a rua ... foi aqui que me sentei quando te escrevi o postal que te enviei de Buenos Aires... neste banco onde tu estás... eu lembro-me que ... eu consigo ir ter a este banco, é só atravessar a Avenida 9 de Julio para o lado da Opera, vais para o lado direito do obelisco e...

- E sentei-me aqui uma hora André antes de te tirar esta fotografia, Acho que chorei metade do tempo.

- Quando?

- Há dois anos, mas passei nessa rua todos os dias nos últimos quatro anos, a minha casa era mais adiante perto da embaixada de frança...


(A Rua em questão, Buenos Aires)


- Perto do jardim?????

- Sim...

- Afinal estavas em Buenos Aires estes anos todos...

E ela deixa-me só com a sua imagem.

Guardo o envelope no meu casaco, sem lhe perguntar ou pedir autorização beijo-a no rosto.

Ela procura-me a mão debaixo da mesa e entrelaça os seus dedos nos meus.


Fecho o meu casaco, levanto as golas e aguardo que ela vença a distância da Helena até mim, o que faz num elegante saltitar de saltos meio em corrida, meio o chão tá molhado e vou cair e perder a postura de classe e glamour que passei a noite a criar...

- A confusão que me fazes morena...

- A confusão que me fazes com esses óculos André, com essa barba por fazer, com os ombros mais largos, com esses cabelos brancos... sim eu reparei, tens uns quantos ai atrás... a confusão que fazes quando falas em italiano... espera, isso não é confusão, é luxuria e pecado...

- Eu só te comentei o cabelo...

- Vamos para o carro? dá-me o braço ou achas que é fácil andar de saltos na calçada depois de chover?

Aninho-a no braço, apertando-a de tempos a tempos para confirmar que era real e não fruto de um devaneio meu.

- ah, tu... isto foi quando? tens memória de quando parti o salto da bota e me levaste ao colo para casa?

- Levei?

- Sim!! aos poucos, pegaste-me ao colo na porta da minha escola por piada quando me foste buscar e viste que não podia andar, descemos a Avenida de Roma até à praça de Alvalade e sentamos-nos nas arcadas o tempo que tu teimoso dizias que já era o suficiente para descansares...

- E depois subi a Avenida da Igreja sem parar até ao Mercado de Alvalade e dai até tua casa sem paragens não por causa do salto que estava partido mas porque tinhas torcido o pé quando o partiste e não conseguias andar? não, não me lembro, foi comigo?

- És tão estúpido... até me lembro que fizeste o caminho todo sem uma única piada sobre o meu peso!! eu estava parva contigo...

- Apesar do teu 1,72m de altura nunca foste pesada mulher, sempre graciosa e formosa...

- Não, agora estou mais gorda! pelo menos 2kg...

- Tens noção que torceste o pé 11 anos atrás?

- Ha-ha!!!! afinal tu lembras-te!!!

- E tu não engordaste 2kg, só se for... o peso da tinta do cabelo... deixa-me ver...

Com cuidado mas veloz, encaixo-a nos braços e elevo-a no ar.

Ela rodeia-me os ombros, ajeitando-se elegante e confortável.

- Se isto não fizer parte do teu plano... desculpa...

- Oh André... eu tenho-te onde quero!!

Avanço ligeiro e preparado para uma Avenida da Liberdade sempre a subir até ao parque onde deixei o carro mas ela, generosa e mais tarde, segundo o seu plano...ela ia precisar de mim com os braços em condições... ela diz-me para a deixar ir para o chão, que quer calcar Lisboa que tem saudades de um pé e depois o outro e o outro e o outro e eu ali... caminhando ao seu lado... como antes.

- Isto do meu cabelo André... - diz-me rompendo o silêncio, parando diante de mim.

- Vais-me explicar agora?

- É temporário, apeteceu-me ser hoje, contigo aqui e agora uma mulher diferente...

- Mas o tempo que passou... seria sempre diferente.

- Eu queria ser mais do que a imagem que pintaste, com que me eternizaste no quadro... sendo eu... é algo tão mais perfeito e eu precisava de ser humana aqui ao pé de ti primeiro, encontrar-te diante de mim não como se eu fosse a Bella Charis do quadro, mas sim a mulher que te inspirou, que te apaixonou e só quer... só que que a fites nos olhos... e seja a mim, que seja eu e não algo a preto e branco, quero ser EU aos teus olhos André...

- Mas...

- Mas... depois, óbvio que me podes pintar as vezes que quiseres, agora... primeiro... eu, depois a Musa deusa mulher que te inspira


(Fragmento do quadro Bella Charis)


Puxa-me pela mão atrás de si, veloz mas sem correr.

Entramos no carro e pergunto-lhe o destino.

Oiço a resposta e pergunto novamente obtendo o mesmo resultado.

- Temos o depósito quase cheio e ainda são 23h... próxima paragem... Lagoa de Santo André!!!

Argumento que está com o fuso horário trocado, que a noção das distâncias na América do Sul de onde veio são proporcionais à que existe entre os sítios e que... e que qualquer coisa que não a demoveu.


 (Lagoa de Santo André)


Arranco com o carro, noite fora.

Primeiro o Aqueduto depois a ponte...

- Estou há quatro anos sem passar aqui... mas cheira-me que vou chorar que nem uma Madalena é na volta quando tiver aquele impacto de chegada a Lisboa...

Oiço-a falar de Buenos Aires, da livraria que lhe falei, do Mate em Puerto Madero ao final da tarde que lhe recomendei ou do quão bom que era quando se sentava ao fim de semana na relva do jardim que lhe mostrara da minha viagem a ler...


(Jardim em Buenos Aires)

- E depois as gajas lá... são todas tão agressivas com os gajos! ah! e os gajos, sim, tinhas razão, é cada um com pinta de vocalista de banda punk-rock... e depois irrita que elas são tão mais giras do que eles...

- Olha que chatice...

- Olha André, tu vieste de lá todo apanhadinho pelas Argentinas mas isso é porque não as viste a refilar com os namorados como eu vi, e se namorasses com uma delas.. ah juro-te, quando ela começasse a disparar para ti alterada deixavas logo de lhe achar os castelhano adocicado...

- Não me estragues a fantasia...

Saímos da auto-estrada, pergunto-lhe qual é o plano dela na Lagoa já que sem aviso prévio... não trouxe naturalmente a chave da casa...

- Continuas, segues em frente sem virar para tua casa e só paras quando chegarmos ao mar

Estaciono e ela indica-me que feche o casaco mas deixe as luzes ligadas.
Manda-me abrir as janelas e deixar as portas abertas e sair do carro.

Vejo-a saltar para o banco do condutor, ajeita a posição do carro iluminando o estacionamento vazio onde nos encontramos.

Sobre nós um céu estrelado e limpo.
O mar como sempre presente e intenso mas não muito ruidoso o que lhe era estranho.

A lua e o seu reflexo na candura tranquila da Lagoa ao fundo.

- Estás pronto André?

Ela aproxima-se, abraça-me rodeando-me o pescoço.
Oiço o tilintar do piano nítido e o arranque dos violinos.
Ela desliza a mão esquerda pelas minhas costas parando um pouco abaixo do meu ombro.
Sinto a sua mão direita deslizar e ficar estendida ao longo do seu corpo.

- Dá-me a tua mão esquerda...

Eu dou-lhe a mão.

A música arranca...

- Vá, lidera, é suposto seres tu a liderar no tango...

- Mas tu... tu não sabes dançar...

Ela beija-me o rosto e retoma a posição, aguardando que me mova.

Avanço um dois passos, apanho o ritmo tão familiar da Desde el alma...

- Vá lá!!! dança comigo homem!

Fico sentido, fico picado e entro em sistema cruzado, arranco-lhe um giro e...

ela flutua em meu redor.

Aperto de novo o abraço, vou e volto para lhe sentir o corpo junto, colado ao meu.

Deslizo o meu braço das suas costas para pouco acima da cintura, abro o abraço e avanço com a perna do lado onde ela se encontra, reencontro-me com o seu corpo para a fazer de novo girar à minha volta, aproveito o embalo e o final da frase que conheço tão bem e faço-lhe subir a perna do ar em giro, enroscando-a na minha

E solto-a de mim e perco a conta dos passos que lhe marquei ou de quantas músicas foram até não haver música a tocar e ela muito tempo depois ainda gira, ria e sorria em meu redor.
Umas vezes num abraço bem fechado, n'outras num abraço mais aberto.

E o mar frio que nos salpicava o rosto...

E nos indicava um lento compasso quando já não havia música para dançar...

- Vamos, vamos embora que o meu plano ainda não acabou...

- E vamos para?

- Lisboa! para onde achas que íamos agora? à Isla Mágica em Espanha?

Sentia o coração veloz e intenso no peito, ainda a pedir-lhe o abraço e o peito colado ao meu já tínhamos uma hora da viagem de regresso atrás de nós.

- Tu tens noção que eu fui aprender a dançar só para isto André? só para vir contigo à Lagoa quando voltasse a Portugal e ... fazer-te a surpresa...

Subimos em direcção à ponte, ela abre os vidros quando arranco da portagem.

- Estou tão feliz André...

Sinto a sua mão poisar sobre a minha, viro-me para lhe sorrir quando lhe vejo deslizar pelo rosto uma lágrima...

- Foda-se, isto de abrir os vidros não foi nada inteligente, tá um frio do caraças...

E não há como não me rir...

- Está ficar nevoeiro!! olha ali!!! já está nevoeiro!!!! tu... tu tinhas razão André... já não basta esta entrada quando se regressa a casa, com nevoeiro oh meu deus, isto é tão... é ... mágico!

Pergunto-lhe depois de passarmos pelo aqueduto qual é a próxima parte do plano.

- É contigo agora...

- Comigo? o plano é teu... o que é suposto fazer agora?

- Encontra-me um chorão...

Não chega a ser um desafio, afinal... ela sabe bem que é a minha árvore favorita... a nossa alias, algo que temos em comum.

Ela confia em mim, mesmo quando me vê a virar para a minha rua, estacionando à porta de casa, ela sabe que o próximo passo é um chorão.

Entrelaço os seus dedos nos meus, faço-a vir atrás de mim rua fora.

Sinto um aperto no peito quando me lembro de percorrer o mesmo passeio noite após noite até casa da minha avó.

Contornamos o último prédio e estamos perto...

Sinto o ímpeto de correr mas resisto, ela não.

Retomo a dianteira por momentos até a fazer parar.

- Fecha os olhos, confia em mim... - peço-lhe

E ela confia.

Guio-a pela mão, devagar e ela sente que o piso debaixo dos seus pés deixou de ser calçada.

Ela estranha a água que corre ao fundo, o vento que lhe esvoaça o cabelo...

- Quero abrir os olhos! onde é que estamos???

- Ainda não... Roentgen diz-te alguma coisa?

- Foi o cromo que descobriu os raios X? ah porquê que paraste? já posso abrir os olhos??

- Como é que tu sabes isso? ainda não... a sério, como é que tu sabes isso? eu só sei porque está na placa... é que nem sequer é na tua área!!

Levo-a mais uns metros, até ao centro da alameda.

- Agora, já podes abrir os olhos...

- Ok, onde é que está o meu chorã... André... dois... quarto oh meu deus... seis!! oito!!!aaaaaaaaaah isto é só Chorões!!!



(Alameda Roentgen em Lisboa)


E foge-me da mão.
Vejo-a correr quase até à outra ponta da alameda, vejo-a a demasiados metros para ser normal ver-lhe o branco dos dentes àquela hora da noite... o que me leva a questionar o tamanho do seu sorriso...

Vejo-a de mãos na cabeça, vejo-a voltar para mim...

- E atrás... aqui atrás do monumento... tens um grandalhão que...

Não acabo a frase, sou arrastado pela sua mão que arrebatou a minha sem aviso.

Sigo-a pela relva, sigo-a pela folhagem do salgueiro chorão que nos rodeia como se não houvesse mundo para além de nós ali debaixo, como no primeiro beijo que me dera, no longínquo ano de 1999... Ela sentada sobre mim e o seu cabelo solto caído à minha volta, sobre o meu rosto...




Lembro-me que me segurou no rosto com as mãos, me puxou suave mas segura para si e...

E os anos que desde então passaram por nós.

Ela pára, já bem perto do tronco da árvore.

Gira o corpo e encara-me depois de desviar a folhagem que nos separa, aproximando-se.
Ela sorri, no triunfo de quem chega ao fim de um plano, de quem anos depois finalmente encontrou o rumo e atracou ... no seu porto há muito ansiado.

Ela encontrou o seu porto azul.

- Pergunta-me André...

Diz-me e sinto na boca um beijo, e vejo-a novamente a sorrir diante de mim.

- Pergunta!!!

Devolvo-lhe o beijo- demorando um pouco mais de tempo já que lhe tomei o gosto...

- Porquê... porquê que demoraste tanto tempo?


-

E assim chega ao fim o blog A um porto azul...



...Com um beijo.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Aquele Momento Mágico...

Entro numa óptica em Buenos Aires para arranjar um pano para limpar os óculos e deparo-me com a deslumbrante funcionária da loja de olhos fechados e sorriso no rosto no meio da loja a embalar-se ao som da música a cantar:

"Dicen que hay...
Dicen que hay...
Un mundo de tentaciones...
También hay caramelos...
Con forma de corazones"

E depois aquele momento mágico em que ela me prenda com o mais doce dos sorrisos e eu esqueço-me totalmente do motivo pelo qual tinha acabado de entrar e pergunto-lhe de quem era a música...





(ao menos improvisei...)

(e o pano dos óculos que me deu era cor de laranja)

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Livre.

Foi idiota, eu sei.
Arrastar-me durante anos preso a algo que não tinha nada onde se segurar.
Talvez eu seja demasiado fiel à frase - "por ser em vão é que foi belo" do Cyrano.

E é belo.
O ser em vão é fantástico, dá-lhe um travo a épico por mais patético que o gesto seja...

... e eu sou tão bom a fazer patético...

E assim fiquei, no limiar de quem receia dar o pequeno e final passo que liberta, que vence todos os medos e todas as amarras que mais ninguém senão nós mesmos enredamos à volta da mente, do corpo.
Deixei-me ficar à distância desse pequeno gesto, de um pequeno nada.
Deixei o tempo passar e chegou ao ponto que o pequeno gesto seria invariavelmente em vão.

E eu desisti de o fazer, segui em frente.

Mas não era, não conseguia ser livre.

Afastei-me, tentei correr para longe, ficar distante de algo que eu sempre tive a certeza que ia acontecer.

E finalmente, patético e triunfante...

Libertei-me.

E hoje sou livre, sou inteiro.

Hoje eu finalmente sou.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Buca, A vingança.

Eu gosto de dormir - diria até que sou muito bom nisso.
Como tal, seguindo o conceito mágico de André a dormir intenso numa cama...

Decidi-me a fechar a porta do quarto evitando que isto fosse o meu despertar forçado todo o santo dia.

Mas...

Mas coisa que um leitor assiduo do Blog A um porto azul sabe é que eu tenho uma sorte do caraças com tudo o que seja fêmea que faça parte do meu mundo, nunca posso ter um ou dois minutos de amor e ternura, de sossego e compreensão.

Ao passar a fechar a porta do quarto, pensei que iria dormir tranquilo até acordar preguiçoso por mim- deve ser bom, espero um dia conseguir tal feito.

Mas a Buca não aceitou a minha resolução, obviamente que tinha que desrespeitar a minha vontade...

Como não encontra a porta do quarto aberta..

Ela dá a volta pela varanda, cola o focinho no vidro e desliza num rasto de baba de cima para baixo.
Volta a bater com a focinheira até eu dar sinais de que acordei.
Quando acordo começa a saltar e a raspar com as patas até eu lhe abrir a porta da varanda.

O vidro fica para lá de nojento.

E eu...

E eu infeliz.


Não consegui captar o momento em que ela lambia o vidro, peço-vos o meu perdão, o máximo que consegui foi um vidro cheio de baba...

Nota - passei a abrir a porta do quarto, dá menos trabalho ir lavar a cara que o vidro todos os dias.

Eu desisto.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

"A puta da cerelac é minha eu como-a como eu quiser!!!"

Desiludi tudo e todos ao colocar o aparelho nos dentes e surgir perante amigos e familiares com perfeita (e surpreendente) dicção.
Disseram-me que assim não tinha graça, que queriam gozar comigo.

(óbvio que eu não partilhei que a cantar era simplesmente ridículo e me cuspia todo...)

Sendo o aparelho naturalmente desconfortável...
Sendo eu um gajo até que a dar para o inteligente ( o meu critério com mulheres não entra nesta equação ) preparei-me para o pior...

... e comprei uma caixa de Cerelac.

(quando os dentes doem intensamente não é propriamente uma boa ideia andar a mastigar bifes)

Acossado pela fome invado a cozinha.
Retiro a caixa da Cerelac da prateleira, do armário tiro a tigela, da gaveta uma colher.
Coloco tudo sobre a bancada da cozinha preparando-me para executar a "Operação Cerelac" quando a cadela dá sinal arrebitando as orelhas.
Segundos depois oiço a chave girar na porta de minha casa e por esta entra a Sra Dona minha Mãe e...

e a Miss Ex?????

- O que estás a fazer em casa????

- Eu... eu moro aqui...o quê que tu estás a fazer em minha casa??

- Preciso de uma opinião juridica... a tua Mãe ao contrário de ti é uma pessoa simpática...

- Ela é a MINHA Mãe!! é suposto perguntares-me primeir...

- Como tu fazes e fizes-te com o meu Pai mais a porcaria do Atlético??... olha, vais comer Cerelac??

- Era esse o meu plano...

Interrompe a minha Mãe - queres que te tire o leite do frigorifico?

- Não, tenho tudo.

- Mas... não vais comer isso com água!!!!

- Eu gosto só com água!! (eu até gosto de Cerelac em pó... mas adiante)

- Eu também, mas não devias ter água quente? - Diz a Miss Ex.

- Eu gosto disto frio...

- Ca nojo!!! não vais comer isso assim!!

A minha Mãe tira outra tigela do armário, a Miss Ex enche a MINHA tigela com água e coloca-a no micro ondas, aquece-me a água, a minha Mãe faz o mesmo com o leite, tiram-me a caixa de Cerelac das mãos, despejam cada uma à vez na sua tigela enquanto debatem os prós e contras de Cerelac com leite ou água quente.

E eu de braços cruzados a ver a cena.

- Vocês as duas têm a noção que se não comerem o que acabaram de fazer eu não como e vão estar a estragar Cerelac...

- Qual é o teu problema em comeres o que te fizemos? - diz a minha Mãe

- Tu André... se não tivesse aqui a tua Mãe chamava-te besta...

- Acabaste de me chamar!!! e eu não vou comer isso, não me podem obrigar a comer..

- Olhe Paula... o seu filho não quer comer a papa...

E explodem a rir como duas focas retardadas.

Obrigaram-me a agarrar na minha Cerelac feita com água fria e ir para o quarto para a comer sossegado.

Fecho a porta do quarto, sento-me amuado na cama e desabafo baixinho- A puta da cerelac é minha.. eu como-a como eu quiser!!

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

A tal.

Descubro por acidente que disse a uma amiga que não está satisfeita e da próxima vez que estiver comigo vai-me dar um belo par de patins...

Fico a pensar e a repensar a relação, em sofrimento e angustia até ao dia.

Mas como ela é A tal...












Ela leva a relação para um patamar de awesomeness inigualável.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Contente


A minha cadela Buca quando fica contente espirra.
Ela não se limita a espirrar panisga, é uma explosão de euforia em doses industriais de gosma que lhe saltam das narinas e boca.

A Buca acha fantástica a ideia de me acordar.

Coloca-se quieta e serena sentada diante da minha cara.

Aproxima-se do meu rosto até ficar à distância de uns fantásticos 2cm (e se calhar estou a exagerar)

Ao sentir a Buca a respirar tão perto... acordo...

... e ela fica contente.


sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Vou chegar atrasada

Subo as escadas do Metro para a Avenida de Roma uns minutos antes do combinado.
Tomei banho e vesti-me lavadinho.
Contemplo a silhueta, o meu esboço, a minha esfinge num reflexo filtrado da minha imagem fumegante.

(estava um sr a vender castanhas entre o bonitão de serviço e a montra da loja... dai o fumegante)

Confirmo a hora no relógio, vibra-me o telemóvel.

- Vou chegar atrasada tipo 15 minutos...

Tenho tempo, tenho o penteado certo... porra tenho a bainha da calça memo bem feita a assentar perfeita no téni.

Estou em forma, talvez a puxar para o galante...

E...

E atravesso a Avenida e vou ao Frutalmeidas papar uma sopa de hortaliças.

E se...

Ela - André, e se morresses agora... qual era a coisa mais importante que te tinha ficado por dizer ??

Eu - Ah... ao bff... que não era suficiente apagar o histórico do meu browser... era mesmo apagar o disco rígido do portátil com gasolina e um isqueiro...

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Aramis...

Estava-me a correr mal o dia até que Ela me ligou.

Ela sabia que eu estaria cheio de fome depois do dentista e desafiou-me para um Bitoque (Ela sabe tão bem o que me põe quente... cabra) ali para os lados de censurado pertinho de casa dela.

O Bitoque estava divinal...

Ela estava um vagalhão de mulher...
Uma combinação assustadora de charme, sensualidade e... larica.

A sério! ela despachou o bitoque dela em metade do tempo que demorei a comer o meu.

E ainda me gamou batatas...

E pediu uma mousse.

( e não meteu daquelas paneleirices de adoçante no café...)

Adiante...

Saídos do restaurante, tivemos a sorte de não chover - porque aqui o Vosso mais que tudo acha que apanhar uma molha é de macho e ela achou a distância tão curta do Restaurante até sua casa que um casaco quente servia.

Sou uma besta, mas também um cavalheiro.
Acompanhei-a à porta e quando Ela me explicava a importância de qualquer coisa que eu não estava a dar atenção porque o casaco quente tinha-se aberto e eu senti-me obrigado- diria até que fui coagido - a contemplar o recheio do casaco...

(Que via-se que era de bom material, quente... o casaco!!!)

(É importante um casaco quente para evitar constipações e eu não queria obviamente que ela se constipasse, como sou bom amigo fiquei naturalmente satisfeito por Ela ter o casaco abert... o casaco vestido e...)

Adiante André...

... E quando ela me explicava o decot.. qualquer coisa, sai do prédio dela um vizinho com o Cão.

- Olha o Aramis! - diz ela ao reconhecer o rafeiro

O rafeiro reconheceu a vizinha, aproxegou-se sem trela - enquanto o dono dava atenção ao telemóvel - contente e pimpão a pedir festas.

Ela afagou-lhe o lombo, o Aramis gostou - eu não me queixei já que quando se agachou para cumprimentar o Cão eu fui prendado com um ângulo superior do "forro do casaco".

Feitas umas quantas festas na criatura, Ela levantou-se e voltou a fitar-me ao nível dos olhos...

O Aramis continuava a pedir-lhe afecto...

Primeiro roçou o lombo entre as pernas dela, depois o focinho... e depois...

Depois ergeu-se levantando as patas da frente...

Encaixando-as na perna dela...

Empolgando-se...

Demonstrando-lhe que o seu amor ultrapassava barreiras com a hora lugar ou espécie animal...

- Aramis... ARAMIS!!! ARAMIS TÁ QUIETO!!! ANDRÉ AJUDA-ME!!!

E eu...

Eu ri-me...

Eu ri-me tanto que me engasguei.. mas estava triste porque sabia que o Amor deles não podia ser, não seria aceite nunca pela sociedad...

- TIRA-ME O ARAMIS DA PERNA FODA-SE!!!

E pronto.

Deixei passar uns segundos e tirei-lhe o Aramis da perna pela nuca.

Agora que penso nisso...

Hoje foi um grande dia.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Isto fora de contexto...

Eu - Olha boneca., eu sei que estamos na tua casa e o quarto é teu... mas eu vou por o Cd do John Legend na aparelhagem e vai acontecer, tu sabes que vai acontecer... é escusado resistires, portanto, não precisas de oferecer resistência... mas por outro lado... até quero que resistas um pouco...

Ela - Olha André, lembra-te que a tua palavra de segurança é "Abóbora", lembra-te que vais precisar dela...

...

Eu - Abóbora! abóbora porra, qual foi a parte do Abóbora que não percebeste!!!?!?!?!?!


Contexto:




Nota - Nunca, mas nunca jogar o jogo do polegar - em que se tenta prender o polegar do opositor com o nosso - com uma mulher com unha e ressentimento...

E depois de perder 8 vezes continuar a mandar bocas não me parece algo... a dar para o inteligente...

Mas também o meu passado não é currículo... é cadastro no que toca a abrir a boca e dizer algo "inteligente" diante de uma mulher com decote

Eu não estou a dizer que só perdi pelo decote...

Mas houve factores externos, só pode ser essa a justificação de no final ter perdido 15 vezes.

Ou quando ia nas 10 derrotas consecutivas continuar a jogar mesmo depois dela me quilhar a mão com a unha só porque lhe disse  "já te basta seres mulher... tadinha"

Eu... eu vou-me calar agora ok?

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Vocês fazem um par tão giro...

Estou sentado em silêncio desfrutando da discussão entre a Ex e a amiga dela sobre uma terceira mulher à qual ambas questionam o discernimento e teimosia em manter-se com a besta do namorado que...
Que sinceramente... não sei bem o que lhe faz porque não estava com atenção, a ex estava de decote e o inverno está ai.
Há que aproveitar uma visão que de certo irá rarear nos tempos negros e sombrios que se avizinham.

De todas as amigas de ex namoradas ela ( a que estava comigo e com a Ex no café ) é sem dúvida a minha favorita desde que me conquistou numa noite de santos populares...

Em que se alcoolizou...

E ao ver-me chegar com a Miss-Ex e os pais dela...

Se abraçou a mim e à na altura Miss de Sousa Real e disse: foda-se, eu adoro-vos foda-se... vocês devem ser fantásticos na cama...

Continuando...

Elas lá se organizaram nas ideias sobre a relação da outra.
A amiga da Ex que não me via desde uma fantástica noite de karaoke olhou para mim, olhou para a Ex e como estava sóbria ficou-se por : oh... vocês os dois... vocês os dois fazem um par tão giro!

Ao qual eu respondi: Eu faço o giro... Ela puxa-nos para baixo...

A Miss-Ex contestou, ameaçou-me de porrada e obrigou-me a retratar-me.

A amiga lembrou-se de perguntar: Mas afinal... porquê que vocês os dois acabaram???

A Miss-Ex engasgou-se, eu assumi a resposta e o controle da situação...

Esbocei um sorriso ternurento, cocei o cabelo e abrir as mãos de palma para cima...
Carreguei o olhar procurando sublinhar a tristeza e o peso da importância do que ia dizer de seguida...

- Sabes... isto, bem... eu era apenas um rapaz ela uma rapariga, éramos mais novos, jovens... acho que não podia ser mais óbvio... eu estava numa fase mais punk, na altura ela fazia ballet...

A Miss-Ex franze o sobrolho confusa mas eu continuo

- Eu gostava dela, ela nunca me disse nada mas eu no fundo sabia que ela gostava de mim... só que na altura os amigos dela...

- André!! - interrompe a Miss-Ex mas eu continuo

- Isto foi na altura em que eu fazia Skate e ela mandou-me passear, como se eu não fosse bom o suficiente para Ela...

Diz a amiga para estupefacção da  Miss-Ex - Realmente... ela sempre foi um bocado peneirenta...

- Não tens ideia mesmo- eu continuo determinado apesar de sentir um violento cravar de unhas através da ganga dos meus jeans- Ela era tão bonita...mas estava sempre com a cabeça na lua, precisava mesmo de alguém que lhe metesse os pés no chão...

- Eu juro que vos mato aos dois... - Diz a Miss-Ex em puro choque e revolta

Ela leva as mãos ao cabelo exasperando-se com a amiga.
Vejo-a contrair os dedos na minha direcção como se me pretendesse estrangular.

- Porquê que és assim? estava a contar e a responder ao que ela perguntou...

- Realmente, sou tua amiga mas gostava de ouvir o lado dele da história... vocês dão-se tão bem que nunca percebi... e o que ele está a dizer faz algum sentido com o que me lembro...

A Miss-Ex fitou a amiga num misto de chocada com um forte impulso homicida

- Posso continuar? ia-lhe contar agora a parte em que apareci na MTV...

E responde a amiga:

- Tu apareceste na MTV????



Nota - Assim de repente, adivinhem quem é que acabou o dia a apanhar porrada...

Finalmente!

Finalmente descobri o nome do meu problema:




...Só espero é que não haja tratamento...

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Injusto

Acho extremamente injusto que eu esteja há duas horas mal disposto com uma azia descomunal depois de ter gamado o almoço ao meu Irmão...

Depois de passar anos a fazer o mesmo com o almoço da minha Irmã e nunca ter ficado mal disposto...

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Teimosia

A minha teimosia leva-me a ter demasiados textos por publicar que não verão "a luz do dia" no blog.

Para não ceder à tentação de ir contra essa teimosa vontade dou por mim a publicar qualquer coisa que me ocorra, palha digamos.

Sempre que encaro uma folha ou uma tela em branco com vontade, assim que avanço com o intuito de criar...

Sem inspiração que me arrebate dou por mim no desanimo de preferir nem começar...

Um homem pinta o seu quadro favorito à terceira tela, atinge o auge.
A partir dai sente que todos os outros- provavelmente melhores a nível técnico - são o declínio, são apenas o arrastar de uma morte já há muito anunciada (ca dramático xiça!)

Mas depois olho para o cavalete, vejo-a triunfante...







E fica tudo bem.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Telepatia


Há muitos anos que não pinto.

Eu digo, como que peço - "Save me, save me, be the light in my eyes..." - sabendo que não há nada que motive um homem, este homem...

Não há nada que arranque de mim tanto como uma mulher.

Uma musa portanto.

Exactamente 11 anos e 8 dias atrás eu estava sentado na cama da minha então namorada de seu nome Sofia.

Eu precisava de resolver umas ideias para projecto, organizar o espaço e conceito do trabalho, ela tinha que estudar silenciosa para economia.
Prometi que ficava caladinho e não lhe assediava o corpo ao contrário de todas as outras dezenas de vezes que tentáramos sem sucesso não nos distrairmos com o outro.

Ela estava a conseguir, eu não.

Ela Tinha um decote em V e o cabelo preso. Remexia numa farripa de cabelo solta com o dedo - o que eu considero extremamente provocatório - e para terminar o ramalhete, de tempos a tempos endireitava as costas espreguiçando-se...

E eu a saborear visualmente aquele contorno mágico de mulher dentro de uma camisola...
Uma curva suave e perfeita dos ombros para o peito...
E depois soltou-me o cabelo...

Perdi o norte ao projecto, borrifei-me para o trabalho e comecei a organizar desculpas credíveis e justificáveis sobre a urgência de ela fazer uma pausa de 20, 30 minutos sem roupa se não fosse por mim, pelo meu afecto... pelos pandas, pela extinção do mosquito equatorial...

Mas eu tinha prometido que me ia comportar...

(e ela tinha um gancho de esquerda temível.)

Em vez de a arrebatar da cadeira para a mesa e lhe mostrar a minha convicção sobre o "neo-expressionismo clássico do revisionamento lirico do pensamento moderno na alemanha do séc XVIII"...

Agarrei no 3B (so hardcore...) e descarreguei as ganas que lhe tinha no bloco de desenhos.





Porquê que está inacabado? porque ela lia-me os pensamentos e ficou com vontade de não me deixar acabar o desenho.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Karaoke - Eu avisei...

Há por ai gente que teima em comemorar o seu aniversário todos os anos e convidar-me sempre para estar presente no evento comemorativo.

Eu aviso uma, aviso duas... à terceira não me responsabilizo pelas consequências.

Mas vamos ao cerne da questão - MAS QUEM É QUE TE DISSE QUE EU GOSTO DE KARAOKE???

Onde? quando? quem?

O que te fez pensar que era boa ideia???

Teimas-te teimosa.
Fizeste birra- incluindo bater com os pés e suster a respiração.

Ouvi-te todas as 38293 vezes que me disseste  - VÁ LÁ FODA-SE, É O MEU DIA DE ANOS!! - e em todas carinhosamente te disse - não boneca... O André simplesmente não canta no Karaoke...

Alcoolizaste-me ou alcoolizei-me?


Só sei que a tua cara quando peguei no Microfone e te cantei isto:





Quando me sentei ao teu colo e obriguei a cantar o refrão...


Quando toda a tua festa de aniversário terminou - a meu pedido- a música com a bela da palminha coordenada acima da cabeça...

(Incluindo os teus tios... - de quem admirei o entusiasmo.)

Quando a música acabou e te perguntei se estavas contente e satisfeita...


A tua cara mulher... foi a minha prenda de anos atrasada.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Auto-Retrato

Eu - Hey! preciso de uma opinião...

Ela- Gostei mais do livro, a Camisa castanha, Bolo Brigadeiro e obviamente... Cães.

Eu- O quê?

Ela - Pediste-me uma opinião... dei-te quatro!!! Generosa... uma mulher generosa, bondosa...

Eu - Ha... Ha... não. Olha...

Ela - O ca foi?

Eu - Preciso de uma opinião... fiz um... um Auto-Retrato...

Ela - Voltaste a pintar?!?!?!

Eu - Não, não voltei a pintar, desenhei-me.

Ela - Quando? não era suposto estares a trabalhar?

Eu - E estou, o desenho foi naquelas folhas brancas* que tenho na minha mesa entre mim e o teclado...

Ela - Já sei, mostra-me o desenho

...

Ela - Sinceramente... és tu, mas...

Eu - Mas?

Ela - Mas tem um erro monumental...

Eu - Estou Magro?

Ela - Não... ESQUECESTE-TE DA FALHA NA SOBRANCELHA MUUUHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA





(como se previsse o futuro desenhei-me com a expressão: A sério? outra piada sobre a cena da sobrancelha?)


* É recorrente usar as sobras de papel das plotagens para desenhar como já tinha publicado aqui e aqui.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Dois peixes num Aquário.

No domingo, qualquer coisa à volta das 15h quando estava no Hall dos elevadores do sexto piso do Hospital de Cascais num combate titânico com um café recém tirado da máquina - O mostrengo estava cheio demais, quente demais e eu consegui javardar a minha retardada pessoa num ápice... resumindo numa palavra:  Patético

Dizia, estava no hall dos elevadores quando a vejo surgir pelo corredor do lado direito.

Fico com os palitos no ar presumindo pelo branco da roupa estar na presença de uma jovem médica, tento corrigir a atrapalhação e o caos do ataque que fui vitima pelo café.
Endireito as costas, levo o copo à boca numa mistura de anúncio de relógios com perfume para homem...


É fundamental dar aquela postura pás damas...

Reparo que não é bata o que trás vestido, é roupão.
Reparo que está de chinelos e o rosto que me sorrira num primeiro instante está carregado e fechado.

E Passa-me a taradice...
Foda-se, o que fazes tu aqui mulher? o que fazes tu neste piso?

Vejo-a entrar no elevador, encostar-se na parede e ficar de frente para mim quando as portas se fecham entre nós.

Atiro o copo para o lixo, ia ajeitar o cabelo mas lembro-me que tenho a mão peganhenta do ataque vil e selvático de que fui vitima.

Carrego no botão para chamar o elevador, a porta abre e vejo-a novamente encostada à parede, concentrada no seu telemóvel.

A viagem é rápida. Apesar de estar mais perto da porta faço um compasso de espera e com a mão indico-lhe que saia primeiro.

Ela sorri e agradece.

Eu vagueio pelo hall até encontrar uma cadeira vaga, perto da janela.

Sento-me e ligo o ipod quando recomeça a chover torrencialmente.

O tempo passa e abstraio-me do que me rodeia perdido em pensamentos vagos.
Estava tão distraido que não reparei que ela se tinha sentado ao meu lado.

Puxa-me a manga.

Retiro os phones.

- O que estás a ouvir?

Entrego-lhe um dos phones e paro a meio caminho quando percebo que vou por em jogo a minha reputação ao lembrar-me da música que tocava nesse momento

- Ah... isto está no aleatório!!

Ela coloca o phone, aguarda uns segundos e tira-me o ipod das mãos

- No aleatório? isto já vai nos dois minutos e quinze da música, podias ter mudado de música mas não... ao menos admitias!!

Dito isto entrega-me o outro phone livre que estava sobre o meu colo.

Passam coisa de trinta segundos da música quando me pergunta se eu sei a música de cór.

Admito que sim.

Ela acena negativamente com a cabeça em reprovação.
A música chega ao fim e ela carrega para trás, para ouvirmos outra vez a mesma "peróla" emasculativa que eu estava a ouvir "acidentalmente"

A música termina e ela tira o phone, eu acompanho-lhe o gesto.

Não me recordo quando tempo passou até ela voltar a falar novamente.

- Olha para o que chove... parece que somos nós o aquário e lá fora o mundo é água... somos o equivalente a dois peixes dentro de um aquário...

Ela repara que a ultima frase fez-me sorrir

- O que foi?

- Nada, lembrei-me de uma piada...

- Conta!

- É idiota...

- E? conta!

- Estão dois peixes dentro de um tanque... vira-se um para o outro e diz: -  "olha lá, tu sabes conduzir esta merda??"

Durante meio segundo entro em pânico na expectativa da sua reacção à (fantástica) piada.

Sucesso! estrondoso sucesso, estamos todos de parabéns, eu a minha equipa, o meu agente... quero agradecer à minha mãe, quero agradecer ao meu irmão e mandar um beijinho para o Dédéu que o amo muito e...

e do riso... dou por ela a chorar.

Não sei o que fazer ou dizer...

- Hey...

(boa André)

Aproximo-me dela, tiro-lhe a farripa de cabelo do rosto e ela sorri, suspira

- Desculpa... é que eu... eu estou tão farta de estar aqui...

- Por instantes assustaste-me, pensei que tinha sido a piada

- Também! que piada terrível!!!

- Não é nada terrível! é fantástica como todas as minhas piadas

- Ah sim? conta mais...

- De peixes?

- Tu tens mais piadas com peixes??

- Tenho uma...

- É tão má como esta?

Fito-a  simulando estar magoado com a observação.Remexo na carteira e entrego-lhe um papel  - dos vários- que tenho dentro da mesma.







Aponto para o que está sozinho do lado direito

- Este aqui deu um peido...

Ela cospe-se, ela engasga-se, ela tosse-se toda durante uns minutos.
Pára de rir e volta a olhar para o papel retomando o ciclo até conseguir controlar a respiração.

Ficou do meu lado mais uns minutos.

- Tenho que me ir deitar, estou cansada.

Entrego-lhe o desenho, ofereço-o como recordação.

- Se eu fico com isto... como é que contas a piada outra vez?

- Se desenhei uma, desenho duas.

Ela sorri, coloca o desenho no bolso do roupão, fuça com o pé atrás do chinelo de hospital que estava a teimar em fugir e levanta a mão para me dizer adeus

- Vê se melhoras depressa

Virou-se e partiu.

Segui-a com a vista até à recepção, vejo-a aguardar pelo elevador desejando egoísta que este demorasse mais tempo, para poder de alguma maneira prolongar o momento...

Vejo-a deslizar a mão pelo roupão para o bolso. Pensei sinceramente que ia controlar o telemóvel mas não, foi o meu desenho que tirou...
Era o meu desenho que a fazia rir quando as portas do elevador se fecharam entre nós.

Notas:

A música que estava a ouvir:  The Flame dos Cheap Trick




O desenho que lhe dei era a versão final, tinha em casa um rascunho - o que coloquei acima a meio do texto.

Isto leva a questionar o facto de eu ter desenhado duas vezes um peixe a dar um peido.

Sou um perfeccionista...

Não, não sei o nome dela.

domingo, 23 de outubro de 2011

Ridículo

Foi digamos a dar para o ridículo eu sacar um cd do Bieber da prateleira na Fnac enquanto dizia para o Bff - não era este que estavas à procura? e ao virar-me deparar-me com ele de Cd do Mika na mão a fazer exactamente a mesma piada.

sábado, 22 de outubro de 2011

Atmosphere - Joy Division

Meu Tio.

E hoje foi o dia em que partiste.
Ficaste somente uma carcaça à espera de morrer.

Sentei-me só diante da porta de tua mãe, minha avó.
Queria pensar demorado no que me ficou por te dizer mas não me concedo esse desabafo, não aceito um qualquer momento de fraqueza ou hesitação.

Contigo morre a última memória viva do teu irmão.

Comigo fica o teu último sorriso que com graça e talento idiota te arranquei.

" e a gente fala-se calando-se, e depois... vamos-nos arrastando."

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Despedida.

Não há muito a dizer.
Encosto a porta, deixo-a aguardar que me apróxime de si no centro do seu quarto.

Aproveitamos o silêncio da sua casa onde estamos sozinhos os dois.

Não sei o que a prendeu em mim durante todo este tempo.


Não a faço esperar mais. Tiro os sapatos e vejo-a descontrair os ombros, ela sorri.

Abraço-a, desço para a sua cintura. Sinto-a totalmente imóvel e quieta.

- O que foi?

- Não sei se sei como fazer isto...

- Como fizemos em todas as outras vezes...

Ela responde-me que é diferente e aninha o rosto no meu peito, abraça-me puxando-me para si.

Eu com cuidado, devagar para não estragar... deixo-me deslizar pelas suas costas com as mãos.
Apanho o ritmo à música embalando-nos.

- Não gosto de dormir sozinha, devias mudar-te cá para casa...

Eu riu-me e dou-lhe um beijo no cabelo. Inspiro-a profundamente aproveitando a situação.

- Às vezes sinto falta de abrir os olhos e ver os teus pés na ponta da minha cama. Era bom quando depois do almoço me aninhava contigo e ficava meia a dormir meia acordada enroscada no teu corpo...Ficava quieta, tentando não me mexer com medo que te fosses embora se o fizesse... e cada vez que respiravas eu tentava respirar contigo... ao mesmo tempo... mas não podia dizer nada, dizer-te o quanto estava a gostar e o quanto eram para mim momentos tão perfeitos...

- Eu...

- Sshhhiuu! estou a falar!

- Pensei que estávamos a dançar...

- Também estamos... - encaixou-se outra vez no meu corpo, suspirou

Apertou-me com força.

- Houve uma vez que tu adormeceste ferrado, eu fiquei coisa de uma hora à rasca para ir dar uma mija... mas estavas-me a saber tão bem...

- Romântico...

- E depois acordaste, todo cheio de vontade de me tirares a roupa, de meteres a minha boca na tua boca e eu a pensar que já não era sem tempo... e fui a correr à casa de banho, voltei e estavas sentado na beira da cama. Fiquei meio assustada com receio que estivesses para te ir embora...

- Quando é que foi isso?

- Não me interrompas! onde ia? já sei,estavas sentado na cama... oh meteste a música a repetir? eu gosto do álbum todo pá!... ah... ok, tens razão, esta música é awesome... dizia... dizia que não te foste embora e foi bom, pronto, era isso.

- Mas que raio... tanta coisa a fazeres um crescendo, a desenvolveres o enredo e depois ... assim?

Ela não responde, eu não insisto - mas fico a exasperar por dentro.


Subitamente afasta-me.

- Porra, pera, como é que não me lembrei disto antes!!

Vejo-a correr para a aparelhagem. Fico abandonado e desconcertado. Ganho medo - ela está a sorrir.

- Isto não é propriamente uma ideia inteligente, principalmente para mim que sou uma gaja sensível e...

Deslizou os dedos pelos lábios, fechando-se em silêncio. Voltou para mim com o comando da aparelhagem nas mãos. Tentou abraçar-me.
Recusei e insisti em que terminasse a frase.

- E... tu és tu. Uma besta portanto.

- Ah... e tu?

- Eu? eu simplesmente... Eu amo-te.

Carregou no play, atirou o comando para a cama e abraçou-me com força.

Afastou-se e fitou-me nos olhos, Sorriu e beijou-me à esquimó.

Repetiu baixinho - Eu simplesmente... 


"...If I Keep holding out..."



 




Nota - E três anos depois... o fim.

Por Portugal


O texto que se segue é uma tradução do Inglês de uma conversa entre o vosso mais que tudo (eu) e uma amiga minha Norueguesa de seu nome Julie (antes o nome próprio que o apelido que eu não tenho teclas para escrever aquilo)

-

Julie - Mas quando é que vens cá afinal?

Eu- não faço ideia...

Julie - Ainda não percebi porque que dizes que sempre quiseste vir aqui, estás sempre a dizer que pais nórdico é a Dinamarca que esses têm a Legoland ou a Suécia pelas gajas... diz-me, explica-me homem!!


Eu - Em primeiro lugar... sou fã do Mykland desde o Mundial de França em 98, até tenho uma camisola dele... depois sempre gostei da mitologia nórdica e de vikings, sempre podia ver uns Trolls ao vivo... sim, eu vi o filme eu sei que são reais! também tens o bacalhau que presumo que seja mais barato e...

Julie - Vais dizer as gajas não vais?

Eu - São um pais civilizado e tal...

Julie- E mais?

Eu - E eu nunca vos perdoei as invasões Barbaras  do ano 300 d.c. e por isso...

Julie - mas isso não fomos nós!!

Eu - E achas que eu não sei???? mas posso acabar de contar o meu plano ou não?

Julie - força...

Eu - Portanto, como nunca perdoei a ofensa, pretendo viajar até à Noruega, atracar-me numa invasão à proxêmica das tuas amigas solteiras e das amigas das tuas amigas e das amigas delas todas também... empranhar tudo o que seja Norueguesa para daqui a umas gerações o meu Gene Macho Luso ter provocado o surgimento de uma maioria populacional Tuga e ...

Julie - Oh meu deus...

Eu - Não acabei...

Julie - Há mais?

Eu- Há o depois da conquista

Julie - Diz-me André, depois de conquistares a Noruega com a tua Jormungandr o que vem a seguir?

Eu - Achas que ia deixar a Suécia a rir-se? PORTUGAL!! PORTUGAL!!!


Nota -A casa do avô da Julie fica em Hjertøya a uns míseros 5 minutos de...


quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Save Room - John Legend

Está-me a irritar o facto de pela minha teimosia e determinação eu ter acumulados (demasiados) textos que nunca verão a luz do dia.

Pior do que foi escrito, é o que me ficou por escrever.

Mas... como não quero deixar em desespero, perdidos no vazio quem me lê e acompanha... todas as 2 pessoas a quem ler este blog é o ponto alto do seu dia...

Ficam com a música com que acordei - é a maravilha dos toques personalizados nos telemóveis.

O que também leva a que eu nunca atenda as chamadas quando gosto da música.





Nota- Como ninguém me respeita nem no que é meu, todos os meus toques de telemóveis foram escolhidos pela pessoa correspondente ao número.

Não, não foi o Bff a ligar, toda a gente sabe que o toque dele é aquela conhecida da Taylor Swi... dos Motorhead! a Ace of Spades!

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Metro 2033



A um porto Azul recomenda Vivamente o Livro Metro 2033 do autor de origem Russa Dmitry Glukhovsky.

Perdi conta das vezes que tive que parar de ler, respirar, ruminar o assunto e ir dar uma volta antes de retomar a leitura...

Isso e acender todas as luzes da casa à noite.

Ou assustar-me como uma princesa sensível com o barulho da minha cadela a andar pela casa.

Outro dos sintomas resultante da leitura do livro é uma súbita análise das capacidades de sobrevivência nas estações de metro em Lisboa.

E o final.. o final do livro...
 
Nota: Antes que alguém sugira que a melhor estação em Lisboa para sobreviver um Apocalipse Nuclear é a Baixa-chiado pela profundidade...

A Baixa-Chiado está apinhada de Hipsters e gajos do Bloco de Esquerda, entre uma coisa e outra... eu prefiro por ser mais saudável arriscar-me num Apocalipse Núclear.

A minha reacção favorita de uma das várias pessoas a quem emprestei o livro foi - Mas porquê que me estás a fazer isto????

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Aquele momento mágico...

Aquele momento mágico em que depois de 25 minutos às voltas à procura de um lugar... em que resignados estacionaram aceitando a derrota a 219322,54 km de distância de onde moram e vão a meter a chave na porta do vosso prédio quando ficam três lugares vagos na vossa rua... dois deles à sombra e um destes mesmo meeeeeeeeeesmo à frente da vossa porta de casa.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Oh... a Ironia



Ela - bom dia!

Eu - devia estar a dormir, nunca é bom dia...

Ela - fui ao teu blog...

Eu- E?

Ela -E tenho um vídeo para te mostrar...

Eu - Diz-me que não são gatinhos a espirrar...

...

Eu - Mas... eu é que te mostrei isto!

Ela - E no entanto tiveste o trabalho de escrever aquele texto todo...

E depois riu-se.
Bué.

Oh boneca...

Quis a fortuna e um comentário... um singelo e inocente comentário despoletasse uma reacção deveras extrapolada aqui na blogosfera.

Era uma situação normal até a pessoa em questão colocar um post com insinuações sobre a nobreza do meu caracter.

Posso ser uma besta mas não aceito que digam ou esperneiem sobre mim sem me conhecerem.
Principalmente quando o fazem de um modo tão infantil.

A situação é esta.

A madame em questão encontrou um telemóvel, ficou satisfeita porque quando perdeu o dela não o devolveram e achou por bem ficar com o que não era seu.

E questionei- é só lerem os comentários - o evento, não a pessoa.

Ela não gostou- é um dom que tenho, numa frase ou duas por gajas a destilarem-me alucinadas.

No fim insinua que eu faria o mesmo, e eu ok, tudo bem, não me conhece pois qualquer pessoa que o faça nunca aceitaria que dissessem algo desse género sobre mim.

Óbvio que duas pessoas com opiniões diversas (na porra de um blog foda-se!!) é uma situação intolerável e como é que eu me atrevi a pensar que ficaria por ali?

De seguida ela faz-me um post que só pode ser sobre mim- como na música... you're so vain...

E foi ai que dei um murro na mesa e disse basta! vou descarregar a fúria no meu blog!!

Eu fico naquela dúvida se vale a pena comentar quando se tornou notório que não é uma opinião sobre um evento que está em causa mas sim um problema de carácter...

Não aceitar opiniões contrárias à nossa (na porra de um blog foda-se!!) e fazer disso uma ofensa é estúpido, ridículo e pior do que tudo isso... é patético.

Podia questionar alguém que acha que se um pombo nos cagou na testa todos os pássaros são uma ameaça, se um Norueguês nos olhou de lado todos os outros são antipáticos, se nos ficaram com um telemóvel temos o direito de nos apropriar do que não é nosso só porque sim, porque os meninos maus...

Eh pá, não é problema meu, mas julgarem-me a mim... porque perguntei se o telemóvel estava desligado ou se não podia ter feito qualquer coisa para devolver o telemóvel...

Podia dizer e passo a citar:
"E eu riu-me da pessoa A, porque afinal de contas ela também não é nada frontal, e preferiu dizer mal da pessoa C, não na cara, mas sim num blogue."
Mas não vou...

Eu sei que não presto, sei que sou ruim e se não fossem as minhas piadas hilariante e personalidade carismática eu tava lixado e era um pobre coitado, infeliz neste mundo... quase tão mau como ser do Sporti...

Não, não vou espetar aqui todas as vezes- e foram muitas o que é estranho - em que encontrei carteiras, telemóveis, animais ou criancinhas e fiz questão de devolver o seu a seu dono.

(mas vou ver se não me esqueço de partilhar aqui aquela vez que estava em Buenos Aires com a "Flor" a beber Mate e encontrei a mala de uma Uruguaia...)

Foi a primeira vez que me dei ao trabalho de não ignorar uma situação destas em vários anos na blogosfera.
Tive stalkers, tive anónimos furiosos, tive ex's namoradas com comentários merdosos/inconvenientes, tive comentários que não gostei- e aceitei.

(Também já apanhei por cium...coisas que escrevi no blog - eu merecia.)

Para quem não se lembra disto - tenho a presunção de que toda a gente lê o blog desde 1946

Isto, esta pseudo discussão... na porra de um blog foda-se!! morre aqui.

O blog A um porto azul retomará as suas normais e lamentáveis actividades dentro de breves momentos.

Nota - Demorei uma vez e meia o tempo da música do John Legend Please Baby Don't a escrever o texto panisga acima e o dobro do tempo na dúvida se publicava...

Uma gaja a quem nunca chamei de boneca, nunca fiz uma piada machista e insinuei nada sobre as ancas, os ombros ou que lhe fazia coisas com a barba no pescoço ao pé das orelha tem a lata te me chamar mentiroso porque preciso de aceitação social assim do nada... nunca lhe perguntei o que tinha vestido debaixo dos jeans ou se precisava de ajuda a ligar o carro porque é mulher... dá-se ao luxo... acha-se no direito de vilipendiar o meu nome querendo ser mais do que todas as outras que me aturam com uma paciência do caraças só porque lhe apetece????

Com tantos nomes e coisas que me poderia chamar foi logo escolher o único defeito que não tenho e levo a mal que me acusem de ser.

A culpa disto tudo é do Uncharted 3 que NUNCA MAIS SAI!!!!!

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

No meu aniversário...

 O relato verídico que se segue sucedeu entre as 23h00 do dia 9 e as 01h00 do dia 10 de Outubro de 2011

 -

Eu estava de gravata, ela estava ao telemóvel.
Subia graciosa a rampa do metro de telheiras na minha direcção.
Ela sorriu e estragou-me o nó. Olhou-me fixamente e fiquei meio com medo, meio assustado mas de um modo bom...em zonas sensíveis do corpo.

Terminada a chamada puxou-me pela mão a reboque atrás de si.
Fomos fazer tempo para as esplanadas de telheiras.

E ela sorria.
Ela sorria e falava.
Sinceramente, ela não se calava um minuto!

Eu bebia o meu café aparvalhado.
Levei o polegar e o indicador a boca dela e obriguei-a a uns segundos de silêncio.

- Quem és tu e o que fizeste à...

Ela tirou-me a mão da boca, disse-me que estava apenas bem disposta...

Eu disse-lhe que era a terceira personalidade diferente que via nela no espaço de uma semana... a partir do momento que uma mulher começava a criar heterónimos ficava automaticamente qualificada com os requisitos mínimos para um dia vir a ser minha namorada.

(isto é tão verdade que sinceramente, não tem graça.)

(quer dizer, se não fosse comigo era hilariante...)

(mas como é... não tem.)

 (nenhuma)


Saímos da esplanada-  "para a direita não" digo-lhe pois estava desse lado uma gaja que conhecia a quem não queria falar, viro-me para a esquerda e ... merda, também conhecia uma gaja daquele lado e disse-lhe para não parar.

Faltavam 20 minutos para a meia noite, para o meu trigésimo aniversário.

(eu nasci oficialmente às 00h de dia 9 para dia 10, dai fazer questão de comemorar no momento certo)

Há meses que lhe requisitara a companhia nessa noite, nesse momento para mim importante.

Há meses que lhe assediava inconvenientemente o corpo... a boca, a paciência e a franja com piadas deploráveis, de baixo nível e simplesmente...

Lamentáveis.

(hey! tenho uma reputação a manter, eu nem quero...)

Entrámos no hall do prédio, eu chamei o elevador.

Ela ficou em silêncio pela primeira vez o que eu estranhei...

A porta abriu-se, ela indicou-me que entrasse primeiro.

Entrei, virei-me de frente para a porta, para a ver entrar e...

e...

Ela colocou a mão direita no meu peito... suave mas tensa e qualquer coisa começou a gritar dentro de mim- DANGER!!! DANGER!!

Ela empurrou-me com força para a parede, contra o vidro.

Encostou os lábios nos meus e entrou-me pela boca adentro.

Eu gritei desesperado...RAPE! RAPE! RAPE! RAPE!

Mas como tinha a boca ocupada não se ouviu - ou percebeu - o que eu em desespero gritava.

A porta abriu no meu piso, ela ajeitou a roupa e como se nada tivesse acontecido... de sorriso timido e inocente cumprimentou a sra dona minha Mãe.

Fez uma festa carinhosa na minha cadela.

Perguntou se havia bolo brigadeiro...

Perguntou porquê que não me sentava ao seu lado, deu-me um pacote de gomas

(eram tubarões já agora)

Desfez-se em sorrisos, que gaja tão simpática! tão querida! estranharam todos o porquê de não a levar lá a casa mais vezes...

Trouxeram o bolo.

Eu ainda estava com falhas na coordenação motora.

E na cabeça já agora.

Cantaram-me os parabéns.

Eu esqueço-me de apagar as velas, ela pergunta- hey! onde vais princesa? as velas??

A minha família ri.


E eu ali...

Molestado.


Nota 1- A primeira ironia da coisa é eu ter escrito isto

Nota 2 - A segunda ironia consiste no facto de meses antes do meu aniversário ter ido com a mesma simpática e formosa... muito "afável" senhora ver o filme Horrible Bosses.


quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Mas não posso fazer nada???

Hoje de manhã, sob o efeito de dois pacotes de bolachas belgas de chocolate, 3 horas de sono e uma bela de uma corrida na cidade universitária... tive a genial ideia de colocar esta imagem no cabeçalho do blog



E esta música a tocar de fundo





15 minutos depois toca-me o telemóvel para me comunicarem a revolta e indignação com a alteração - totalmente awesome do blog- e já tinha ziliões de janelas no msn a perguntar se me tinha parado o cérebro ou se andava a abusar nas pevides

25 minutos depois tinha uma fã do blog à porta de casa para me dar porrada

Um homem ainda argumenta: - Mas o blog é meu!

O que como podem ver... resultou tanto que voltei a por tudo na mesma.

Durante 35 minutos este blog foi badass com um travo a épico.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Aquele momento mágico...

...em que está uma Lady friend no vosso quarto, esponjada na vossa cama maravilhada com os blocos de desenho antigos que "acidentalmente" estavam à vista quando ela entrou no quarto,os livros "casualmente" no chão ao pé da cama e aqueles fantásticos quadros que pintaram pendurados na parede que levam qualquer mulher a suspirar um "porquê que ele não me pinta assim"...

...E vocês encontram umas Boxers usadas no chão ao pé da secretária, limpam o pó da Playstation com as mesmas e de seguida passam as boxers pelo nariz porque este estava a pingar antes de lhe perguntarem se já tem fome para irem almoçar...

Facto

Um homem para ser reconhecido como tal deverá provocar nos seus cães uma das duas seguintes reacções aquando a sua chegada:

- Abanar o rabo

- Fuga compulsiva.

O mesmo é valido para as suas mulheres.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Legendary



Demora dois minutos a aquecer...
Mas a partir dai é simplesmente fantástico.

Faxavor de ver até ao fim.

Nota- se alguém me conseguir explicar como é que ele faz a levitação do copo agradecia...

domingo, 9 de outubro de 2011

Armadilha

Ela teima e insiste veemente na importância urgente de lhe mostrar como fico de gravata.

Inocente - e um bocado burro- assisto ao seu pedido, apaziguando-lhe a curiosidade.



Eu não me lembrei do evento, uma mulher nunca esquece.

Ela pergunta-me o que tenho na lente, diz-me para me aproximar e...

Faz-me um Print Screen da sobrancelha.




Ninguém me respeita.

Censura, Porque também é preciso II

E pronto, era suposto estar aqui um texto que apaguei.

Como faço anos amanhã fica a dica caso ainda não tenham comprado a minha prenda



Yep, quero um passaralho king size para o chamar de Pantufinha, ou Zukanino.

Já que o ano passado não me deram a Mia Kirshner como eu pedi...

Quer dizer, deram-me uma foto dela numa moldura... não é bem o que eu queria.


(O blog A um porto azul orgulha-se de não perder uma oportunidade de publicar aqui uma foto da Mia só porque sim)

Eu ponho a culpa da minha momentânea paralisia cerebral na falta de sono.

Nota - se não for a Mia ou o Pantufinha... o barco dos piratas da lego, eu mereço porra!

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Comunicado

A direcção do Blog A um porto azul vem por este meio comunicar a todos os leitores e interessados que a operação "fazer a barba " decorreu sem incidentes ou ocorrência de lesões capilares sendo por isso considerada um estrondoso sucesso no qual todas as partes envolvidas estão de parabéns.

Com os melhores cumprimentos.

André de Sousa Real

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Uma questão de segurança

Ela beija-me o rosto, abraça-me com força.
Agradece-me eu estar ali.
Diz-me que a faço sentir segura.
Desliza os seus dedos pelo meu peito, remexe-me na penugem.
Pergunta-me se quero jantar em sua casa, ficar com ela um pouco mais...
Pergunta-me se estou feliz por estar ali
Pergunta-me o que me faz sentir seguro

Eu respondo sincero:

- Rolando e o Otamendi que o Maicon é para esquecer.

Não percebi




Não percebi o video, já o vi para cima de 53 vezes e só sei que é qualquer coisa sobre Rugby...

Acho eu...

Vou ter que ver outra vez.

sábado, 1 de outubro de 2011

Hipster com bigode.

Subia em direcção do Largo Camões acabado de papar um belo de um gelado na Santini quando levo um encontrão de um Hipster.

Com um sorriso no rosto - finalmente uma desculpa e oportunidade de enfiar o punho no céu da boca de um Hipster em público sem parecer maldade ou mau feitio da minha parte -  largo a lady friend que me acompanha e viro-me para a criatura lançado para lhe dar um banano nos dentes quando a Lady friend me segura pelo braço e diz:

- Onde é que tu vais? estúpida da gaja!

- Estúpida? pera, qual gaja?

- A que te deu o encontrão...

- Era um gajo pá! tinha bigode!

- Era nada- diz e aponta para a... "coisa" que se afastava aproveitando a minha confusão - aquilo é uma gaja!

- Porra - respondo desanimado - mas... o bigode... tinha um bigode!!!!

E na confusão a oportunidade passou.


Nota- Fico sinceramente assustado com a minha reacção de ir feliz e contente bater num Hipster sem hesitação ou meio segundo de reflexão sobre o assunto, mesmo que esta minha preocupação seja digamos... irónica e underground...

Vocês provavelmente nunca ouviram falar...

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Sexting

Nada como estar empolgado no Sexting com uma Lady friend e no auge da conversa a TMN avisar que temos uma semana para carregar o telemóvel.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Et Voilá!!

Abro a porta de casa e antes que tivesse tempo de lhe perguntar quem é que lhe tinha aberto a porta da rua... ela tem o descaramento, a lata e a maldade (pura) de apontar o dedo e rir-se na minha cara da malfadada sobrancelha.

- Ok, sorry, desculpa... vamos fazer isto outra vez? - diz-me e volta a sair pela porta de minha casa. Respira fundo, passa a mão diante da cara de cima para baixo e diz-me sem se rir- vim salvar-te André, I'll be the light in your eyes...

E volta a rir na minha cara como o ser cruel e maldoso... enfim, como mulher que é.

- Não resisti em vir cá ver a tua obra prima... é o que dá meteres essas coisas no blog... - Subitamente pára e foi-se o sorriso, vira o meu rosto que beijara para si com a mão e pergunta- diz-me que sou a primeira que vê a tua sobrancelha...

Empurra-me em triunfo depois de lhe dizer que sim.
Invade-me a casa com o cabelo e perfume, sem me perguntar ou pedir apropia-se do meu espaço, do meu território.




Vencido e arrebatado com a sua presença e ... decote.
Fico sem reacção no hall, fico prostrado comtemplando-lhe o caminhar...

Oh madame...

- Atão? vais ficar ai ou vamos resolver a merda que fizeste à sobrancelha?

Atrevo-me a pensar que não está assim tão mau...
Fito-me no espelho do hall e...




(Ca granda exagero, mas adiante)

Entro no meu quarto.
Ela aguarda-me de pé, braços cruzados e um sorriso cabra no rosto.

- Senta-te na cama e tira a camisa.

- Tiro a camisa?

- Uma mulher tem que tentar...

Digo-lhe que não é uma boa ideia, não só insinuar-se com a piada como estarmos ambos no mesmo quarto., ela de vestido e eu com todo o meu sex-apeal, tão grande e tão tamanho que até eu fico tentado quando me vejo ao espelho.

Ela volta a rir-se descaradamente da falha na sobrancelha e vai-me o sex-apeal todo com o badagaio.

- Qual é o teu plano? - pergunto-lhe para lhe cortar a gargalhada.

Sem efeito, ela continua a rir sem me responder.
Ela abre a mala e aponta para a cama, para me sentar.
Eu obedeço, emasculado demais para espingardar uma tirada sarcástica ou tentar uma das minhas sempre geniais piadas.
Obedeço resignado.

Sento-me.

E vejo-a com uma pinça nas mãos.

Levanto-me em semi-pânico

- Hey... HEY! HEEEYYY!!! o quê que tu vais fazer com isso??

- Resolver a merda que tu fizeste minha criatura retardada... agora vê se te comportas como um homem e não gritas como uma menina...
quer dizer...
por outro lado até quero que grites um pouco...

Ela empurra-me para a cama com a mão, dominadora.



Estou assustado.

Ela tira-me suave e delicada os óculos do rosto.

Ri-se outra vez.

- És tão estúpido André...foda-se!! tens quase 30 anos! e és tão puto...

- Tens é inveja!

-Eu? eu tenho as sobrancelhas simétricas meu idiota!!!


Sentou-se ao meu colo, uma perna para cada lado, despejando o peso do corpo sobre mim.
Demorou-se com requinte e malvadez em cada pelo.
Riu-se do meu sofrimento atroz, do desespero de um homem em dor e agonia...

... não pela dor física em si mas por me sentir tão estúpido... tão idiota.

Tão... um puto que fez merda e agora está com vergonha porque foi apanhado.

Mas depois olho para o que tenho em frente... digamos... a vista.

(tou mesmo a falar do decote dela)


E tudo parece um pouco melhor, um mundo melhor.
Tenho daqueles momentos estúpidos - hey, tinha-a sentada de vestido ao meu colo, isso afecta o discernimento! -  em que uma pessoa pensa que vai correr tudo bem.

Iludido, inocente e manietado pelo charme e gesto generoso de se oferecer a resolver o meu dramático problema capilar disolvo-me no seu cheiro, na sua presença sobre mim.


Porra mulher, tens que cheirar assim tão bem?


Partilho o pensamento, elogio-lhe o cheiro.


Ela sorri.
Oh se sorri...
Ela responde...
Oh se responde


 -acho que é a altura de... entrarmos em negociações...


Vejo-a colocar o cabelo para trás da orelha, vejo-lhe a mão aterrar suave sobre o meu peito.

Por instantes, talvez por estar sem óculos... ela parece-me um anjo de ternura ao meu colo.



- Negociar? não estou a perceber... - pergunto-lhe enquanto faço o que se pode resumir numa patética tentativa de fazer olhos de bambi


- André... oh André... - diz-me desapontada. Aproxima-se de mim e beija-me no rosto, sinto-lhe o corpo o cheiro e nas mãos a curva das costas...


Sinto-lhe os lábios na minha pele ao tocarem subtilmente na minha face enquanto se encaminham para o meu ouvido.


Sinto-a respirar quente.


E então...


Ela diz.


Não pede, afirma.


Afasta-se e sorri, cabra.


- Estamos conversados sim?


Como se eu tivesse hipótese de lhe dizer que não.


Ela puxa de um lado e depois do outro, dá-se por satisfeita.

Hoje posso sair à rua com as sobrancelhas quase simétricas - porque há uma falha que ainda se nota se eu apontar.

Vendi a alma ao Demo.


Ah, e antes que me esqueça...



Descobrir pelos comentários no blog o gozo que deu a situação, o meu sofrimento a todos vós...

Eu pensei.. pensei que.. que... gostavam de mim!